José Plácido de Castro, militar e agrimensor, grande herói da Revolução Acriana, liderou exército de 30 mil homens e chegou a proclamar a independência do Acre

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A vida do gaúcho que conquistou o Acre

 

 

Túmulo de Plácido de Castro no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre.
(Fonte: Wikimedia Commons)

José Plácido de Castro, que nasceu em São Gabriel, foi o primeiro governador do Estado mais a oeste do Brasil

 

 

José Plácido de Castro (São Gabriel, 9 de setembro de 1873 – Seringal Benfica, 11 de agosto de 1908), militar e agrimensor, grande herói da Revolução Acriana, liderou exército de 30 mil homens e chegou a proclamar a independência do Acre.

 

 

 

Natural de São Gabriel, José Plácido de Castro deixou o Exército e foi para Manaus no final do século 19. Embora um tratado de 1867 garantisse aos bolivianos a posse do Acre, mais de 50 mil seringueiros brasileiros já estavam instalados ali.

 

 

A Bolívia, de olho no lucro proveniente de extração da borracha, decide ocupar a região. Após diversos confrontos, em 1901 o governo boliviano transferiu a uma multinacional – a Bolivian Syndicate Co. – o direito à exploração da borracha. A empresa montou então uma missão policial para expulsar os brasileiros de seu território.

 

 

Entre 1902 e 1903, liderados por Plácido de Castro e financiados por amazonenses, um exército de cerca de 30 mil homens ocupou o Acre. O jovem líder revolucionário, aos 27 anos, proclamou o Estado Independente do Acre. O governo brasileiro interveio então na questão e, em troca do território, pagou à Bolívia 2 milhões de libras esterlinas – algo equivalente hoje a pouco menos de US$ 1 bilhão -, além de prometer a construção de ferrovia Madeira-Mamoré.

 

 

 

José Plácido de Castro era filho do capitão Prudente da Fonseca Castro, que foi um veterano das campanhas dos rios Uruguai e Paraguai, e de dona Zeferina de Oliveira Castro. Plácido nasceu em São Gabriel, em 9 de setembro de 1873. Recebeu, no batismo, o nome do avô, José Plácido de Castro, major paulista que, após combater na Campanha Cisplatina, trocou o chão paulista pelo do Rio Grande do Sul. Aos 16 anos, ingressou na vida militar, chegando a 2º sargento do 1º Regimento de Artilharia de Campanha, mais conhecido como “Boi de Botas”.

 

 

Quando foi deflagrada a Revolução Federalista, Plácido encontrava-se na Escola Militar, em Porto Alegre, o velho Casarão da Várzea. Na revolução, Plácido lutou ao lado dos maragatos, chegando ao posto de major. Com a derrota para os pica-paus, que defendiam o governo Floriano Peixoto, o jovem decidiu abandonar a carreira militar e não aceitou a anistia. Mudou-se para o Rio de Janeiro, de onde se formou em Agronomia e partiu, em 1899, para o Acre. Lá, existia uma questão de limite territorial com a Bolívia. Por um tratado, o Acre pertencia à Bolívia. Porém, com o ciclo da borracha, muitos brasileiros se fixaram na região.

 

 

Por causa disso, houve um impasse entre os países pelo território. A Bolívia alegava que os brasileiros invadiram uma região que era dela, e o Brasil não reconhecia que a região fosse boliviana. Os brasileiros ali estabelecidos, vindos de vários pontos do Brasil, não aceitavam a situação e proclamaram, em 1899, o Estado Independente do Acre (República do Acre), dando a presidência ao espanhol Luis Gálves Rodrigues de Arias. Sabendo disso, o governo brasileiro enviou tropas para dissolver a República do Acre e depor Luis Gálves.

A Bolívia organizou, então, uma missão militar para ocupar a região. Ao chegar a Porto Acre (hoje Rio Branco), foram impedidos pelos seringueiros brasileiros de continuar seu deslocamento. Embora apoiasse a causa revolucionária, Plácido não participou da expedição, antevendo seu fracasso. E, realmente, foi o que aconteceu. O Estado Independente foi derrotado pelas tropas bolivianas. Plácido de Castro estava demarcando o seringal Victória quando soube de um acordo entre a Bolívia, e os Estados Unidos, que garantia o emprego militar americano para manter a posse da Bolívia e viu uma ameaça à integridade do Brasil.
Enquanto os brasileiros convocavam combatentes, o governo boliviano enviou um contingente de 400 homens, comandados por Rosendo Rojas. Plácido, com apenas 60 homens, enfrentou a tropa, no seringal Empreza, saindo vencedor. Depois, ainda venceu guarnições bolivianas em Puerto Alonso. O presidente boliviano, general José Manuel Pando, decidiu, então, acabar com a revolta e, no comando das tropas, foi ao ataque contra os homens de Plácido, sem sucesso. Plácido, que na época tinha 27 anos, liderou uma força revolucionária contando com 30 mil homens, vencendo as tropas bolivianas, que tinham 100 mil homens, e proclamando, pela terceira vez, o Estado Independente do Acre, tornando-se presidente do novo país.
Em 1903, por meio do Tratado de Petrópolis, o Acre foi anexado definitivamente ao Brasil e o Estado Independente acabou dissolvido. Em 1906, Plácido foi nomeado governador do Território do Acre. Em 9 de agosto de 1908, ele se dirigia à sua propriedade, ao lado de seu irmão Genesco de Castro, quando foi ferido em uma emboscada. No dia 11, ardendo em febre, pouco antes de morrer, implorou ao irmão: “Logo que puderes, retira daqui os meus ossos, esta terra não merece meus ossos, leva-os para nossa terra natal”.
O herói rio-grandense foi covardemente trucidado, por mais de uma dezena de jagunços, aos 35 anos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Em seu túmulo, a família fez questão de deixar gravado, um a um, os nomes e sobrenomes dos 14 carrascos. Em 1973, centenário de seu nascimento, foi inaugurado, na Praça Nações Unidas, na Capital, um busto em sua homenagem. Em 1987, o Comando de Fronteira do Acre – 4º Batalhão de Infantaria de Selva, com sede em Rio Branco, recebeu a denominação histórica de Batalhão Plácido de Castro. Hoje, na praça principal de Rio Branco, existe uma estátua em bronze do herói gaúcho.
(Fonte: Zero Hora – ANO 42 – N° 14.870 – 14 DE MAIO DE 2006 – Crise Brasil/Bolívia / Reportagem Especial / Por Fábio SCHAFFNER e MARCELO FLEUY – Pág: 4/9)

(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.406 – 23 de MAIO de 2019 – ALMANAQUE GAÚCHO / Por RICARDO CHAVES – LÍDER DE REVOLUÇÃO)

Colaboração de Luiz Carlos Mello

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