Jonas Savimbi, líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)

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Considerado, por alguns, como herói, para outros, Jonas Savimbi não passou de um vilão. A figura de Savimbi foi sempre controversa antes mesmo da criação do seu movimento, a UNITA, em 1966. A sua passagem pela Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o terceiro e mais antigo movimento de libertação de Angola, e a posterior tentativa de filiar-se ao MPLA foram igualmente assombradas por desconfianças e lutas de poder.

 

Jonas Savimbi, líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)

Jonas Savimbi, líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)

Jonas Malheiro Savimbi (Munhango, Bié, 3 de agosto de 1934 – Lucusse, Moxico, 22 de fevereiro de 2002)líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)

Fundada por Jonas Savimbi e António da Costa Fernandes no ano de 1966, a UNITA contava inicialmente com o apoio da República Popular da China. Mais tarde reposicionou-se durante a Guerra Fria como aliado dos Estados Unidos da América e do regime do “Apartheid” da África do Sul na luta contra o Governo do MPLA de orientação marxista-leninista.

Jonas Savimbi é um dos símbolos da luta de libertação nacional e será sempre uma figura histórica e incontornável no passivo de Angola.

Delegação da UNITA com Jonas Savimbi (no centro) durante as negociações com o Governo de Portugal para o Acordo do Alvor, que quis preparar Angola para a independência em 1975

Delegação da UNITA com Jonas Savimbi (no centro) durante as negociações com o Governo de Portugal para o Acordo do Alvor, que quis preparar Angola para a independência em 1975

Biografia de Jonas Savimbi

Jonas Malheiro Savimbi nasceu e cresceu na província do Bié, em agosto de 1934.

A maior parte da vida adulta do líder da UNITA foi passada como líder da guerrilha.

Fluente em português, inglês e francês, Savimbi costumava reservar estas línguas para quando falava com os seus opositores políticos, diplomatas ou jornalistas. No dia-a-dia, Savimbi usava o dialeto Ovimbundu para se exprimir.

A UNITA-Movimento do Galo Negro foi supostamente criada por Savimbi em 1966, para combater o colonialismo português. Os seus “inimigos” argumentam, no entanto, que Savimbi era, ao contrário, um delator para o Governo português, que informava dos movimentos dos rebeldes na ex-colônia.

O líder da UNITA podia ter chegado ao poder, com o fim do colonialismo, tendo-lhe sido proposta uma partilha do poder no governo de transição com a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). 

Apesar do apoio da África do Sul e dos EUA, a UNITA mostrou-se incapaz de combater contra a capacidade das tropas cubanas e soviéticas, que apoiavam o MPLA. 

Antes um maoísta declarado, Savimbi foi caracterizado pelo ex-Presidente dos EUA Ronald Reagan como um lutador pela liberdade e contra o comunismo, que merecia o apoio norte-americano.

Em 1992, Savimbi concorreu a eleições e assinou um acordo de paz com o Governo de Angola. Os resultados deram-lhe a derrota e a situação ficou descontrolada. O líder da UNITA retirou-se para a cidade de Huambo e optou pelo caminho da guerra civil, que causou a morte a milhares de pessoas. 

George Herbert Bush, Presidente dos EUA de 1989 a 1993, recebeu Jonas Savimbi na Casa Branca em Washington

George Herbert Bush, Presidente dos EUA de 1989 a 1993, recebeu Jonas Savimbi na Casa Branca em Washington



E nem quando perdeu o apoio internacional — as Nações Unidas impuseram embargos de petróleo e armas à UNITA e o ex-Presidente dos EUA Bill Clinton reconheceu formalmente o Govenro de Angola — Savimbi voltou atrás, estabelecendo Huambo como a sua capital e deixando claro aos jornalistas com quem falava que o movimento que liderava pretendia a paz.

Em 1994, a UNITA assinou os acordos de paz de Lusaca, depois de meses de negociações, e aceitou desmobilizar as suas forças, com o objectivo de conseguir a reconciliação nacional. O processo de paz prolongou-se durante quatro anos, marcado por acusações e adiamentos. A vice-presidência de Angola chegou a ser-lhe oferecida, bem como casa em Luanda, mas Savimbi continuou no Bié.

 

Um dos momentos históricos de Angola: assinatura do Acordo de Lusaka, que tentou alcançar a paz em 1994 (da esquerda: José Eduardo dos Santos - Presidente de Angola, Frederick Chiluba - Presidente da Zâmbia e Jonas Savimbi - Presidente da UNITA)

Um dos momentos históricos de Angola: assinatura do Acordo de Lusaka, que tentou alcançar a paz em 1994 (da esquerda: José Eduardo dos Santos – Presidente de Angola, Frederick Chiluba – Presidente da Zâmbia e Jonas Savimbi – Presidente da UNITA)

 

O líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) morreu em combate nas matas do Moxico, no leste do país, a 22 de fevereiro de 2002. As forças governamentais mataram Savimbi numa operação militar denominada “Kissonda”.

A morte de Jonas Savimbi significou para Angola o fim da guerra fratricida de cerca de 30 anos, que começara em 1961 ainda durante a luta contra o colonialismo português. Trouxe também um futuro difícil e incerto para a UNITA, um movimento que já chegou a ocupar cerca de 70 por cento do território angolano.

O Governo angolano anunciou, em comunicado lido na Rádio Nacional de Angola, a morte de Jonas Savimbi, o líder da UNITA. A informação carece ainda de confirmação de fonte independente.

Jonas Malheiro Savimbi terá sido abatido na província do Moxico (Leste de Angola), durante uma operação das Forças Armadas Angolanas, que resultou ainda na morte de outros elementos da UNITA. De acordo com o texto, a operação terá sido desencadeada às 14h00, hora de Lisboa, contra uma coluna do movimento em que alegadamente seguiria Savimbi.

No comunicado, o Governo angolano admite decretar um cessar-fogo definitivo, fazendo depender esta hipótese das reações da UNITA à morte do seu líder. O comunicado governamental seguiu-se a uma nota do Estado-Maior das FAA, que noticiava igualmente a morte do líder do movimento do Galo Negro.

“Não nos vamos pronunciar sobre isso. Vamos aguardar”, afirmou ao PÚBLICO uma fonte da UNITA, que pediu para não ser identificada, sublinhando que esta é a posição oficial do movimento. “O Governo angolano anunciou muitas vezes a morte e a prisão do doutor Jonas Savimbi. Ainda ontem entramos em contacto com a direção e estava tudo bem”, afirmou a mesma fonte. “O MPLA é hábil ‘em matar’ e ‘enterrar’ o presidente Jonas Savimbi”, acrescentou.

No início do mês de Janeiro, um comunicado das FAA anunciava a morte de Alcides Sakala, responsável pelas Relações Exteriores da UNITA, e a detenção de Paulo Lukamba Gato, secretário-geral do movimento, numa ação contra uma coluna militar, igualmente na província do Moxico. Esta informação seria categoricamente negada pela direção da UNITA.

O porta-voz da Presidência angolana, Aldemiro da Conceição, acrescentou, em declarações à TSF, que o corpo está na posse das FAA e vai ser mostrado nas próximas horas.

Para já, o Presidente da República e o Governo português escusaram-se a comentar a notícia. O embaixador português em Luanda afirmou não ter sido contactado pessoalmente por qualquer responsável angolano, referindo ter apenas conhecimento da notícia através dos comunicados oficiais. Fernando Neves afirma que em Luanda foram ouvidos vários tiros de regozijo, mas que o ambiente permanece calmo.

(Fonte: https://www.publico.pt/mundo/noticia – MUNDO – NOTICIA – 22/02/2002)

(Fonte: http://www.publico.pt/destaque/jornal – ALEXANDRA LUCAS COELHO – 24/02/2002)

(Fonte: http://www.dw.com/pt – PROGRAMAS – CONTRASTE – 22.02.2014)

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