Joan Clarke, a grande mulher por trás de Alan Turing

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"O Jogo da Imitação", de Morten Tyldum, que conta a incrível trajetória de Alan Turing

“O Jogo da Imitação”, de Morten Tyldum, que conta a incrível trajetória de Alan Turing

Joan Clarke, a grande mulher por trás de Alan Turing

Estreou no Brasil, no dia 29 de janeiro, o filme “O Jogo da Imitação”, de Morten Tyldum, que conta a incrível trajetória de Alan Turing, um matemático inglês conhecido por quebrar códigos de mensagens secretas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Na época, cientistas trabalharam para os Aliados (EUA, Reino Unido e União Soviética) na tentativa de decodificar as máquinas Enigma, uma espécie de bisavó dos sistemas de criptografia modernos.

O papel de Turing no desenvolvimento da ciência da computação é incontestável, bem como toda a sua influência na formalização do conceito de algoritmo, um termo bastante popular nos dias de hoje graças à internet e aos seus incríveis sistemas de busca e sugestão de conteúdo (Habemus Google). Mas o que o filme mostra — e que pouquíssimos sabem — é que por trás de Turing existia uma mulher: Joan Clarke.

Turin morreu cedo. Gay assumido, foi processado criminalmente por ser homossexual e teve de escolher entre a castração química ou a prisão. Optou pela primeira opção e se suicidou, em 1952, pouco antes de completar 42 anos. Joan acompanhou todo o drama do matemático bem de perto. Amiga, confidente e ex-noiva de Turing, ela foi uma das mentes brilhantes responsáveis pela quebra das mensagens secretas nazistas. Pena nunca ter levado os créditos por contribuir de maneira bastante ativa no que pode ter dado fim à Segunda Guerra. Na tecnologia, infelizmente, as mulheres atuam de “maneira discreta”, nunca como protagonistas e sempre como figurantes — um retrato do sexismo que lamentavelmente ainda está presente nas startups e nas grandes companhias cuja cerne é inovação.

Joan foi a única mulher a trabalhar no projeto de decodificação das máquinas Enigma ao lado de Turing. Estudou na Universidade de Cambridge e foi recrutada por um coordenador da instituição para entrar na Government Code and Cypher School (GCCS). Se dedicou à matemática, ganhou destaque acadêmico mas mesmo assim recebia menos do que seus colegas homens: 2 libras por semana. Depois de passar alguns dias trabalhando isolada no projeto Enigma, finalmente ganhou uma mesa ao lado de Turing e outros cientistas da época.

Foi nesse período que as duas mentes brilhantes, Joan e Turing, descobriram coisas em comum e ficaram próximos. O matemático, apesar da homossexualidade, pediu Joan em casamento, mas diante das circunstância, é claro, o noivado não foi adiante. Continuaram melhores amigos até a morte do cientista. Louvavelmente, Turing foi reconhecido como uma das personalidades mais importantes do mundo da tecnologia apesar de todo preconceito que sofreu na década de 1950. Por outro lado, como outras mulheres poderoras, Joan “apenas” foi esquecida pela história.

“O Jogo da Imitação” não muda o passado e nem faz de Joan um nome para ser recordado por gerações futuras, mas explora dois assuntos muito contemporâneos: o poder das minorias e a amizade genuína entre duas pessoas indiferente de gênero e opção sexual. Não à toa, “O Jogo da Imitação” é um dos indicados ao Globo de Ouro de 2015. Clap, clap para Benedict Cumberbatch e Keira Knightley, que vivem Turing e Joan, respectivamente, na ficção.

(Fonte: http://www.brasilpost.com.br –  – 06/01/2015)

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