Jean-Paul Belmondo, ícone da Nouvelle Vague, foi uma das maiores estrelas do cinema francês, participou de mais de 80 filmes, como “Acossado”, de Jean-Luc Godard, ou “Le Guignolo”, de Georges Lautner

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Jean-Paul Belmondo, estrela de ‘O Acossado’ e ícone da Nouvelle Vague

 

Belmondo ficou conhecido por filmes como “O Acossado” (1960) e “O Demônio das Onze Horas” (1965), ambos dirigidos por Jean-Luc Godard.

 

 

Jean-Paul Belmondo, foi um ícone da modernidade surgida com a Nouvelle Vague, filmou com grandes cineastas como Godard, Truffaut e Chabrol, e triunfou entre o grande público com sua imagem de atrevimento. (Foto: ANGELI-RINDOFF / BESTIMAGE / Daily Hind News)

Jean-Paul Belmondo foi um mito do cinema, como Brando ou Grant

Não exatamente belo, mas sedutor, galã encarnou o novo jeito de interpretar da nouvelle vague

 

Jean-Paul Belmondo (Neuilly-sur-Seine, 9 de abril de 1933 – Paris, 6 de setembro de 2021), ator francês, foi uma das maiores estrelas do cinema francês, conhecido pela atuação nos filmes clássicos Acossado e O Demônio das Onze Horas, ambos dirigidos por Godard. Ao longo de sua carreira, ele também foi produtor e estrela de teatro. Em 2011, ele recebeu o Palma de Honra, no Festival de Cannes, um dos festivais mais importantes do mundo do cinema. Já em 2017, recebeu uma homenagem na premiação Cesar, o Oscar do cinema francês.

 

Se alguém pode, sem medo de erro, ser chamado de estrela, Jean-Paul Belmondo certamente é uma destas pessoas. Belmondo participou de mais de 80 filmes ao longo de sua carreira, como “Acossado”, de Jean-Luc Godard, ou “Le Guignolo”, de Georges Lautner, no qual sobrevoa Veneza pendurado em um helicóptero.

 

Astro da Nouvelle Vague francesa, um dos mais importantes movimentos da história do cinema, Belmondo ficou conhecido por filmes como “O Acossado” (1960) e “O Demônio das Onze Horas” (1965), ambos dirigidos por Jean-Luc Godard. Outro grande filme estrelado por Belmondo foi “O Homem do Rio” (1964).

 

Depois de construir uma carreira inconteste no cinema francês, principalmente interpretando homens frios e sisudos, mas que encantavam o público, Belmondo teve uma virada na carreira de ator. Passou a atuar em filmes mais populares. Sem dúvida, foi um dos grandes atores da história do cinema mundial. “Nenhum ator desde James Dean inspirou tamanho sentimento de identificação com público”, escreveu o crítico Eugene Archer no New York Times em 1965.

O Acossado

Belmondo tinha 28 anos e o diretor Jean-Luc Godard 26 quando os dois trabalharam em “O Acossado”. No longa, o primeiro de Godard, o diretor filmava Belmondo sem um roteiro pré-determinado, segurando a câmera na mão durante boa parte do tempo, e com baixo orçamento. Com esta receita e seguindo a orientação de atuação improvisada, Belmondo entregou ao mundo Michel Poiccard, um dos anti-heróis mais queridos da história do cinema. Não fosse o suficiente, “O Acossado” foi um dos primeiros e mais influentes filmes do movimento “Nouvelle Vague”.

 

O que foi a Nouvelle Vague

Nouvelle Vague (Nova Onda, em tradução livre) foi um dos mais importantes movimentos da história do cinema. Marcado pela juventude e transgressão às regras pré-estabelecidas, baixo orçamento e atuação improvisada, o movimento que começou no fim dos anos 1950 transformou o cinema francês e mundial. Além de “Acossado” e “O Demônio das Onze Horas”, estão entre os grandes filmes produzidos pela Nouvelle Vague “Hiroshima, Meu Amor” (1959), “Cléo das 5 às 7” (1962), “Jules e Jim” (1962) e “Bande à Part” (1964).

 

 

Jean-Paul Belmondo em foto de janeiro de 1973 — (Foto: AFP/Arquivo)

 

 

Vida pregressa

Belmondo nasceu em 9 de abril de 1933, em Neuilly-sur-Seine, filho do renomado escultor Paul Belmondo e da pintora Sarah Rainaud-Richard. Apesar de sua formação culta, ele parecia mais atraído pelo mundo dos esportes do que pelas artes e chegou a ser um grande boxeador em sua juventude.

Depois que descobriu a atuação, foram necessárias três tentativas até que o Conservatório de Paris concordasse, em 1952, em aceitá-lo como estudante. Mesmo assim, não foi uma passagem tranquila, e Belmondo desistiu irritado em 1956 após a má recepção de um júri do conservatório sobre uma de suas apresentações. Um de seus professores disse na época: “O sr. Belmondo nunca terá sucesso com sua cara de desordeiro”. A resposta de Belmondo foi um gesto obsceno.

 

Foi passeando por Paris, no verão de 1958, que se deu o encontro entre Jean-Luc Godard e Jean-Paul Belmondo. Não demorou para o cineasta convidar o ator para o principal papel masculino do curta “Charlotte et Son Jules”, que estava preparando. E para concluir, logo depois que aquele era o ator ideal para fazer Michel, o protagonista de “Acossado”.

 

Não muito depois, Belmondo irromperia para o mundo na pele de Michel, o malandro – justamente – de “Acossado”, o filme que também revelaria Godard ao mundo como o grande iconoclasta do cinema.

 

E “Acossado” era tudo de que Belmondo precisava para se estabelecer como o galã por excelência daqueles tempos: não exatamente belo, mas tremendamente ágil física e espiritualmente, rebelde tendendo para o durão, ao mesmo tempo sedutor e inteligente. Ali, Belmondo exercitava, já, as lições do Conservatório National que frequentara.

 

Logo seria convidado para filmar “Duas Mulheres”, de 1960, com Vittorio de Sica. Mas, ao contrário de um Alain Delon, a Itália não seria um destino para Belmondo – os dois países faziam inúmeras coproduções na época.

 

Em contrapartida, tudo na França parecia dar certo para ele. Primeiro, foi a associação com Jean-Pierre Melville. Não deixa de ser estranho vê-lo em “Léon Morin – O Padre”, de 1961, fazendo o papel de ninguém menos que Léon Morin. A ação se passa durante a Segunda Guerra, com a França ocupada, e que Morin trabalha para a Resistência.

 

Mais à vontade ele se mostraria em “Técnica de um Delator”, de 1962, o filme seguinte de Melville. Era um verdadeiro filme de gângster, onde o lado selvagem de Belmondo podia se manifestar plenamente.

 

Em 1965 chegaria o que foi, talvez, a melhor interpretação de sua vida, como o Ferdinand de “O Demônio das Onze Horas”. Ali, começa como o marido inconformista de uma mulher ricaça antes de fugir com Anna Karina para uma aventura onde fuga, poesia, política se encontram e se misturam. Bastariam esses dois papéis para que se tornasse um ícone absoluto da nouvelle vague.

 

Belmondo era o símbolo por excelência desse novo ator. Houve outros, como Jean-Pierre Léaud, mas os tipos eram bem diferentes.

 

Assim também, “A Sereia do Mississipi”, de 1969, marcaria o encontro de Belmondo com outra atriz representativa desse momento de renovação: Catherine Deneuve (Jeanne Moreau e a própria Anna Karina são outros nomes marcantes que emergiram com o movimento).

 

O filme não resultou no que se esperava do encontro Belmondo-Deneuve-Truffaut, é verdade. E a nouvelle vague a rigor tinha acabado em maio de 1968. Belmondo deveria seguir daí por diante outro caminho. Mais precisamente, o de um cinema mais comercial, menos ambicioso, embora digno.

 

Essa nova etapa começa com “Borsalino”, de Jacques Deray, de 1970, que nos remete ao gangsterismo dos anos 1930 e põe lado a lado Belmomdo e Delon. Então, vamos desde já relativizar o “menos ambicioso”. Não cabe, pelo menos, num filme escrito por Jean-Claude Carrière, dirigido por Deray e que, afinal, esteve no Festival de Berlim.

 

Mas, sim, abre uma série de trabalhos com diretores medianos do cinema francês, como Philippe Labro, Henri Verneuil (1920–2002), Claude Zidi. No meio, ele aparece com alguns nomes de prestígio maior, como Claude Chabrol (“Armadilha para um Lobo”) ou Alain Resnais (“Staviski”), mas desde os anos 1970 o que conta essencialmente é o valor comercial do nome Belmondo e, sobretudo, a persistência do tipo que surgiu em “Acossado”.

 

Se Belmondo permaneceu durante décadas como um valor comercial intocável – seu nome sempre suscitava boas bilheterias-, o reconhecimento em prêmios foi bem menos generoso. Um César, o Oscar francês, de melhor ator por “Itinerário de um Aventureiro”, de 1988, de Claude Lelouch, talvez tenha sido o principal que recebeu até 2011, quando o Festival de Cannes, lhe outorgou uma Palma de Ouro honorária.

 

A essa altura, é verdade, sua carreira já estava na prática encerrada. Não inteiramente, já que Bertrand Blier o incluiria em 2019 em seu “Les Acteurs”, os atores. Então, Belmondo já era um mito do cinema mundial, como Brando, Cary Grant ou James Dean. Uma reputação que ninguém dirá imerecida.

O ator francês faleceu aos 88 anos em 6 de setembro de 2021, em casa, em Paris.

(Fonte: https://brasil.elpais.com/cultura/2021-09-06 – CULTURA / por GREGORIO BELINCHÓN – 06 SET 2021)

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/09/06 – MUNDO / NOTÍCIA / Por G1 – 06/09/2021)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/arte-e-cultura – DIVERSÃO / ARTE E CULTURA / por ANSA – 6 set 2021)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/09 – ILUSTRADA / ANÁLISE / CINEMA / por Inácio Araujo – 6.set.2021)

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