James Black, cientista britânico vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 1988

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James Whyte Black (Uddingston, 14 de julho de 1924 – Londres, 22 de março de 2010), cientista britânico vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 1988. Nascido na Escócia, em 1924, sir James, que ganhou o título após ser condecorado cavalheiro do império britânico, era considerado um dos maiores pesquisadores do Reino Unido no século 20.

Em 1962, inventou os primeiros medicamentos betabloqueadores, como o propranolol, usado no tratamento de doenças cardiovasculares, motivo pelo qual obteve posteriormente o reconhecimento da Real Academia Sueca. O cientista também descobriu o primeiro tratamento não cirúrgico contra as úlceras de estômago. Em 2000, Black recebeu a Ordem do Mérito, a máxima honra concedida no Reino Unido.

James Black morreu dia 22 de março de 2010, aos 85 anos, em Londres.

(Fonte: Zero Hora -– Ano 46 – N.° 16.284 -– Memória -– 24 de março de 2010 -– Pág; 45)

 

 

 

 

 

 

 

Black: sucesso com os bloqueadores de receptores

Não existe um Prêmio Nobel específico para a farmacologia, mas em 12 de outubro, ao anunciar o nome dos vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 1988, a Real Academia de Ciências da Suécia prestou uma homenagem definitiva.

James Black, farmacologista britânico do King’s College Hospital Medical School, da Universidade de Londres, que foi laureado como vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 1988, pela Real Academia de Ciências da Suécia, por “seus descobrimentos de importantes princípios do tratamento com drogas”, à qual lhe prestou uma homenagem definitiva a esse ramo da pesquisa médica, que trabalha com o desenvolvimento e a aplicação terapêutica dos remédios.

O inglês Black ganhou o Nobel de Medicina graças às pesquisas com drogas que funcionam como bloqueadores de receptores celulares – um veio fértil na história da medicina no século 20 e que tem permeado bom número dos trabalhos de cientistas agraciados com o Nobel.

As células do corpo humano têm em sua superfície camadas de enzima que funcionam como uma porta de entrada para seu interior: os receptores celulares. Para cada um desses receptores, produzidos naturalmente pelo organismo, há uma substância pronta para se encaixar, abrir a porta e desencadear um processo químico. Em quantidades excessivas, porém, a ação dessas substâncias é nociva às células – e nesses casos os médicos utilizam as drogas chamadas de bloqueadores, que se acoplam aos receptores e barram a entrada dos agentes danosos.

 

“DIVISOR DE ÁGUAS” – O Nobel de Black é o coroamento de uma longa carreira de descobertas, sempre ligadas à farmacologia. Em 1964, ele desenvolveu o propranolol, um medicamento bloqueador que atua nos receptores beta da adrenalina e da neoadrenalina – substâncias cujo descontrole no organismo está vinculado a males como a hipertensão e a disritmia cardíaca. Oito anos depois do propranolol, James Black e seus colaboradores lograram uma outra conquista na área de receptores.

 

Depois de sintetizarem cerca de 700 produtos farmacológicos, eles descobriram no estômago os receptores para os mensageiros químicos da histamina – uma substância que gera a secreção gástrica e funciona como reguladora das reações alérgicas do corpo humano. A partir desses receptores, chamados de receptores H 2, os cientistas desenvolveram a cimetidina – uma droga anti-histamínica que mudou a história do combate à úlcera estomacal. Com a cimetidina, cuja marca comercial mais conhecida no Brasil foi Tagamet, o tratamento de úlcera deixou de ser um martírio.

 

A última vez que a Real Academia de Ciências da Suécia premiou especificamente a pesquisa com medicamentos foi em 1957, quando o italiano Daniel Bovet (1907-1992) descobriu os receptores do tipo H 1, também da histamina. Desde que o bacteriologista alemão Paul Ehrlich (1854-1915), prêmio Nobel de Medicina de 1908, intuiu pela primeira vez a existência dos receptores celulares e cunhou a pérola em latim Corpora non agunt nisi fixata (Os medicamentos não atuam a menos que se fixem), a pesquisa de novos produtos farmacológicos ganhou um impulso inédito.

 

(Fonte: Veja, 19 de outubro de 1988 –- ANO 21 -– N° 42 – Edição 1050 -– NOBEL -– Pág: 94/95)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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