Jacqueline Kennedy Onassis, ex-primeira dama dos Estados Unidos, marcou época pela elegância

0
Powered by Rock Convert

A PRINCESA QUE INVENTOU A MULHER

Os americanos perdem um símbolo de elegância

 

Jacqueline Kennedy e John F. Kennedy (Foto: Venngage / Reprodução)

 

 

Jacqueline Kennedy Onassis (28 de julho de 1929 – Nova York, 19 de maio de 1994), ex-primeira dama dos Estados Unidos, uma mulher que enfrentou imensas tragédias e marcou época pela elegância, juventude e modos aristocráticos. Jacqueline Kennedy ensinou ao mundo como uma mulher pode dar todas as voltas por cima.

Nenhuma mulher foi tão fotografada. Nenhuma teve tantas biografias: 23. Poucas foram tão imitadas. Desde a manhã de 22 de novembro de 1963, quando o presidente John Kennedy caiu sobre seu colo com a cabeça estourada por um tiro de rifle, nenhuma cena foi tão repetida nas televisões de todo o mundo. Só ela deixou duas imagens inesquecíveis de sentimentos tão diferentes: o sorriso de mulher bonita e a máscara de dor da jornada em que lhe coube o papel de viúva do mundo. Só ela deixou duas imagens inesquecíveis de sentimentos tão diferentes: o sorriso de uma mulher bonita e a máscara de dor da jornada em que lhe coube o papel de viúva do mundo. Jacqueline Kennedy Onassis foi um modelo de coragem e dignidade para todos os americanos. Ela não é uma celebridade, é uma lenda. Não, não é uma lenda, é um mito. É mais que um mito, é um arquétipo histórico.

Ela foi o arquétipo histórico da mulher da segunda metade do século XX. Criada para viver num mundo de Cinderelas, machos e matriarcas opressivas, apanhou duro da vida, mas deu tantas voltas por cima quantas a sorte pediu. Foi uma vencedora porque a época em que viveu lhe trouxe a oportunidade de não se deixar capturar pelas armadilhas que há séculos aprisionam e anulam as mulheres. Seu segredo foi um só: contrapôs ao mundo de aparências, onde se esperava que vivesse, o mundo das aparências que ela própria manipulou, sabendo que há mais jovens sonhando ser Jacqueline Kennedy do que acreditando em príncipes.

Rainha das debutantes, fluente em francês, italiano e espanhol, casou-se aos 24 anos com um senador de 36, de família rica e bonito. Festa com cardeal no altar, bênção do papa e 1 700 convidados. Ela tinha apostado 2 contra 1 que pegava John Kennedy. Caiu numa família de irlandeses católicos, poderosos e egocêntricos. Joseph, o patriarca, azucrinara a vida de uma filha que tentara casar-se com um nobre inglês divorciado, mas isso não o impedia de namorar a atriz Gloria Swanson e de invadir os quartos de hóspedes para bolinar as convidadas de seus filhos. Sua mulher, Rose, achava que todos os filhos continuavam vivos), tinha uma percepção peculiar da relação do catolicismo com o sexo: achava que o marido podia ter quantas mulheres quisesse, desde que a procurasse para efeitos de procriação. Rainha e princesa foram um caso de horror a primeira vista. Quando Jacqueline contou numa roda de família que gostava de balé clássico, Ethel sua cunhada, cortou: “Com esses pés você queria ser bailarina? Tente futebol, garota”. Jacquie calçava 41.

Patriarca egocêntrico, sogra chata e cunhadas invejosas eram coisas que as moças dos anos 50 aprendiam a tolerar na expectativa de que, com o tempo, passariam a chatear seus genros e noras. Jacqueline Kennedy saltou dessa armadilha em 1960, quando o marido descobriu que aquela gata que lia Proust em campanha eleitoral poderia ajudá-lo a chegar à Casa Branca. As mulheres começavam a entrar no mercado de trabalho e a figura matronal de Mamie, mulher do presidente Eisenhower, estava mais para avó chegada a um copo do que para imperatriz da América. “Era um caso do século XVIII, uma união para efeitos práticos, de ambos os lados”, diagnosticou o escritor Gore Vidal, primeiro intelectual americano a denunciar o filmononarquismo embutido na adoração pelos Kennedy.

Elegante e bem-vestida, Jackie juntava-se às caravanas ensinando que “a coisa mais importante num casamento é o marido poder fazer bem aquilo que sabe, porque disso decorrerá a satisfação da mulher”. Dizia que não gostava de comprar roupas e quando um jornal publicou que gastava 30 000 dólares por ano em lojas rebateu: “Só se usasse calcinha de zibelinha”. Sustentou que gastava o mesmo que Pat, a mulher do candidato republicano Richard Nixon. Assim se inaugurou o padrão Jacqueline Kennedy de mulher de candidato. Nenhuma peculiaridade do processo político americano foi tão copiada quanto essa mulher bem-educada, bem-formada e bem-vestida.

No dia 4 de janeiro de 1961 Cinderela entrou na Casa Branca. Seu pequeno chapeu foi imediatamente copiado por milhares de lojas. O capote (gola de zibelina) tornou-se prenúncio do rejuvenescimento da moda feminina. Bastou que usasse um sobretudo de pele de leopardo numa capa da revista Life para que o bicho se visse ameaçado de extinção. Seus sapatos vinham de Florença, a massagista sueca voava da Flórida, o cabeleireiro de Nova York, mas tudo parecia nuito natural. Sentada ao lado de Nina Kruchev, mulher do primeiro-ministro soviético, diferenciava beleza e juventude de feiúra e velhice, mas de pé, ao lado da imperatriz Farah Diba, do Irã, ensinava a distância que separa a elegância da pompa. E, enquanto aquele esplendor de mulher encantava o mundo, seu marido, 35° presidente dos Estados Unidos, sumia do jantar de gala do hotel Mayflower e trancava-se por meia hora com a atriz Angie Dickinson. Era a plantonista da noite, num caderno de telefones em que entravam Marilyn Monroe, secretárias, prostitutas, o que aparecesse. (Duas recusas: Sophia Loren e Jean Simmons.)

Jacqueline tornara-se prisioneira do mundo de aparências onde se esperava que vivesse. Em matéria de prisão, nada mau, mas se mais tarde a Casa Branca tem alguma aura cultural, derivou de sua vontade. Abriu os salões para o bailarino Rudolf Nureyev e para o violoncelista espanhol Pablo Casals. Enquanto o marido anunciava que lia romances policiais de Ian Fleming, popularizando o agente 007 (Sean Connery nos primeiros filmes), ela se confessava leitora de Jack Kerouac, autor mais próximo das listas de procurados pela polícia do que das de livros mais vendidos. Chamou Norman Mailer para um encontro e cortou secamente a conversa quando o escritor, num lance de audácia, achou que tinha intimidade suficiente para lançar um tema picante: a reabilitação do marquês de Sade.

Circulava até mesmo a história de que seus ancestrais franceses vinham de uma tropa que lutou na Guerra da Independência. Um deles teria sido amigo de José, irmão do imperador Napoleão. Eram todos imigrantes pobres e a relação entre as famílias Bouvier e Bonaparte limitou-se à compra, pelo corso exilado, de um móvel do carpinteiro francês. Sua afetação francólica acabou-se durante um jantar de gala no palácio dos Campos Elíseos. Ela estava numa noite de glória. Seu marido tinha acabado de dizer à imprensa que “eu sou o sujeito que está acompanhando Jacqueline na sua visita a Paris”. Tinha ao lado a imponente figura do general Charles De Gaulle e quis cortejá-lo.
– Eu tenho ancestrais franceses, presidente.
– Eu também, madame – respondeu De Gaulle. (Depois desse encontro o general rogou-lhe uma praga.)

Às 12h30 de sexta-feira 22 de novembro de 1963, quando a limusine Lincoln sem capota de John Kannedy dobrou a esquina das ruas Houston e Elm, em Dallas, Jacqueline tinha o mundo a seus pés, um lindo casal de crianças e estava casada com o presidente dos Estados Unidos. Um minuto depois era uma viúva deseperada que tentara pular fora do carro onde ficara o corpo de seu marido, com a cabeça estraçalhada. A reverberação desse minuto marcou todas as gerações que viveram aquele 22 de novembro. Cada um lembra onde estava. Só ela lembrou-se do pior: “Ele levantou a mão… Eu vi um pedaço do seu crânio soltar-se. Tinha cor de carne, não era branco…John caiu no meu colo…” Só horas depois, quando o vice-presidente Lyndon Johnson tomou posse a bordo do avião em que viajava o corpo de Kennedy, ela limpou o sangue do rosto.

A vida dera-lhe o grande tranco. Durante três dias emocionou o mundo com seu véu negro e uma expressão imutável de dor e espanto. Fez um único gesto imprevisto: em Washington, quando o carro com o caixão passou diante dela, abaixou-se e sussurrou algo no ouvido de John Kennedy Jr., o “John-John”, de 3 anos. O menino bateu continência para o pai. Nos anos seguintes ela pediria a velhos amigos do marido, como o professor Arthur Schlesinger Jr, e o economista John Kenneth Galbraith, que viessem a sua casa para contar à criança uma história: a história do pai.

Uma semana depois do enterro de Kennedy, Jacqueline formulou para o jornalista Theodore White uma das mais fantásticas lendas políticas da História americana. Recitou-lhe um verso: “Não deixe que se esqueçam de que um dia, num momento de brilho, houve um lugar que se chamou Camelot”. Camelot, o reino do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, da galanteria e da beleza. Quando White transmitiu sua reportagem para Nova York, por telefone, os editores acharam que havia Camelot demais no texto. Jacqueline percebeu a questão e insistiu. Era isso mesmo, muita Camelot. E assim contrapôs à realidade o seu próprio mundo de aparências. “Camelot, um momento mágico da História, tornou-se o epitáfio do governo Kennedy”, explicou White anos depois, acrescentando, com a autoridade de um jornalista político que revolucionou os métodos do ofício: “Essa Camelot mágica de John Kannedy nunca existiu. Os cavaleiros de sua távola redonda eram homens hábeis, duros, ambiciosos, capazes de gentilezas mas também de enganos. De todos eles, Kennedy era o mais duro, o mais inteligente, mas também o menos romântico”.
“Em dez anos ela estará a bordo do iate de um petroleiro grego.” Essa foi a praga de De Gaulle.

No dia 20 de outubro de 1968, cinco anos após a morte de John Kennedy, Jacqueline surpreendeu o mundo. A falta de classe começava na fotografia. Aristoteles Onassis, com seus cabelos golalinados, óculos fora de todas as modas, com 23 anos a mais e 20 centímetros a menos que Jacquie, tornara-se seu segundo marido. Ela estava a bordo de Skorpios, a ilha do armador grego. Era um bilionário exibicionista que enchia seu iate com celebridades que iam da namorada soprano Maria Callas ao ex-primeiro-ministro inglês Winston Churchill. Tentara ser cunhado do presidente dos Estados Unidos namorando Lee, irmã de Jacquie. Um ultraje para o mundo de aparências em que a viúva fora colocada. Uma necessidade para o mundo que ela precisava manipular.

Haviam-lhe matado o marido. Mataram-lhe também o cunhado Robert, que poderia vir a ser o próximo presidente dos Estados Unidos e era seu fiador no ofidiário do clã. Restavam-lhe uma sogra detestada, cunhadas ressentidas. Ethel, a viúva de Robert, convencera-se de que ela tivera um caso com o seu marido e mal a cumprimentava. Vira dois Kennedy morrer a bala e tinha duas crianças com esse sobrenome em casa. Tinha 200 000 dólares por ano, mas, para quem gostava de comprar caixas de rapé de Catarina da Rússia a 100 000, era pouco dinheiro. Aos 39 anos, atraída pela corte pessoal e financeira de Onassis, Jacqueline criou um novo mundo para sua família. Casar com senador rico e bonito fora fácil. Numa suprema atitude de independência pessoal, atirou para cima, no mais difícil, no estrangeiro feio, vulgar e milionário. “Ari queria ser o imperador dos mares e quis comprar uma Cleópatra”, disse Alexis Minotis, diretor do Teatro Nacional Grego. “Ele era a única pessoa com quem ela podia casar-se sem que virasse senhor Jacquie Kennedy.”

Sabe-se mais das negociações do contrato de casamento do que da vida afetiva do casal, ainda que diversos depoimentos revelem um ciclópica e semipública atividade sexual que se estendia pelos escaleres do iate durante a noite. Onassis depositou 3 milhões de dólares na conta da noiva e separou 1 para os dois enteados. Em caso de divórcio ou da morte do patrono, a viúva receberia 200 000 por mês enquanto vivesse. Em troca, ela abria mão de seus plenos direitos sobre uma herança calculada em 1 bilhão, limitando-se ao piso determinado pela lei grega que lhe dava direito a 25% da fortuna.

O casamento seguiu o curso previsível. A segurança financeira de Jacqueline levou-a a detonar como sempre quis e nunca pode. Entrava em lojas, apontava dúzias de blusas, centenas de sapatos, coleções inteiras, deixava o endereço e ia em frente. Era capaz de queimar 100 000 dólares em menos de meia hora. Viajava na companhia aérea do marido requisitando quatro lugares da primeira classe quinze minutos antes de decolagem. Ao mesmo tempo dava corrosivas demonstrações de avareza e oferecia pagamento em autógrafos aos operários que faziam obras em sua casa. O marido gostava de exibir o troféu. Quando podia, levava-o com ele. Quando ela estava em Nova York, contava aos amigos as minúcias de suas relações sexuais.

Tinham quatro anos de casados quando a vida lhe deu outro tranco. A revista italiana Playmen assombrou o mundo com dez páginas da ex-primeira dama dos Estados Unidos nua em pêlo na praia de Skorpios. De frente, de lado, de pé, sentada. Em todas as posições de uma década de fantasias mundiais. O trabalho era obra de uma equipe de fotógrafos que se acercara por baixo d’água. Restava saber quem era o mandante. David Heymann, o melhor biógrafo de Jacqueline e autor do livro “Uma Mulher Chamada Jacquie”, revelou que Onassis confessou certa vez a autoria ao seu advogado. Segundo ele, estava aborrecido com a mania de privacidade da mulher. Mais provável que tenha sido a última gargalhada do voyeur. Em Nova York, abatida pelo escândalo (a sogra Rose aproveitou para passar-lhe uma descompostura telefônica), madame Onassis sofreu até na mão dos amigos. “Muito prazer em vê-la vestida”, disse-lhe John Kenneth Galbraith.

Onassis morreu em Paris, aniquilado por uma degenerescência muscular, enquanto Jacqueline esquiava nos Estados Unidos. Nada a ver com a tristeza do funeral de Kennedy. Em pelo menos um momento foi vista rindo. Saiu com mais 20 milhões de dólares. Feitas todas as contas, seis anos de casamento custaram a Onassis 42 milhões de dólares. Pela primeira vez desde que acompanharam a vida de luxo e calotes do pai bebum, Jacqueline Bouvier estava irremediavelmente rica.

Aos 45 anos começou o seu último ato, o maior e melhor de todos. O mundo não lhe exigia mais aparências. O casamento com Onassis fora um ato de independência. Viúva e milionária, chagara à liberdade. Aconselhada por um banqueiro amigo, estima-se que tenha transformado o capital de Onassis numa fortuna que não fica em menos de 150 milhões de dólares, podendo encostar nos 200. Caminho complicado, por certo, mas também indiscutivelmente bem-sucedido. Entre 1975 e a noite de 19 de maio de 1994 evaporaram-se inúmeras Jacqueline de aparências.

Sumiu Jacquie, La Kennedy. Quando ela se internou para as primeiras sessões de quimioterapia, seu cunhado Ted soube da notícia pelo rádio. Educou seus dois filhos, Caroline e John, fora do clima de competição, fofoca e grã-finagem da família do mairdo. Formou os dois em Direito. Casou a filha com um rico judeu excêntrico, treze anos mais velho que ela, autor de uma tese de doutorado em torno de um diálogo imaginário do cientista Albert Einstein com o teatrólogo Samuel Beckett. Caroline superou parcialmente uma timidez obsessiva que lhe amargou a juventude. Impediu que o filho tentasse a carreira de ator e continuasse namorando a cantora Madonna. Considerado o Homem mais Sexy do Mundo pela revista People, John Kennedy Jr. viveu com a atriz Daryl Hannah e trabalhou na procuradoria da cidade de Nova York. Afastou-o das celebrações dos 25 anos da morte do pai mandando-o passar uma temporada na Índia. A educação de Caroline e John foi a maior prova que Jacquie poderia dar ao mundo de que não passara por ele de brincadeira. Com tais pais e tal mãe, era mais provável que entrassem para os anais da psicanálise do que para o quadro de diplomados de uma universidade.

Sumiu Jacquie, a Detonadora. Na vizinhança do seu apartamento (200 000 dólares na compra, em 19632), era conhecida pela simpatia com que devolvia um maço de aspargos para economizar 25 centavos. No seu lugar surgiu Jacquie, a Mulher que Trabalha. Com as arcas cheias, trabalhou dezesseis anos na editora Doubleday. Ganhava 45 000 dólares anuais, salário de mercado, e trabalhava três dias e meio por semana. Somando-se a hora diária de ioga, psicanálise, cabeleireiro e tratamentos de beleza, cuidava mais de si do que dos projetos da editora, mas, apesar de ter sido recebida com desconfiança, emplacou alguns sucessos. O maior foi a autobiografia do cantor Michael Jackson. Ia ao escritório de táxi e não mexia em manuscritos que tratassem de política.

Redesenhou Jacquie, o Esplendor, adquirindo completo controle de sua fama. Saía pouco, mesmo sabendo que nenhuma mulher do mundo era capaz, como ela, de paralisar qualquer cena com sua simples e silenciosa chegada. (A princesa Grace de Mônaco trancou-se por uma hora num banheiro de Sevilha para não amargar a sombra.) Fez sua primeira plástica aos 60 anos. Demitiu Jacquie, a Solteira, mas não contratou uma Jacquie Casada.

Quando morreu, tinha ao seu lado os filhos e Maurice Tempelsman, o homem com quem viveu os últimos quinze anos. Calvo, calado, sem a sua fortuna, Tempelsman é um corretor do mundo dos grandes interesses da mineração. Belga de nascimento e estreitamente ligado à família sul-africana dos Oppenheimer, dona da De Beers (“Diamantes São para Sempre”), é um negociante dos sete mares. Pode ser visto tanto na compra de diamantes angolanos quanto tentando entrar na exploração do cofre brasileiro. “Ele a cobriu com uma aura de tranquilidade e levou-a pelo terceiro ato da vida, quando os conflitos estão resolvidos”, diz o banqueiro Samuel Pisar, amigo de Tempelsman, que conheceu razoavelmente John Kennedy e Aristoteles Onassis.

No início de dezembro de 1993, Jacqueline sentiu uma íngua debaixo do braço direito. O médico deu-lhe antibióticos e ela melhorou até os feriados de fim de ano, quando teve acessos de tosse e dores abdominais. Uma tomografia revelou que tinha nódulos no pescoço, no peito e na barriga. Era um linfoma altamente maligno. Ofereceram-lhe a possibilidade de consultar outros especialistas, mas desistiu. No dia em que o The New York Times noticiou seu câncer, ela passeava na neve do Central Park com Tempelsman. Em janeiro de 1994, depois de quatro sessões de quimioterapia, parecia ter melhorado, mas teve dores nas pernas e sentiu-se fraca. O câncer chegara a seu cérebro. Aplicaram-lhe um tratamento radioterápico. Seus cabelos caíram e desapareceu de seu rosto aquela bela expressão que há quase quarenta anos encantara o mundo. Nada havia que ela pudesse fazer, senão morrer em casa, com catorze janelas voltadas para o Central Park da última primavera de Jacqueline Bouvier.

(Fonte: Veja, 25 de maio, 1994 – ANO 27 – N° 21 – Edição 1341 – MEMÓRIA/ Por Elio Gaspari – Pág; 32/34/37/38 e 40)

Powered by Rock Convert
Share.