Jack Ma, o maior investidor individual do gigante chinês Alibaba

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Jack Ma, o homem por trás do gigante chinês Alibaba

Quando o Alibaba Group abriu seu capital no mês de setembro de 2014, em uma oferta pública inicial que avaliou-lo em cerca de US$ 160 bilhões, os investidores tiveram pouca dúvida sobre quem está no controle da empresa.

Jack Ma, 49, é o rosto público. Ele é o negociador-chefe. Ele é o principal estrategista. Ele é o maior investidor individual, com uma participação acionária de 9%.

O Alibaba, uma empresa que nasceu no apartamento de Ma em 1999, agora é um colosso de tecnologia que vale mais que empresas americanas importantes como eBay e Hewlett-Packard.

A empresa conta com 250 milhões de compradores ativos na China e suas encomendas representam mais de 60% de todos os pacotes entregues na China.

Ma pode alcançar fortuna de US$ 15 bi, e promete doar grande parte

Esse sucesso ajudou a tornar Jack Ma uma espécie de presidente-executivo célebre, um executivo à vontade se misturando a magnatas dos negócios em Davos, guiando visitas da elite política à sua empresa e promovendo a “Sabedoria de Jack Ma” em livros e DVDs.

A oferta pública inicial pode fazer Ma, já um dos homens mais ricos da China, alcançar mais de US$ 15 bilhões. Ele já prometeu doar grande parte dessa riqueza, o que o transformaria instantaneamente em um dos maiores filantropos do mundo.

Ma e o Alibaba se recusaram a fazer comentários para este artigo, citando restrições regulatórias a declarações públicas antes de uma oferta pública inicial.

Filho de artistas, aprendeu inglês com turistas estrangeiros

Ma cresceu no leste da China, na cidade de Hangzhou, o segundo de três filhos, cujos pais eram artistas de pingtan, uma técnica tradicional de narrativa musical.

Aos 10 anos, Ma Yun, como ele é conhecido em chinês, passou a gostar de inglês e ia de bicicleta até o Hangzhou Hotel para praticar com turistas estrangeiros.

Sua dificuldade com matemática quase o impediu de cursar uma faculdade. Mas, após passar no exame nacional de admissão para o ensino superior, em sua terceira tentativa, entrou na faculdade de pedagogia local, onde se destacou e foi eleito presidente da União dos Estudantes.

Quando se formou, em 1988, arranjou um emprego de US$ 14 por mês ensinando inglês no Instituto de Engenharia Eletrônica de Hangzhou, onde se tornou rapidamente um dos professores mais populares.

‘Se eu não estiver milionário quanto chegar aos 35 anos, por favor, me mate!’

Com a economia chinesa começando a decolar, Ma viu uma oportunidade no empreendedorismo. Em seu tempo livre, dizem amigos, foi cofundador de uma empresa de tradução, vendia medicamentos e passou a mexer com ações.

“Se eu não estiver milionário quanto chegar aos 35 anos, por favor, me mate!”, disse brincando ao amigo Qi Xiaoning.

Uma das primeiras empresas de internet da China

Ele visitou os EUA pela primeira vez em 1995. Ma fez amizade com Bill Aho, um americano que ensinou inglês em Hangzhou, e se hospedou com parentes de Aho em Seattle. Lá, ele foi apresentado ao mundo da internet pelo genro de Aho, Stuart Trusty, que dirigia um dos primeiros provedores dos Estados Unidos, o VBN.

Ma voltou para casa e montou uma das primeiras empresas de internet do país, a China Pages, um diretório online de empresas domésticas à procura de clientes no exterior.

Antigos colegas dizem que ele trabalhou incansavelmente, batendo de porta em porta, tirando fotos, coletando informação e traduzindo para o inglês. Quando terminou, enviou as listas para a VBN para postá-las na web.

Até que Ma perdeu o controle de sua empresa. Em 1996, a China Pages foi pressionada a formar um joint venture com a Hangzhou Telecom. O acordo colocou o governo no controle.

Desencorajado, Ma foi para Pequim trabalhar na Infoshare, uma agência de propaganda on-line criada pelo Ministério do Comércio da China. Ficou apenas 14 meses. Disposto a comandar sua própria empresa, voltou para Hangzhou.

Alibaba: um jovem disposto a ajudar os outros

Quando Ma iniciou o Alibaba em 21 de fevereiro de 1999, convidou 17 amigos a se reunirem em seu apartamento no segundo andar do condomínio Lakeside Gardens, em Hangzhou. Na sede improvisada, ele fez uma longa palestra sobre suas ambições e o quanto a China precisava de uma grande empresa de Internet.

Ele escolheu o nome, como explicou depois, porque “todo mundo conhece a história de Alibaba. Ele é um jovem que está disposto a ajudar os outros”.

A empresa foi construída com uma premissa semelhante: ajudar as empresas e encontrarem clientes no exterior. Se um varejista americano estiver à procura de um fornecedor de chinelos de algodão na China, ele pode procurar no Alibaba.com. Se um produtor chinês de botões quiser exportar para a Coreia do Sul, ele pode anunciar no site.

O Alibaba, na visão dele, seria uma sala de reunião virtual para empresas de pequeno e médio porte engajadas no comércio global.

Investimentos do Goldman Sachs e do Softbank

Em pouco tempo, Shirley Lin, uma banqueira do Goldman Sachs, visitou o apartamento de Ma. Ela tomou conhecimento da empresa por meio de um amigo, Joseph Tsai, um ex-advogado formado em Yale que tinha se juntado recentemente ao Alibaba.

Um mês depois, o Goldman liderou um investimento de US$ 5 milhões na empresa. Depois disso, Masayoshi Son, o presidente do SoftBank do Japão e um dos homens mais ricos do mundo, concordou em liderar uma segunda rodada de financiamento no valor de US$ 20 milhões.

Juntamente com investidores estrangeiros, Ma compartilhava uma grande parte da empresa com seus 17 cofundadores; a maioria era amigos e ex-estudantes, e também entre eles estava sua mulher, Cathy.

Empresa nas Ilhas Cayman, para fugir do controle chinês

Mas o poder ainda estava em grande parte concentrado nas mãos de Ma. Ele e seu vice, Tsai, ocupavam duas das quatro cadeiras no conselho diretor da empresa. Ma também controlava as empresas utilizadas pelo Alibaba para operar na China.

A China restringe o investimento estrangeiro em setores considerados estratégicos, como a internet. Para evitar problemas, Ma criou uma empresa “offshore” nas Ilhas Cayman.

Os investidores estrangeiros compram ações da entidade “offshore” e têm, por contrato, direito aos lucros. Mas grande parte dos ativos do Alibaba são de propriedade de Ma e de outro confundador, Simon Xie.

Site voltado ao consumidor, para competir com o eBay

Assim que o Alibaba começou a ganhar dinheiro em 2002, Ma propôs montar um site voltado ao consumidor para competir com o eBay.

Com financiamento do SoftBank, o Alibaba montou uma força-tarefa secreta para desenvolver esse site, que chamaram de Taobao, “procurando pelo tesouro” em chinês.

Parceria com o Yahoo com direito a atritos

Ma começou a conversar com Jerry Yang, cofundador do Yahoo, que estava à procura de novas oportunidades na China, segundo as pessoas envolvidas nas negociações. O acordo era um bom negócio. Ma receberia uma injeção de capital de US$ 1 bilhão para adquirir participações de alguns acionistas e investir.

Mas a lua de mel durou pouco.

Depois que Yang renunciou como presidente-executivo, em janeiro de 2009, a nova equipe no comando do Yahoo entrou em atrito com os altos executivos do Alibaba. Além disso, o Yahoo rejeitou o pedido do Alibaba de recompra das ações.

O ressentimento começou a ferver. Entre meados de 2009 e o início de 2011, Ma transferiu a propriedade do serviço de pagamentos online de sua empresa, o Alipay, para uma empresa privada que ele controlava, na prática o retirando do grupo Alibaba.

Após intensas negociações, o Yahoo, o SoftBank e o Alibaba chegaram a um acordo, que parecia favorecer Ma. O Yahoo e o SoftBank –que entre eles possuem 70% do Alibaba Group– receberiam 49% dos lucros do Alipay. Ma e um grupo de funcionários não identificados receberiam o restante.

Grupo é avaliado em US$ 25 bilhões

Ma também assumiu o controle da holding de afiliadas de serviços financeiros, incluindo a Alipay, a principal processadora de pagamentos dos vários sites do Alibaba.

A holding, atualmente conhecida como Zhejiang Small and Micro Financial Services Company, expandiu para incluir produtos de gestão de riqueza, empréstimo para pequenas empresas e o maior fundo de mercado monetário da China.

Com sua habilidade de lucrar com os clientes do Alibaba, o grupo é avaliado em cerca de US$ 25 bilhões, segundo analistas.

Lobby com o governo e investidores com conexões políticas

À medida que cresce, o Alibaba não está abalando apenas empresas de varejo físicas, mas também se aventura em setores dominados pelo Estado, como mídia, finanças e telecomunicações. Para ajudar a aplacar qualquer oposição do governo, dizem amigos, Ma tem cada vez mais cultivado laços com Pequim.

O Alibaba também desenvolveu relações com investidores com conexões políticas.

Analistas dizem que forjar alianças com o governo é uma parte vital de fazer negócios na China. As empresas veem isso como uma forma de melhorar suas chances de obter aprovações e licenças. De certa forma, é um seguro contra intervenção exageradamente agressiva por parte do governo.

Alibaba considerou Bolsa de Hong Kong, escolheu NY

A decisão de Ma de listar ações no exterior, nos Estados Unidos, também visa manter sua posição.

O Alibaba considerou listar suas ações em Hong Kong. Depois que os reguladores em Hong Kong se recusaram a abrir uma exceção, o Alibaba procurou a Bolsa de Valores de Nova York, que permite estruturas de propriedade mais diversas.

‘A história do Alibaba acabou sendo uma grande história’

Quando o capital do Alibaba for aberto neste mês, os investidores poderão decidir se o controle rígido de Ma é um argumento de venda ou um obstáculo. O Yahoo e o SoftBank fizeram as pazes, mesmo que apenas pelo lucro.

Trimestre após trimestre, ano após ano, o Alibaba apresentou um crescimento gigantesco. E a empresa, que em 2005 tinha uma receita de cerca de US$ 50 milhões, pode ter uma receita neste ano de perto de US$ 10 bilhões.

Daniel Rosensweig, o ex-executivo do Yahoo que foi um dos principais negociadores do acordo de 2005, disse: “A história do Alibaba acabou sendo uma grande história”.

 

(Fonte: http://economia.uol.com.br/noticias/the-new-york-times/2014/09/17 – NOTÍCIAS – ECONOMIA – David Barboza – 17/09/2014)

THE NEW YORK TIMES/ Tradutor: George El Khouri Andolfato

 

 

 

 

 

 

 

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