Ivens Machado, artista visual, foi um dos pioneiros da videoarte no Brasil, ao lado de artistas como Anna Bella Geiger, Sonia Andrade e Letícia Parente

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Ivens Machado (Florianópolis, Santa Catarina, em 1942 – Rio de Janeiro, 12 de maio de 2015), artista visual, foi escultor, gravador e pintor

Ele foi um dos pioneiros da videoarte no Brasil, ao lado de artistas como Anna Bella Geiger, Sonia Andrade e Letícia Parente. Além de escultor reconhecido, gravador e pintor, ele fez uma expressiva carreira na videoarte, que chegou a ser exibida no MoMa (Museu de Arte Moderna), em Nova York.

Autor de uma obra importante, participou de bienais em São Paulo (1981, 1987, 1998 e 2004), Paris (1985) e a do Mercosul. Seus trabalhos foram expostos em importantes museus e galerias no Brasil e também no exterior, como Veneza, Milão e Turim.

 

O artista plástico Ivens Machado, em foto de 2007 - (Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo)

O artista plástico Ivens Machado, em foto de 2007 – (Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo)

Nascido em Florianópolis, Santa Catarina, em 1942, Machado foi um dos pioneiros da videoarte no Brasil — em 1974, ele fez parte da primeira mostra da nova mídia no Brasil. No mesmo ano, teve um de seus vídeos, “Versus”, censurado por uma possível alusão a um beijo homossexual.

Na década de 1970, no auge da arte conceitual, os artistas debatiam o dia inteiro sobre arte, mas Ivens Machado queria ir ao cinema e ao teatro. Arredio às panelinhas do meio, e alheio aos movimentos que confortavelmente servem para classificar a criação, Machado preferiu se manter indefinível, e acabou criando esculturas singulares na arte brasileira.

VEJA FOTOGALERIA COM OBRAS DO ARTISTA:

Ivens em exposição na Galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea - (Foto: Berg Silva / Divulgação)

Ivens em exposição na Galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea – (Foto: Berg Silva / Divulgação)

 

Ivens gostava de trabalhar com materiais naturais, como madeira, terra e azulejo - (Foto: Simone Marinho / Agência O Globo)

Ivens gostava de trabalhar com materiais naturais, como madeira, terra e azulejo – (Foto: Simone Marinho / Agência O Globo)

 

 

Obra de Ivens na Bienal de SP - (Foto: Daniel Pera)

Obra de Ivens na Bienal de SP – (Foto: Daniel Pera)

 

— Não sou especialmente ligado à minha área, sinto como se sempre estivesse fora dela. Pelos movimentos artísticos, pela própria sociabilidade dos artistas. Minhas escolhas não foram as mais convencionais, as mais ligadas às pesquisas do meio — disse o artista em entrevista ao GLOBO. — Tenho uma formação ampla, mas pouco estruturada. Olho para vários lugares, perco-me um pouco, sempre foi difícil formar uma frase, escrever. Pelo menos, se há uma qualidade no meu trabalho, é a originalidade.

Aluno de Anna Bella Geiger, começou a carreira com obras em papel, tendo sido premiado no 5º Salão de Verão do Museu de Arte Moderna do Rio, o MAM, em 1973.

A partir daí, começou a se destacar pelo uso de diferentes materiais usados em construção, como ferro, concreto e argila, que remetem ao acabamento rústico das casas pobres. Nos mais de 30 anos de escultura e desenho, o artista dominou todo o processo material da criação de suas obras.

— Não trabalho com materiais dentro do campo de algumas tradições, não tenho uma leitura concreta, não uso metal e placas. Tenho uma posição especial dentro da arte – disse, em 2008. — Não sou dos queridinhos, apesar de ser considerado importante. Sou plano B.

Ser artista, na vida de Machado, também acabou sendo um plano B. A idéia inicial era trabalhar com arte-educação. Ele chegou ao Rio em 1964, para fazer um curso de professores de arte, mas já com planos de não voltar para a capital catarinense.

Depois do curso, criou uma escolinha em Laranjeiras e começou a dar aulas de arte. Fundou um orfanato que abrigava dez crianças, no fim dos anos 1970, no mesmo bairro. Até que se cansou. Parou de trabalhar com arte-educação, doou a casa do orfanato e decidiu se dedicar a ser artista. Em 1975, Machado fez sua primeira exposição individual, em Milão, na Itália, em conseqüência do primeiro prêmio do Salão de Verão do MAM, dois anos antes.

Na época, o artista trabalhava com papéis pautados, interrompendo a regularidade das linhas. Comprou uma bobina e brincava com a interrupção do funcionamento do mecanismo ainda artesanal de se fazer pautas, distorcendo-as, em papéis que chegavam a 12 metros de comprimento.

Com trabalhos expostos nos principais museus do país, assim como em Veneza, Milão e Turim, Machado participou de bienais em São Paulo (1981, 1987, 1998 e 2004), Paris (1985) e do Mercosul. Em 2008, exposições no Paço Imperial e na galeria Marcia Barrozo do Amaral fizeram retrospectiva de sua obra.

 

FURTO E POLÊMICA COM O VLT

 

Recentemente, Ivens Machado passou por dois incidentes nada agradáveis. Em 2014, uma obra que fez na década de 1990 para o projeto “Escultura para o Rio” foi retirada por conta do processo de revitalização do Centro do Rio.

A Secretaria municipal de Conservação informou que a escultura de Ivens foi levada para a sede da Gerência de Monumentos e Chafarizes e será recolocada no endereço original após a conclusão das obras.

Em 2013, ele teve parte de sua obra — um abridor de lata — furtada de exposição no Museu de Arte do Rio (MAR).

Ivens Machado morreu em 12 de maio de 2015, aos 72 anos, em sua casa, na Avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro. Machado não resistiu aos traumas após cair da escada. 

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais -16142365#ixzz3a2nN62nu – CULTURA – ARTES VISUAIS – POR O GLOBO – 13/05/2015)
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