Ingeborg Bachmann, poeta e escritora austríaca, foi autora de sucessos como (“O Bom Deus de Manhattan”) e (“Invocação do Grande Urso”)

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Bibliothek: Vida e morte de Ingeborg Bachmann

SENHORITA BACHMANN, AUTORA AUSTRÍACA

 

                                                        Ingeborg Bachmann estreou em livro como poeta, com “Die gestundete Zeit”

 

 

Poeta, prosadora, dramaturga e roteirista austríaca está entre autores de língua alemã do pós-guerra mais conhecidos internacionalmente. Ela ganhou destaque já com a publicação de seu primeiro livro, em 1953.

 

 

Ingeborg Bachmann (Klagenfurt, Áustria, 25 de junho de 1926 – Roma, Itália, 17 de outubro de 1973), escritora dramaturga e poeta austríaca, autora de sucessos como (“O Bom Deus de Manhattan”), (“Invocação do Grande Urso”), que destacou-se como influência da antiguidade clássica e vanguarda no movimento poético.

Considerada uma das melhores escritoras contemporâneas de língua alemã, Ingeborg Bachmann frequentou universidades em Innsbruck, Viena e Graz, onde se formou em direito e filosofia.

Seu primeiro livro de poemas, “Die. Gestundete Zeit”, foi publicado em 1950 e foi um sucesso imediato. Seguiu-se outro grupo de poemas e, em 1959, uma de suas obras mais conhecidas, um grupo de contos chamado “O Trigésimo Ano”.

Em 1964, Miss Bachmann ganhou o maior prêmio de literatura da Alemanha, o Bilchner‐Preis.

Ela publicou um romance, “Malina”, em 1971, sobre uma mulher que ela descreveu como “a personagem principal de todos os meus livros – uma personagem dupla, homem e mulher ao mesmo tempo – ela se destrói e ele sobrevive como o mais forte de os dois.”

Toda literatura tem seus heróis, suas lendas, seus mártires, suas figuras trágicas. A partir do Romantismo, o encontro da literatura com algo que possa se chamar verdadeiramente de mercado literário começou a gerar tais figuras. Lord Byron, por exemplo, foi uma estrela em seu tempo, uma das primeiras. A obra de um autor, mesclada e lida a partir de elementos de sua biografia, foi crescendo em fama e lenda. Na Alemanha, um caso seria o de Friedrich Hölderlin e sua loucura eremita ao final da vida. Mas nada se compara ao encontro da literatura com a força da mídia no pós-guerra. A necessidade de mitos num período em que as artes em geral ainda contavam com grande prestígio.

Na literatura de língua alemã no pós-guerra, um caso emblemático é o da poeta, prosadora, dramaturga e roteirista austríaca Ingeborg Bachmann. É difícil imaginar hoje que um escritor possa alcançar fama parecida ao estrear em livro. E mais: estrear em livro como poeta.

Ao publicar seu primeiro livro em 1953, a coletânea de poemas Die gestundete Zeit, a autora chegou a ser capa da revista Der Spiegel. O livro já havia sido premiado pelo influente Grupo 47, formado no fim da guerra com o intuito de retomar e repensar a literatura alemã.

Como muitos dos escritores de língua germânica do pós-guerra, ela começa sua carreira de poeta no Grupo 47, movimento poético de vanguarda na República Federal Alemã que revelaria nomes como o de Günter Grass (1927-2015) e que dominaria as letras germânicas desde sua fundação em 1947 até sua dissolução em 1966.

Como os integrantes do grupo, Ingeborg buscava uma renovação na linguagem. Sua poesia, elegante, mas com tons sombrios, mostra influência da antiguidade clássica, do surrealismo e escritores como Klopstock e Rainer Maria Rilke.

A segunda coletânea de poemas, Anrufung des Großen Bären, viria em 1956, com o qual ganharia o Prêmio Literário da Cidade de Bremen. E assim, Bachmann tornava-se uma das figuras mais conhecidas da nova geração. Formada em Filosofia, passaria a dar palestras em universidades, colaboraria com canais de televisão e ganharia prêmios por suas peças radiofônicas, elemento importante em seu trabalho.

A partir do ano de 1960, a escritora deixa de produzir poesia e se fixa na prosa, tomando mais como objeto temas sociais.

Quando poderia ter vivido da fama que sua poesia já havia garantido, Bachmann abandonou a poesia e volta-se para a prosa, publicando o livro de contos Das dreißigste Jahr em 1961. Dois contos do livro, escritos de uma perspectiva claramente feminina, são considerados pioneiros nesse aspecto.

A consagração viria aos 38 anos, em 1964, com o Prêmio Georg Büchner, o mais importante do idioma. Bachmann tampouco permaneceria na esfera linguística alemã. Em 1965 mudou-se para Roma, onde começou a dedicar-se a um ciclo de romances, do qual publicou apenas Malina em 1971.

Em 1964, recebeu o Prêmio Georg-Büchne, o mais importante das letras alemã, como reconhecimento pelo conjunto de sua obra.

Sua prosa não foi tão bem recebida quanto sua poesia. A vida conturbada, marcada por relacionamentos infelizes com Paul Celan e Max Frisch e a solidão na capital italiana talvez tenham contribuído para seus problemas sérios com o alcoolismo. Na noite de 25 para 26 de junho de 1973, Bachmann sofreu queimaduras sérias ao misturar álcool com barbitúricos e cair no sono com um cigarro aceso. Acidente parecido acontecera com Clarice Lispector no Rio de Janeiro em 1966, deixando cicatrizes, mas sem ser fatal.

O fogo não foi a única causa da morte de Bachmann. Inconsciente num hospital romano, os médicos não sabiam que seu quadro era complicado por reações violentas à abstinência dos barbitúricos da qual era dependente. A austríaca morreu no dia 17 de outubro de 1973, no Hospital Sant’Eugenio. Na revista Der Spiegel, que a celebrara vinte anos antes, Heinrich Böll lamentou sua morte, chamando-a de “intelectual brilhante”.

A obra de Bachmann é uma das mais conhecidas, no âmbito internacional, dentre os autores de língua alemã do pós-guerra. Sua morte trágica, unida a sua poesia melancólica, faz dela uma figura que vai assumindo contornos míticos, o que muitas vezes pode obscurecer o trabalho de um autor. Mas ela é hoje uma autora que combina consagração crítica e popularidade.

Sua obra poética, em prosa e dramatúrgica pode ser encontrada em qualquer livraria. E, em 2016, a diretora austríaca Ruth Beckermann lançou Die Geträumten, filme baseado na correspondência de Bachmann com Paul Celan, com a cantora Anja Plaschg no papel da escritora.

Ingeborg viveu em Roma durante os últimos oito anos.

Ingeborg faleceu em 17 de outubro de 1973, à noite devido a queimaduras extensas, ao dormir com cigarro aceso e queimou-se, com queimaduras pelo corpo, três semanas depois de um incêndio em seu quarto de hotel, em um hospital em Roma. Ela tinha 47 anos.

A senhorita Bachmann foi levada ao hospital há três semanas, após um acidente que se acredita ter sido causado por ela ter adormecido com um cigarro aceso.

(Fonte: Revista Veja, 24 de outubro, 1973 – Edição 268 – DATAS – Pág; 14)

(Créditos autorais: https://www.nytimes.com/1973/10/18/archives –  The New York Times/ ARQUIVOS/ Arquivos do New York Times – ROMA, 17 de outubro – 

Sobre o Arquivo
Esta é uma versão digitalizada de um artigo do arquivo impresso do The Times, antes do início da publicação online em 1996. Para preservar esses artigos como apareceram originalmente, o Times não os altera, edita ou atualiza.
Ocasionalmente, o processo de digitalização introduz erros de transcrição ou outros problemas; continuamos trabalhando para melhorar essas versões arquivadas.

©  1998  The New York Times Company

(Fonte: http://www.dw.com/pt-br – Deutsche Welle – NOTÍCIAS – COLUNA/ Por Ricardo Domeneck – 20.06.2017)

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