Horst Janssen, foi considerado um dos mestres do desenho moderno alemão

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Horst Janssen, um mestre do desenho moderno alemão

A repulsa e a atração de Janssen ao erotismo e à morte

 

Horst Janssen (Hamburgo, Alemanha, 14 de novembro de 1929 – 31 de agosto de 1995), erotomaníaco e egocêntrico atraído e repelido pela força mágica da morte, foi considerado um dos mestres do desenho moderno alemão.

 

Nascido em Hamburgo – cidade onde vive até o fim de seus dias – no período entre-guerras, Janssen viveu período de grandes turbulências, vendo de perto o surgimento do nazismo, a derrota da Alemanha na 2.ª Guerra Mundial e a cisão de seu país. E foi fortemente marcado por eles, como deixa antever uma certa melancolia presente em seus trabalhos.

 

Aos 16 anos ele já era órfão (seus pais morreram durante a guerra) e tornou-se o mais jovem aluno até então da Escola de Arte de Hamburgo, que abandonou em 1951, antes de completar sua formação. Vencedor do primeiro prêmio da Bienal de Veneza em 1968, Janssen trabalhou em várias técnicas, mas foi na gravura que encontrou seu meio de expressão ideal.

 

Janssen inspirava-se frequentemente no expressionismo do movimento artístico de Egon Schiele (1890-1918), que morreu de “gripe espanhola” em 1918, aos 28 anos, poucos dias depois de sua mulher, que foi desenhada por ele em sua agonia.

 

Ambos os desenhistas enfrentaram a morte desde a infância.

 

Janssen perdeu seu querido avô e ficou órfão após a morte de sua mãe, aos 14 anos.

 

Janssen expressou em diversos documentos escritos, poesias e cartas, a atração que sentia pelo velho e pelo mórbido.

Janssen, nascido no porto alemão de Hamburgo em 1929 e morto em 1995, viu durante anos à proximidade do fim de seus dias enquanto levava uma vida caracterizada por excessos e alcoolismo.

Ele afirmou que, até odiando a morte decorrente da doença e da crueldade, ela era para ele “um bastião” onde satisfazia seu desejo de segurança ilimitada.

 

Janssen no entanto, também estava obviamente obsecado pelo corpo feminino e, com seus desenhos eróticos, provocava a sociedade de sua época.

 

Janssen dificilmente se encaixava em um estilo determinado, negando-se a obedecer as regras de sua época.

 

Os nus que se destacam pelo traço de suas linhas, são ser às vezes eroticamente drásticos e expressam o sofrimento, deixando entrever muitas vezes uma melancolia subjacente, que, no entanto, aborda frequentemente essas questões com ironia, recorrendo à encenação do cruel e do macabro.

 

Janssen criou um ciclo de águas-fortes intitulado “Dança macabra” e dedicou outro ao tema da “Morte de Hanno”, baseado em um episódio da novela “Os Buddenbrook”, de Thomas Mann.

Enquanto suas gravuras refletem as fases da decadência do personagem descrito por Thomas Mann, Janssen se representa a si mesmo.

 

As obras de maior relevância correspondem a um dos períodos mais férteis de sua produção. Realizadas entre o fim dos anos 50 até o início da década de 60, essas gravuras revelam a riqueza das experiências com água-forte desenvolvidas pelo artista.

A grande característica da obra do gravurista é sua capacidade de trabalhar a figura humana e os elementos da natureza de forma tão sincera que “as pessoas que retrata parecem estar nuas, abertas”. Aliás, uma de suas imagens preferidas é seu rosto, como revelam a grande quantidade de auto-retratos que produziu. Outras características interessantes de sua produção são o constante diálogo com os mestres que o antecederam e seu apego à tradição da gravura.

 

Em toda a sua obra, que fica na fronteira entre a figura e a abstração e mantém um tom misterioso que às vezes remete ao surrealismo, é possível encontrar ecos da obra de grandes gravuristas como Albrecht Durer, Gustave Klimt e Egon Schiele. Ele também vai debruçar-se sobre a tradição japonesa, como mostram os trabalhos da série “O Passeio de Hokusai”, realizada em 1971 sob a inspiração de um “surimono” (xilogravura colorida em miniatura). Outras séries que merecem destaque são “Carnevale di Venezia” (marcada por uma forte sensualidade) e “A Morte de Hanno” (uma série de soturnos auto-retratos).

 

Os trabalhos experimentais desenvolvidos por Janssen são especialmente atrativos, como “Auto-retrato à Maneira de Nanquim”, no qual o artista desenhou sobre a chapa de cobre recoberta de laca com um descascador de batatas para, segundo o catálogo da mostra, “reproduzir o aspecto de um desenho a nanquim que tivesse as possibilidades de uma água-forte” (gravação feita à base de ácido). Outra experiência interessante é a gravura “árvore em Tiras”. A obra que reproduz uma árvore é composta por cinco tiras, cada uma delas realizada de maneira diferente.

Janssen é um gravador tradicional, que preza o ofício, a relação com o gravador.

(Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultnot/2004/03/04 – ÚLTIMAS NOTÍCIAS / por Cristina Casals Viena (EFE) – 4 mar 2004)

(Fonte: https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2 – FOLHA 2 / Por Maria Hirszman – São Paulo (AE) – JUL. 07, 1999)

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