Henry James, autor das novelas Daisy Miller e Um Incidente Internacional, com temas de interesse universal

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James: obra universal a partir de inquietações pessoais

 

Henry James (Nova York, 15 de abril de 1843 – Londres, 28 de fevereiro de 1916), escritor anglo-americano, autor dos best-sellers, suas novelas Daisy Miller e Um Incidente Internacional, de 1878, duas histórias que exploram os conflitos de valores entre americanos e europeus, são uma prova acabada de seu raro talento para combinar inquietações pessoais com temas de interesse universal, e endossa o domínio de James sobre a arte de contar histórias. As duas histórias deixam claro que ele foi um mestre da novela, gênero situado a meio caminho do conto e do romance – ou seja, uma verdadeira armadilha para autores sem fôlego.

 

 

Nascido em Nova York, em 1843 e descendente de imigrantes irlandeses, James passou prolongadas temporadas na Europa antes de se estabelecer na Inglaterra, o que aconteceu quando tinha 33 anos. No final da vida, chegou a se naturalizar como cidadão britânico. Fscinado pela cultura europeia, o escritor, irmão do psicólogo William James (1842-1910), o criador do primeiro laboratório de psicologia dos Estados Unidos, jamais conseguiu, no entanto, fechar os olhos para as particularidades do “Novo Mundo”, que deixara para trás.

 

 

A forma que encontrou para lidar com sua ambiguidade – de valores, de crenças e costumes – foi explorá-la literariamente. É isso que se lê em Daisy Miller e Um Incidente Internacional. Nas duas histórias, James explora, com impressionante atualidade, o tema que se tornaria uma de suas obsessões – o conflito entre a Europa e os Estados Unidos, entre o “velho” e o “novo”. Esse choque de gerações culturais saltou da esfera pessoal e se transformou num dos principais tijolos com que James ergueu seu imponente edifício literário – onde Daisy Miller e Um Incidente Internacional têm lugar de destaque. Daisy Miller foi o primeiro sucesso popular de Henry James, especialmente pela polêmica que acabou provocando.

 

 

Daisy Miller e Um Incidente Internacional mostram um Henry James ainda distante do tipo de literatura que um dia arrancou do escritor H. G. Wells (1866-1946), que foi seu vizinho, o seguinte comentetário: “Ler uma página dos livros dele é o mesmo que observar um hipopótamo tentando pegar uma ervilha”. Wells, com certeza, se referia a alguns dos romances da última fase de James, onde o experimentalismo formal tomou o lugar da narrativa simples dos primeiros livros.

 

 

Entre os outros livros lançados, estão A Outra Volta do Parafuso (1898) e Os Papéis de Aspern (1888) – James é um escritor a ser descoberto. Daisy Miller e Um Incidente Internacional funcionam como um ótimo convite para que o leitor atravesse o hall do exuberante edifício literário que ele deixou representado por vinte romances, 112 contos, 12 peças teatrais, ensaios e relatos de viagem.

(Fonte: Veja, 22 de janeiro de 1992 – ANO 25 – Nº 4 – Edição 1218 – LIVROS/ Por RINALDO GAMA – Pág: 82/83)

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