Henrik Ibsen, dramaturgo norueguês, figura influente nas letras europeias no século 19, frequentemente citado como o pai do teatro moderno

0
Powered by Rock Convert

IBSEN, O CONSTRUTOR

Ibsen abordava em suas peças temas como relações de poder e convenções sociais

 

Henrick Ibesen - Henrik Johan Ibsen

Henrik Ibsen, pai do teatro moderno, figura influente nas letras europeias no século 19 (Foto: www.thefamouspeople.com/ Divulgação)

 

Henrik Johan Ibsen (Skien, Noruega, 20 de março de 1828 – Oslo, 23 de maio de 1906), dramaturgo norueguês, pai do teatro moderno, figura influente nas letras europeias no século 19, frequentemente citado como o pai do teatro moderno. É considerado por alguns especialistas como o segundo mais influente autor de teatro (depois de William Shakespeare).

Filho de um próspero comerciante que perdeu toda a fortuna, o dramaturgo e poeta deixou a Noruega em 1864, retornando definitivamente apenas 27 anos depois. Morou em cidades como Roma, Dresden e Munique, mas suas histórias são ambientadas no país natal, onde é hoje uma espécie de herói nacional.

Desafiando a moral da burguesia à qual o próprio Ibsen pertencia, suas peças questionam convenções sociais e enfrentam tabus. Seu teatro aponta as contradições das instituições: a família, o governo, a sociedade, a imprensa.

 

Quatro peças fundamentais de Henrik Ibsen

 

Em duas fases de sua produção: os dramas realistas contemporâneos (“Espectros” (1881) e “Um Inimigo do Povo”) e os dramas psicológicos e simbólicos (“Heda Gabler” e “Solness, o Construtor” 1892), compreendem um obra representativa em qualidade que soma 26 peças – também ficaram célebres “Peer Gynt” (1867), “Casa de Bonecas” (1879) e “O Pato Selvagem” (1884), entre outras.

Em “Um Inimigo do Povo” (1882), Dr. Stockmann trava uma batalha individual ao revelar a contaminação de um balneário enquanto é acusado de comprometer, com sua denúncia, a principal atividade econômica da cidade.

Ao defender o interesse coletivo, Stockmann torna-se um inimigo público devido a um jogo de manipulação dos poderosos. É do protagonista da peça uma das frases mais célebres escritas por Ibsen: “O homem mais forte do mundo também é o que mais está sozinho.”

 

Adaptada cerca de quarenta vezes para o cinema e para a televisão, Hedda Gabler (1890), uma de suas obras-primas, oferece um estudo da psique feminina e suas estratégias ao descrever o projeto de vingança pessoal de uma mulher da alta sociedade. Espectros (1881), que chegou a ser proibida em vários países, trata de temas como a ocorrência de doenças venéreas, filhos bastardos, abuso sexual e até eutanásia no seio de uma família tradicional.

Outro texto que despertou polêmica desde a estreia foi Um Inimigo do Povo (1882), no qual o embate com a sociedade fica ainda mais nítido. Na peça, os habitantes de uma cidade são levados, com a anuência e a participação dos poderes públicos, da imprensa e da elite econômica local, a optar por colocar em risco a saúde de moradores e turistas em troca da preservação de sua principal fonte de renda. Solness, o Construtor (1892), escrita na última fase da vida do autor, aborda temas como desejos irrealizados, paixões platônicas e crepusculares, a morte e a impotência, integram o repertório de companhias teatrais de todo o mundo e contribuíram para que o autor se tornasse o mais encenado no mundo desde William Shakespeare.

 

 

Clássicos são assim, atemporais, de grande importância revolucionária do dramaturgo. Não há tema controverso que Ibsen já não tenha tratado em sua dramaturgia.

James Joyce resolveu aprender norueguês apenas para poder ler o grande dramaturgo no original, tamanha era sua devoção.

 

O autor

 

Tido como o pai do realismo no teatro moderno, Ibsen foi um dos grandes provocadores da literatura, com um olhar clínico e uma disposição aguerrida de encarar a hipocrisia e os tabus da convivência. Suas peças mostram sucessivas quebras de aparência, revelações incômodas e bruscas mudanças de situações – além de propor discussões de ordem moral.

Henrik Ibsen viveu boa parte da vida adulta longe da Noruega, morando na Itália e na Alemanha durante 27 anos, mas todas as suas obras se passam em seu país natal e foram escritas em norueguês. Nasceu em Skien, cidade portuária na qual seu pai controlava o embarque de madeira. Aos 7 anos, a falência dos negócios e o impacto psicológico sentido pela mãe se refletiram nos assuntos de suas peças, em que são comuns os problemas financeiros e os efeitos desagregadores provocados nas famílias.

Depois de fracassar na tentativa de iniciar estudos de medicina, Ibsen pôde exercitar sua vocação de dramaturgo e encenador ao se encarregar, por cinco anos, da direção artística de um teatro na cidade de Bergen. Nesse período, o autor se dedicava a um projeto romântico-nacionalista que gerou pelo menos uma peça célebre em versos, Peer Gynt (1867). A bancarrota do teatro de Bergen coincidiu com a adoção do veio realista que chamaria atenção além das fronteiras da Noruega. O marco dessa transição foi justamente Casa de bonecas.

Ibsen foi um dos abalos sísmicos que constituíram o grande terremoto trazido pelo modernismo à cultura ocidental. Nas palavras de Aimar Labaki, “para além de uma obra teatral responsável pela fundação do drama moderno, o trabalho de Ibsen criou, na linha de Freud, Darwin, Marx e Einstein, a base do que seria a consciência do homem ocidental no século xx”. É famosa a carta escrita a ele por um jovem James Joyce deslumbrado por suas inovações. E figuras cardeais do teatro do século XX, como George Bernard Shaw e Eugene O’Neill, reconheceram a dívida com Ibsen.

(Fonte: Zero Hora – Ano 54 – N° 18.985 – 15 de janeiro de 2018 – TEATRO / Por Fábio Prikladnicki – Pág: 4)

(Fonte: https://carambaia.com.br)

Powered by Rock Convert
Share.