Henning Albert Boilesen, presidente de uma das maiores empresas do Brasil

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Um empresário bem sucedido capaz de subir de contador a presidente na hierarquia de uma das maiores empresas do Brasil

Henning Albert Boilesen (Copenhague, Dinamarca, 14 de fevereiro de 1916 – São Paulo, 15 de abril de 1971), empresário dinamarquês radicado no Brasil, nascido pobre, durante a Primeira Guerra mundial, segundo filho de uma família de seis irmãos, ele muitas vezes revelou a seus amigos mais íntimos que sempre se sentiu um homem destinado a grandes empreendimentos. Um sotaque carregado que não perdeu em mais de trinta anos de Brasil. Médico frustrado, ágil dançarino, ganhador de concursos de valsa na Dinamarca, sua terra natal.

As dificuldades de infância (sua família dividia com outras uma espécie de casa de cômodos) seriam, segundo ele, responsáveis pela sua vontade férrea de vencer competindo livremente. Enquanto lutou boxe, cuidava da saúde como se fosse um profissional. No futebol, conseguiu ser um ponta-esquerda razoável, pelo menos para os padrões da Dinamarca. Foi quase sempre o primeiro aluno da classe. Ganhou certa vez uma medalha como omelhor escoteiro de toda a Escandinávia. E mais tarde viria a ser um bom exemplo do que os americanos costumam definir como um “self made man”.

Quando chegou ao Brasil, em 1939, trazia 1 conto de réis. Empregou-se na Firestone, no departamento de contabilidade (era diplomado em administração de empresas e contabilidade industrial), e em 1952 transferiu-se para a Ultragaz. Em quinze anos chegou à presidência da companhia. Cercado de secretárias eficientes, ele foi várias vezes surpreendido na sua sala, falando com gestos largos da experiência maravilhosa de ter vindo para o Brasil. Levado, em função de seu cargo, aos centros de decisões, tendo uma filha casada com o filho do brigadeiro Faria Lima, ex-prefeito de São Paulo, Boilesen foi um dos primeiros e mais entusiasmados entre os homens de negócios a se engajarem em projetos do governo após a Revolução de 1964.

Um revolucionário – Quase todas as iniciativas das autoridades brasileiras eram apoiadas por ele, teórica ou praticamente, quando era possível e necessária essa colaboração. Leitor atento dos artigos do ex-ministro Roberto Campos, convivia com altas autoridades. Na véspera de sua morte, esteve numa reunião com o coronel Otávio Costa, chefe da Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República. Naquela noite, como convidado especial, o coronel Otávio Costa jantou em sua casa no Morumbi.

Era amigo pessoal de alguns dos atuaias ministros e, juntamente com Jarbas Passarinho, da Educação, estruturou o centro de Integração Escola Empresa (“o Brasil tem muito bacharel e poucos técnicos”, dizia Boilesen). Essa preocupação do industrial em resolver os grandes problemas nacionais o teria levado, a idealizar uma associação de combatentes da subversão na área empresarial. Boilesen passou a ser o sócio número um dessa associação, “o primeiro herói desses novos combatentes”.

Henning Albert Boilesen foi morto com dezenove balas de metralhadora que esfacelaram o crânio, numa incrível explosão de violência em um bairro elegante de São Paulo.

 

(Fonte: Veja, 18 de junho de 1975 – Edição 354 – DATAS – Pág: 79)

(Fonte: Veja, 21 de abril de 1971 – Edição 137 – BRASIL – Pág: 22/23)

 

 

 

 

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