Argentino radicado no Brasil fez sucessos como ‘O Beijo da Mulher-Aranha’, filme rendeu Oscar de melhor ator a William Hurt, e ‘Carandiru’
Argentino radicado no Brasil era um dos grandes nomes do cinema nacional
Héctor Eduardo Babenco (Mar del Plata, na Argentina, 7 de fevereiro de 1946 – São Paulo, 13 de julho de 2016), cineasta argentino-brasileiro
Nascido em fevereiro de 1946 em Mar del Plata, na Argentina, filho de imigrantes russos e poloneses, Hector Babenco trabalhou como alfaiate antes de fugir da Argentina por não querer servir ao exército. Viajou pela Europa e fez de tudo um pouco, desde lavar pratos a fazer uma lendária participação como figurante nos filmes de Sergio Leone.
O primeiro longa-metragem do cineasta foi “O Rei da Noite” (1975). Estrelado por Paulo José e Marilia Pêra, o longa mostra a história de Tertuliano, narrada por ele mesmo, desde sua infância até a velhice.
Nascido em uma família paulistana tradicional, mas já arruinada, Tertuliano tem de conviver com a doença mental do pai, o ocaso familiar e uma série de casos amorosos.
Babenco vivia no Brasil desde o início da década de 1970, aos 19 anos de idade e, fixou residência e descobriu a paixão pelo cinema se naturalizou brasileiro em 1977. Foi casado com Xuxa Lopes, Raquel Arnaud e Bárbara Paz. Sua estreia no cinema foi em 1973, com o documentário O Fabuloso Fittipaldi. Quatro anos depois, lançaria seu primeiro sucesso de público: Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia , visto por 5,4 milhões de espectadores.
Diretor aclamado
Um dos nomes mais importantes do cinema nacional, o diretor foi indicado ao Oscar de melhor diretor com “O Beijo da Mulher Aranha”, em 1986. O filme contrapunha as fantasias glamourosas de um homossexual (William Hurt, que também ganhou a Palma de Ouro) e seu engajado companheiro de cela (Raul Julia).
Em 1981, Babenco lançou Pixote – A Lei do Mais Fraco, filme indicado a Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, e em 1985 comandou O Beijo da Mulher-Aranha , coprodução entre Brasil e Estados Unidos que rendeu o Oscar de melhor ator a William Hurt e ainda recebeu outras três indicações, nas categorias de filme, direção e roteiro adaptado. Sônia Braga e Raul Julia (“Família Adams”) também estavam no elenco.
O sucesso de O Beijo da Mulher-Aranha levou Babenco a Hollywood, onde dirigiu Ironweed (com Jack Nicholson e Meryl Streep) e Brincando nos Campos do Senhor (com John Lithgow e Daryl Hannah).
Apesar dos astros norte-americanos e de ser falado em inglês, o filme tinha equipe e elenco brasileiros. Isso não impediu que a produção faturasse US$ 17 milhões nos Estados Unidos.
O longa “Pixote: A lei do mais fraco” (1981) caiu nas graças da imprensa mundial – é adorado por gente como o diretor Spike Lee e o cantor australiano Nick Cave –, conseguiu uma indicação ao Globo de Ouro e foi considerado o terceiro melhor filme estrangeiro da década pela Associação de Críticos dos Estados Unidos, perdendo apenas para Ran, de Akira Kurosawa, e Fanny e Alexander, de Ingmar Bergman.
Coração Iluminado, seu filme seguinte, marcou o reencontro com a Argentina, antes de um novo sucesso de público no cinema brasileiro: Carandiru, de 2003, que é baseado no livro Estação Carandiru, de Drauzio Varella, que aborda o cotidiano na extinta Casa de Detenção de São Paulo antes e durante o massacre de 1992. O filme chegou ao disputado Festival de Cannes.
Já “Carandiru” (2003) reuniu um elenco estrelado – inclusive Rodrigo Santoro, no papel de um travesti. O público correu às salas para assistir: 4,6 milhões de espectadores. Tamanho sucesso rendeu até uma série para a televisão.
O último longa do cineasta, Meu Amigo Hindu , foi lançado em março deste ano. Nele, Babenco recria a própria luta contra um câncer no sistema linfático, que durou oito anos. “Meu Amigo Hindu”, seu último trabalho, foi lançado em 2016 e conta com William Dafoe como protagonista. O filme sobre um diretor chamado Diego, que descobre um câncer em estado terminal. Quando confrontado pela Morte (Selton Mello), ele expressa só um desejo: realizar mais um filme, é inspirado na experiência do próprio Babenco, que lutou contra um câncer no sistema linfático nos anos 1990.
Héctor Babenco morreu em 13 de julho de 2016, aos 70 anos de idade, ele sofreu uma parada cardíaca em casa e foi levado ao Hospitral Sírio Libanês, em São Paulo.
(Fonte: https://cinema.terra.com.br – ENTRETENIMENTO – CINEMA – 14 JULHO 2016)
(Fonte: http://gente.ig.com.br/2016-07-14 – GENTE – Por iG Gente – 14/07/2016)