Frans Brüggen, foi um dos mais importantes músicos clássicos dos nossos tempos

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Foi um dos mais importantes músicos clássicos dos nossos tempos

Frans Brüggen, grande músico

Frans Brüggen, grande músico

Franciscus (“Frans“) Jozef Brüggen (Amsterdã, 30 de outubro de 1934 – Amsterdã, 13 de agosto de 2014), músico extremamente importante no cenário da música clássica mundial

Figura chave na redescoberta da flauta de bisel no século XX e brilhante maestro no âmbito do repertório barroco e clássico, o holandês Frans Brüggen faz parte da geração de ouro que impôs definitivamente o movimento da música antiga interpretada em instrumentos de época de acordo com as práticas de execução históricas no panorama internacional.

Holandês, no início de sua longa carreira o músico era um virtuose da Flauta Doce e da Flauta Transversa Barroca, e com estes instrumentos formou uma série de conjuntos e se apresentou por todo o mundo. Em 1981 funda a “Orquestra do século XVIII”, uma das primeiras orquestras a utilizarem apenas instrumentos históricos. Com um enorme grau de excelência eles apresentaram e gravaram um vasto repertório, no qual se destacam obras de Rameau, Mozart, Haydn, Beethoven, Schubert e Mendelssohn. Sua gravação da íntegra das 9 Sinfonias de Beethoven está entre as mais perfeitas já realizadas. 

Frans Brüggen demonstrou de forma clara que tocar música antiga (barroca ou clássica) não tinha nada de aborrecido. Ao contrário, suas versões eram entusiasmadas, mesmo nos últimos anos, quando sua saúde já estava comprometida. Atuou como maestro convidado de diversas orquestras importantes, entre as quais a Real Orquestra do Concertgebow de sua cidade natal Amsterdam. Frans Brüggen foi o responsável por se sair da teoria em termos de prática instrumental barroca, e passar a se fazer música antiga com prazer e grande eficácia. Sem seu trabalho orquestras de instrumentos de época como Les Musicien du Louvre (França) ou a Orchestra of the Age of Enlightenment (Inglaterra) teriam uma história bem diferente.

Depois de ter revelado ao mundo como a flauta de bisel podia ser um instrumento fascinante, Brüggen converteu-se num mestre que inspirou gerações de instrumentistas e num dos mais admirados maestros especializados na música do Barroco e do Classicismo.

Frans Brüggen (1934-2014): o maestro que ressuscitou a flauta de bisel (Foto: KIPPA FREEK VAN ASPEREN/AFP)

Frans Brüggen (1934-2014): o maestro que ressuscitou a flauta de bisel (Foto: KIPPA FREEK VAN ASPEREN/AFP)

 

Pioneiros como Arnold Dolmetsch ou Wanda Landowska tinham aberto o caminho, mas foi com personalidades como Nikolaus Harnoncourt, Gustav Leonhardt, Anner Bylsma, os irmãos Kuijken ou o próprio Frans Brüggen que a corrente que viria a ser designada como “interpretação historicamente informada” ganhou a partir da década de 1950 os alicerces que a fizeram explodir em múltiplas direções. Para além dos princípios gerais que implicavam o estudo dos tratados antigos, estilos e práticas interpretativas, assim como dos contextos que deram origem às obras, vários destes músicos tiveram papéis fundamentais na reabilitação de instrumentos que tinham ficado no esquecimento ao longo de quase dois séculos ou que entretanto tinham sofrido modificações.

É o caso de Leonhardt no caso do cravo ou de Bylsma no âmbito do violoncelo barroco, ambos amigos e parceiros de Brüggen em interpretações notáveis do repertório barroco. Frans Brüggen foi o primeiro músico a obter um diploma em flauta de bisel no Muzieklyceum de Amesterdão. Foi aluno de Kees Otten, que tinha sido discípulo de Karl Dolmetsch (pioneiro na redescoberta do instrumento no século XX) e especializou-se também nas versões históricas da flauta traversa, domínios que combinou com estudos no campo da musicologia na Universidade de Amsterdã.

Durante as décadas de 1960  e 1970 acabaria por se converter na primeira estrela internacional da flauta de bisel, um instrumento que antes era visto como limitado e que ainda hoje é por vezes considerado apenas como uma ferramenta didática para crianças.

Brüggen não só devolveu a nobreza de estatuto à flauta de bisel como deu a conhecer ao mundo o seu fascinante repertório da Renascença e do Barroco em interpretações marcadas por uma impressionante agilidade e fluência técnica, meticulosas articulações e variedade de ataques e por uma infinidade de nuances expressivas. A preocupação pelo rigor histórico aliava-se ao seu talento artístico, bem como às capacidades pedagógicas e ao lendário entusiasmo que incutia aos seus alunos, com impacto em várias gerações de músicos.

Brüggen foi professor no Real Conservatório de Haia, Erasmus Professor na Universidade de Harvard e Regents Professor na Universidade de Berkeley e interessou-se também pela música contemporânea. Chegou a fundar um grupo de vanguarda em 1972 (Sourcream) e encomendou várias obras para flauta, das quais a mais conhecida é Gesti (1966), de Luciano Berio.

A carreira de Brüggen como flautista solista começou a ficar em segundo plano à medida que crescia o seu interesse pela direção de orquestra, domínio onde atingiu igualmente uma elevada estatura. Um passo decisivo foi a criação da Orquestra do Século XVIII em 1981, um projecto nascido em conjunto com o musicólogo Sieuwert Verster. Formada por membros de 22 países diferentes, rapidamente atingiu grande notoriedade internacional graças às digressões anuais e ao contrato discográfico com a Philips.

Inicialmente o repertório incidia principalmente no Barroco (Purcell, Bach, Rameau), mas rapidamente se estendeu ao Classicismo (Haydn, Mozart) e aos primórdios do Romantismo (Beethoven, Schubert e Mendelssohn). As suas excelentes gravações podem também encontrar-se em etiquetas como a Harmonia Mundi e a Glossa. Juntamente com os registos como solista e músico de câmara formam um legado imponente de mais de cem discos e revelam o característico gosto de Brüggen pelo detalhe e pela transparência, mas também o seu carisma, energia e inteligência musical.

Como maestro convidado, Frans Brüggen dirigiu diversas formações de primeiro nível como Orquestra do Real Concertgebouw, a Orquestra da Idade do Iluminismo (da qual foi maestro convidado principal), a Orquestra de Câmara da Europa, Sinfônica de Birmingham, a Orquestra do Tonhalle de Zurique, e as Filarmônicas de Roterdão, Israel, Oslo, Hamburgo, Viena e Estocolmo, entre outras.

Deixou também a sua marca no Coro Gulbenkian, que estabeleceu uma frutuosa colaboração com a Orquestra do Século XVIII na década de 1990, da qual resultaram diversas digressões conjuntas (com atuações na Holanda, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Holanda, Japão e China) e gravações como a Nona Sinfonia, de Beethoven, e A Criação, de Haydn.

No próximo dia 30 de outubro, Brüggen tencionava celebrar o seu 80.º aniversário com a Orquestra do Século XVIII, agrupamento que fundou em 1981 e que protagonizou muitas das suas inesquecíveis gravações dedicadas a compositores como Bach, Rameau, Haydn, Mozart e Beethoven, mas a morte acabaria por surpreendê-lo, em Amsterdã, a sua cidade natal.

Frans Brüggen faleceu aos 79 anos de idade, em Amsterdã.

(Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blogs – FALANDO DE MÚSICA/ Por Osvaldo Colarusso – 13/08/14)

(Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia-19342014- CULTURA ÍPSILON/ Por CRISTINA FERNANDES – 14/08/2014)

 

 

 

 

 

 

Frans Brüggen, um dos mais importantes músicos clássicos dos nossos tempos

Frans Brüggen, maestro holandês que se destacou na recuperação do repertório pré-romântico e na escolha do Coro Gulbenkian para as suas gravações

 

Frans Brüggen tinha uma carreira de mais de meio século, marcada pela investigação musicológica e o resgate de obras e de compositores do Barroco, em particular, como Johann Sebastian Bach, Georg Philipp Telemann ou Handel, mas também de precursores do Romantismo, como Beethoven ou Felix Mendelssohn, interpretando-os em contexto histórico.

 

Nascido em 1934, estudou musicologia na Universidade de Amsterdã, foi professor no Conservatório Real de Haia, docente em universidades como a de Harvard, nos Estados Unidos, flautista das principais orquestras, como a Orquestra Real do Concertgebouw, e um dos primeiros solistas do repertório barroco na atualidade.

Com o cravista e musicólogo Gustav Leonhardt, falecido no início de 2012, e o violoncelista Anner Bylsma – outros dois protagonistas, na fundação do movimento de interpretação historicamente informada, na década de 1960 -, interpretou compositores como os italianos Antonio Vivaldi e Arcangelo Corelli, o francês Jean-Philippe Rameau ou o inglês Henry Purcell, recuperando-os para o repertório.

No início da década de 1980, Brüggen esteve na fundação da Orquestra do Século XVIII, uma das primeiras de grande dimensão (preparada para repertório sinfónico), a fazer música com instrumentos de época, autênticos ou em réplicas.

Entre as gravações mais premiadas de Brüggen conta-se a integral das Sinfonias de Beethoven, que fez com a Orquestra do Século XVIII e o Coro Gulbenkian, que também escolheu para fazer “Sonho de uma noite de verão”, de Mendelssohn, com as sopranos portuguesas Orlanda Velez Isidro e Manuela Moniz, e “A Criação”, de Joseph Haydn.

Brüggen dirigiu frequentemente o Coro e a Orquestra Gulbenkian, nas temporadas de música da Fundação e em digressões internacionais.

Desse trabalho destaca-se, entre outras, a interpretação da Missa em Si, de Bach, com o tenor Ian Bostridge e a soprano Maria Cristina Kiehr, na temporada de 1999/2000.

O maestro também era presença regular nos antigos Encontros Internacionais de Música da Casa de Mateus e nos ciclos de música do programa radiofónico Em Órbita, promovidos pelo arquiteto Jorge Gil, até ao início dos anos 2000.

“A abordagem de Brüggen foi caracterizada por uma qualidade notável de deixar a música falar por si mesma”, escreveu hoje o crítico do jornal britânico The Guardian, Tom Service, na edição na internet. “Era um mundo completamente diferente e de forma mais consistente lírica”, o que revelava, em relação a outros intérpretes.

Brüggen cumpria este verão uma nova digressão com a Orquestra do Século XVIII, com base na Missa em Si, de Bach, na integral das sinfonias de Beethoven, que voltara a gravar, e na nova edição das últimas três sinfonias de Mozart, com as quais acabara de receber o Diapason d’Or. A digressão previa a interpretação da ópera “Cosí fan tutte”, de Mozart, na Holanda, e a apresentação no Festival Chopin, em Varsóvia.

A organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO), atribuiu a Frans Brüggen o Prêmio Internacional de Música.

Frans Brüggen morreu na quarta-feira, em sua casa, em Amesterdã, aos 79 anos.

(Fonte: https://www.dn.pt/artes – DIÁRIO DE NOTÍCIAS – ARTES – 15 DE AGOSTO DE 2014)

(Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br – FALANDO DE MÚSICA / Por Osvaldo Colarusso – 13/08/2014)

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