François Morellet, artista francês, grande nome do abstracionismo geométrico

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Precursor da arte geométrica

Grande nome do abstracionismo geométrico

 

 

François Morellet à frente de uma instalação com tubos de luz no Centro Pompidou, que abrigou em 2011 uma retrospectiva de sua obra - (Foto: PIERRE VERDY / AFP)

François Morellet à frente de uma instalação com tubos de luz no Centro Pompidou, que abrigou em 2011 uma retrospectiva de sua obra – (Foto: PIERRE VERDY / AFP)

 

 

Foi um dos artistas mais influentes da chamada arte cinética e famoso por suas esculturas de tubos de néon

 

 

François Morellet (Cholet, 30 de abril de 1926 – Paris, 10 de maio de 2016), artista francês, foi um dos nomes mais conhecidos da arte contemporânea francesa

Começou a pintar aos 14, numa trajetória comum à época: paisagens, retratos e naturezas-mortas. Mas, logo após a Segunda Guerra, já estudando em Paris, abandonou o figurativismo e voltou-se para a abstração, que o tornaria reconhecido e reverenciado. Com o tempo, passou a usar materiais simples, como tecidos e, a partir dos anos 1960, predominantemente, tubos de luz néon, desenvolvendo um estilo limpo e geométrico.

Foi nos anos 1960 que se juntou ao GRAV (sigla em francês para Grupo de Pesquisa em Arte Visual), grupo de artistas cinéticos atuante de 1960 a 1968, que explorou as possibilidades das artes visuais de modo científico e experimental.

Nascido em 30 de abril de 1926 em Cholet, no oeste da França, numa família de classe média, Morellet iniciou sua pesquisa com a arte abstrata em 1950.

“De 1953 a 1958, François Morellet criou a sua própria linguagem feita de linhas paralelas ou concêntricas, quadrados ou triângulos, faixas ou traços, preto e branco ou poucas cores”, escreve o historiador de arte Serge Lemoine no texto do catálogo da exposição.

Segundo o crítico, o artista teve como referências importantes na época o neoplasticismo de Piet Mondrian, as ideias do escultor Max Bill – descoberto por ele por meio do encontro com o artista brasileiro concreto Almir Mavignier, de quem se tornou amigo, durante sua vinda ao Rio no final dos anos 1950 – e o deslumbramento com os “entrelaçamentos da Alhambra em Granada”.

“Procuramos ver cada vez mais claro. Para atingir esse objetivo fazemos uso da linguagem mais simples e menos equívoca possível”, afirmou Morellet em texto da revista Ishtar em 1958. O pintor, que foi marcado pela geometria da arte islâmica, também recebeu a influência de artistas cinéticos. Na década de 1960, representado pela galerista Denise Renée, integrou o Groupe de Recherche d’Art Visuel ao lado do franco-argentino Julio Le Parc.

Em 1963, Morellet começou a utilizar tubos de néon em seus trabalhos. “Os néons eram uma provocação, eram vulgares e impossíveis de vender (tive de esperar 20 anos antes de vender o primeiro!). Hoje são chiques, caros, e muito procurados”, contou o francês em entrevista concedida em dezembro de 2015 ao curador Hans Ulrich Obrist, reproduzida no catálogo da mostra As Regras do Jogo.

Já nas pinturas, François Morellet desenvolveu um método semelhante, em música, ao de John Cage, atribuindo ao acaso um papel normalmente desprezado por outros artistas. Os seus primeiros desenhos abstratos são de 1948. Antes, o artista, filho de um industrial fabricante de carrinhos de bebê e colecionador, foi inspirado pela arte primitiva da Oceania, especialmente, as “tapas”, trabalhos geométricos abstratos, com formas repetitivas, feitos pelas mulheres.

François Morellet morreu em 10 de maio de 2016, em Paris, poucos dias depois de completar 90 anos.

A inauguração de sua mostra na Dan Galeria ocorreu justamente no dia do seu aniversário. “Ainda não falamos com sua família, mas ele estava bem de saúde”, conta Flávio Cohn, curador da individual do francês na Dan Galeria. As Regras do Jogo, que reúne mais de 30 obras criadas pelo pintor nos anos 1960 e 70, considerado o mais representativo de sua trajetória, é apresentada simultaneamente, até o dia 27, na Mayor Gallery de Londres.

PRESENÇA NO BRASIL

Ao longo de sua carreira fez mais de 130 individuais, sendo homenageado com retrospectivas como a do Centro Pompidou, em Paris, em 2011, além de grandes exposições no Museu de Arte Moderna de Paris, no Museu d’Orsay e no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York.

O Rio também se inseriu nesse circuito. Em 2004, o Centro de Arte Hélio Oiticica abrigou a primeira individual do artista na América Latina. Na ocasião, Luiz Camillo Osorio, então crítico do Segundo Caderno, destacou o “trabalho inteligente, preciso e lírico” do artista, em que simplicidade e humor se uniam a formas geométricas que surpreendiam o visitante.

São palavras do artista, num texto de 1958: “Estamos persuadidos de que das relações mais simples (entre elementos geométricos, por exemplo) podemos extrair não só um profundo prazer estético, mas também uma compreensão cada vez maior do nosso próprio sentimento estético”.

A exposição no Rio, cuja montagem acompanhou, não era a sua primeira vez na cidade. Em 1950, aos 24 anos, temeroso de que a Guerra da Coreia se espalhasse para a Europa, desembarcou aqui com a mulher. O casal tinha visto de imigrante, mas, como suas previsões pessimistas não se confirmaram, acabou retornando à França um ano depois.

O seu período carioca, no entanto, foi fértil. Conheceu a obra do suíço Max Bill, premiada na I Bienal de São Paulo, em 1951, e teve contato com colegas como Ivan Serpa, Rubem Valentim, Abraham Palatnik e o crítico Mário Pedrosa, que ele mesmo reconhecia terem sido fundamentais para nortear seu rumo em direção ao abstracionismo.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais – CULTURA – ARTES VISUAIS /POR O GLOBO – 11/05/2016)

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(Fonte: http://istoe.com.br – VARIEDADES – 11.05.16)

Estadão Conteúdo

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes – CULTURA – ARTES / Camila Molina, O Estado de S. Paulo – 11 Maio 2016)

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