Foi um dos primeiros negros americanos a tornar-se ator

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Woody Strode (Los Angeles, 25 de julho de 1914 – Glendora, 31 de dezembro de 1994), foi um atleta de decatlo e futebol americano, e um dos primeiros negros americanos a tornar-se ator. Foi nomeado para um Globo de Ouro para “Melhor Ator Coadjuvante” pelo seu papel no filme Spartacus de 1960.

Consagrado como atleta, Woody Strode iniciou uma carreira no show bizz, filmando sem parar nos anos 40 e 50, mas eram papéis pequenos, secundários em filmes também secundários. OS EUA, este grande país, sempre foram ambivalentes e gostaria de lembrar que Hattie McDaniel, a genial mucama de Scarlet O’Hara, ganhou o Oscar de coadjuvante de 1939 por ‘… E o Vento Levou’, mas não pôde ir à estreia do filme em Atlanta porque as leis raciais da Georgia impediam que uma mulher negra se sentasse com brancos na mesma plateia.

Woody Strode talvez permanecesse um ator ‘de fundo’, mas por volta de 1960 algo se passou em sua carreira e foi o encontro com dois dos maiores diretores do cinema. Ele já havia feito um papel na arena de ‘Demetrius e os Gladiadores’, mas aí Stanley Kubrick lhe deu aquele personagem magnífico em ‘Spartacus’.

 

‘Spartacus’

Woody Strode, figura majestática, imponente em ‘Spartacus’ (Foto: CINEPHILIA and FILMMAKING/ Divulgação)

 

Simultaneamente, Woody Strode iniciou sua parceria com John Ford em ‘Audazes e Malditos’, ‘O Homem Que Matou o Facínora’, ‘Terra Bruta’ – onde o grande diretor fez com que interpretasse um pele-vermelha! – e ‘Sete Mulheres’.

Woody Strode tinha aquela figura majestática, imponente, que Ford e Kubrick sacralizaram. Nos 60, foi a vez de os italianos o descobrirem e ele fez aquele papel na abertura de ‘Era Uma Vez no Oeste’, – de Sergio Leone –, mas grande mesmo foi o Cristo negro de ‘Sentado à Sua Direita’, a paráfrase bíblica de Valerio Zurlini (1926-1982), que o grande diretor fez em 1968, um ano emblemático, antes de ‘A Primeira Noite de Tranquilidade’ (La Prima Notte di Quette), com Alain Delon. Outros atores negros tiveram maior reconhecimento na história do cinema, outros ganharam mais dinheiro, mas nenhum teve o privilégio de ser chamado de amigo por John Ford nem de ter convivido com autores de gênio, que fazem parte da história.

Ele escreveu um livro autobiográfico, ‘Goal Dust’.

Hierático, majestoso, como ‘Captain Buffalo’, que é como eram chamados os soldados negros que integravam a Cavalaria, em ‘Audazes e Malditos’, de Ford, que usava como fundo as canções dos Sons of the Pioneers. Ford personificava, mais até do que amava, o espírito ‘americano’.

Conta a lenda que um executivo de Hollywood mandou chamar John Ford com urgência a seu escritório e o mestre fez saber que não podia ir, porque estava conversando com seu amigo Woody Strode. Quando ele surgiu como atleta – de decatlo e futebol –, matar negros era esporte de brancos no Sul dos EUA. Foram necessárias muitas décadas para que os negros adquirissem direitos civis, para que astros negros conquistassem Hollywood.

Woody Strode morreu em 31 de dezembro de 1994.

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br – CULTURA/ Por Luiz Carlos Merten – 05 Novembro 2008)

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