Foi um dos primeiros a transformar um produto descoberto na natureza em medicamento vendido em larga escala

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Farmacologista e médico, o pesquisador ficou conhecido mundialmente após a descoberta do medicamento Captopril, amplamente usado no combate à hipertensão.

Sérgio Henrique Ferreira (Foto: Matuiti Mayezo - 7.jul.1995/Folhapress)

Sérgio Henrique Ferreira – Premiado cientista descobridor de remédios (Foto: Matuiti Mayezo – 7.jul.1995/Folhapress)

Conhecido como um dos principais cientistas do Brasil, um dos primeiros a transformar um produto descoberto na natureza em medicamento vendido em larga escala

Sérgio Henrique Ferreira (Franca, São Paulo, 4 de outubro de 1934 – Ribeirão Preto, 17 de julho de 2016), pesquisador, médico e farmacologista da USP Ribeirão Preto e ex-presidente da SBPC

Nascido em Franca, São Paulo, em 4 de outubro de 1934, Sérgio ganhou notoriedade no Brasil e no exterior após descobrir o “Fator de Potenciação da Braticinina”, uma substância derivada do veneno da serpente brasileira jararaca, que é capaz de combater o aumento excessivo da pressão arterial.

Esse trabalho foi desenvolvido no Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto, e criou as condições necessárias para o desenvolvimento do medicamento Captopril.

O remédio foi desenvolvido depois da descoberta de Ferreira sobre o “fator de potencialização da braticinina”, peptídeo derivado do veneno da jararaca. De acordo com uma nota de pesar emitida pela SBPC, o primeiro trabalho sobre as propriedades da substância foi publicado no periódico “British Journal of Pharmacology”, em 1965. Os estudos levaram a uma nova classe de substância hipotensora. Segundo a entidade, estima-se que a venda mundial desses medicamentos já movimentou mais de US$ 8 bilhões.

Graças a essa pesquisa, o cientista brasileiro recebeu, juntamente com outros dois cientistas, em 1983, o Prêmio Ciba para Pesquisa sobre Hipertensão, outorgado pela Associação Americana do Coração. Em 1990, a Sociedade de Hipertensão Norueguesa instituiu o Prêmio Ferreira, que passou a ser entregue a cientistas que se destacassem na área de hipertensão.

Filho de mãe farmacologista e pai médico, Ferreira se iniciou na carreira de pesquisador logo que se formou em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP). Ao longo da carreira, ele angariou dezenas de prêmios, títulos e homenagens, como a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe da Grã-Cruz, de 1996, e o primeiro prêmio por excelência em pesquisa sobre a dor e gerenciamento em países em desenvolvimento (2005), da Associação Internacional de Estudos sobre a Dor (IASP, na sigla em inglês). Também recebeu, em 1990 e 1992, o prêmio da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS).

Membro da Academia Nacional de Ciências, dos EUA, e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o professor do Departamento de Farmacologia da USP em Ribeirão Preto orientou mais de 20 teses de doutorado e teve mais de 300 artigos publicados em periódicos científicos.

Foi membro da ABC (Academia Brasileira de Ciências) desde 29 de março de 1984 e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no período de 1997 a 1999, tendo recebido da entidade o título de seu presidente de honra.

NO EXÍLIO

Na Inglaterra, enquanto sua mulher, grávida, cursava o doutorado e preparava sua tese em psicologia na Universidade de Londres, Sérgio fez seu pós-doutorado no Royal College of Surgeons, também na capital britânica, sob a orientação de John Robert Vane (1927-2004), um dos laureados com o Prêmio Nobel de Medicina de 1982.

Enquanto participava dos trabalhos que deram a Vane o Prêmio Nobel pela descoberta dos processos bioquímicos de drogas analgésicas, entre elas as aspirinas, em menos de dois anos o jovem brasileiro publicou nessa mesma área sete importantes artigos que reforçaram sua projeção internacional já iniciada com a pesquisa sobre o BPF.

Sérgio conseguiu retomar suas atividades na USP de Ribeirão Preto, mas sua esposa havia perdido seu cargo, pois sua licença não havia sido renovada pela universidade. A situação dos dois ficou muito mais arriscada depois de o governo baixar o AI-5, em 1968, suspendendo os direitos e garantias individuais constitucionais. Com isso, eles decidiram retornar a Londres.

Sérgio partiu primeiro no início de 1970, para organizar a nova casa da família, enquanto sua mulher ficou em São Paulo hospedada pelo casal de físicos Amélia Império Hamburger (1932-2011) e Ernst Wolfgang Hamburger. Ambos eram professores da USP, também atuantes politicamente, e foram presos pouco tempo depois de Clotilde e seus filhos seguirem para Londres.

Nesse segundo exílio, no Reino Unido, Sérgio voltou a pesquisar com John Vane e, de 1971 a 1975, trabalhou como diretor de pesquisa da indústria farmacêutica Wellcome.

Além de diversos trabalhos sobre os processos bioquímicos da dor e da inflamação em parceria com outros pesquisadores, ele e Vane editaram livros que se tornaram referências nessas áreas, como “Inflammation” (1978) e “Anti-Inflammatory Drugs” (1979), pela editora científica alemã Springer.

Recebeu, em 1990 e 1992, o prêmio da Academia de Ciências do Terceiro Mundo. Também recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe da Grã-Cruz, em 1996, e o primeiro prêmio por excelência em pesquisa sobre a dor e gerenciamento em países em desenvolvimento, da Associação Internacional de Estudos sobre a Dor, no ano de 2005.

Sérgio Henrique Ferreira morreu em 17 de julho de 2016, na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC-UE), aos 81 anos. O médico travava luta contra o Alzheimer.

(Fonte: http://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/cotidiano/cidades/NOT,2,2,1184041 – ACidade ON – Da reportagem – RIBEIRÃO PRETO – COTIDIANO – CIDADES – 17/07/2016)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/07/1792994- COTIDIANO/ Por Maurício Tuffani – 18/07/2016)

(Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2016/07/19 – NACIONAL – Agência Estado – 9/07/2016)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia – SOCIEDADE – CIÊNCIA – POR O GLOBO – 19/07/2016)

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