Foi o primeiro presidente brasileiro de caráter mais popular – ou ‘populista’

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Com o slogan paz e amor, Nilo Peçanha foi o primeiro presidente de perfil popular do Brasil

 

Em junho de 1909, a morte de Afonso Pena levou o seu vice ao poder

 

Em junho de 1909, a morte de Afonso Pena levou o seu vice, Nilo Peçanha, ao poder. Ao ser perguntado sobre as bases da sua administração, o advogado fluminense respondeu: “paz e amor”. A expressão se tornou seu slogan ao longo do mandato de 17 meses.

 

“Por debaixo do lema singelo, se vislumbra uma tendência nova na política republicana: para muitos historiadores e biógrafos, Nilo Peçanha foi o primeiro presidente brasileiro de caráter mais popular —ou ‘populista’, como em geral preferem os críticos”, escreve o historiador Pietro Sant’Anna.

 

Peçanha gostava de andar pelas ruas do Rio de Janeiro, parando em bares e lojas para conversar. Bom orador, discursava com frequência nas praças da cidade.

 

Uma das principais marcas do seu governo foi a criação, em 1910, do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), precursor da Funai. O primeiro dirigente da instituição foi o marechal Cândido Rondon.

 

Um ano antes, Peçanha havia fundado a Escola de Aprendizes e Artífices, a primeira instituição brasileira de ensino técnico sem caráter militar.

 

Na campanha presidencial de 2002, durante uma visita a Rio Branco (AC), o candidato Luiz Inácio Lula da Silva disse uma frase que se tornaria famosa: “Lulinha agora é paz e amor”.

 

Fazia parte de uma estratégia de suavização da imagem do petista, que já tinha sido derrotado em três disputas anteriores para o Planalto.

 

Funcionou: Lula saiu vitorioso. Não era a primeira vez que a expressão aparecia associada ao exercício da Presidência da República.

 

Nilo Peçanha, nascido no distrito de Morro do Coco, é considerado o maior estadista fluminense tanto que foi o único campista que chegou a Presidência da República. Tem em sua história de vida várias vertentes, que o colocam na vanguarda político-administrativa da sua época.

 

Pequena biografia de Nilo Peçanha

 

Nascido em 1867 na freguesia de Morro do Coco, onde passou sua infância, Nilo Peçanha faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 31 de março de 1924. De família humilde, cresceu e conviveu com as questões sociais do final do Império. Fez os seus estudos primários em colégio público e ajudava o pai na padaria da família no Centro de Campos. Formado em Direito pela Faculdade do Recife, retornou à cidade natal, onde exerceu a advocacia e o jornalismo.

 

Já naquela época, sofreu preconceito por ser mestiço e defendeu o abolicionismo e a instauração do republicanismo. Com apenas 23 anos, já empolgava multidões com seus discursos republicanos. Não obstante, teve que conviver com preconceitos e discriminações ao longo de sua carreira, em virtude da origem humilde e sua tez morena.

 

A vida política de Nilo começa em 1890, quando foi eleito deputado da Assembleia Nacional Constituinte, pelo Partido Republicano. Exerceu legislaturas ordinárias posteriores, até 1903 (deputado estadual). Foi presidente do Estado do Rio de Janeiro em 1903 e Vice-Presidente da República, entre 1906 e 1909. Com a morte de Afonso Pena, assumiu a presidência, exercendo-a de 1909 a 1910.

 

Foi senador pelo Estado do Rio de Janeiro (1912-1914), chefe do executivo do Estado do Rio de Janeiro novamente (1914-1917), e Ministro das Relações Exteriores do Brasil (1917-1918).

 

 

A arte de fazer política

 

Nilo demonstrou domínio na arte da política. Era um exímio negociador e usava seu poder de persuasão com maestria. Nilo foi um dos primeiros a empregar a propaganda eleitoral para mobilizar a opinião pública, lançando mão dos recursos midiáticos disponíveis à época. Isto pôde ser constatado em sua campanha presidencial “Reação Republicana” (1922), a qual não lhe rendeu o cargo, a despeito de seus esforços.

 

Progressista e Positivista aguerrido, lutou pela revitalização econômica fluminense e sempre viu na educação a melhor forma de transformação de uma sociedade, tornando-a livre e próspera. Para ele, o Brasil do passado foi formado nas academias, mas o país do futuro sairia das oficinas. Desse modo, lutou pelo fim do analfabetismo, pela educação profissionalizante e pela industrialização, sem perder de vista a defesa da diversificação da agricultura nacional.

 

 

Curiosidades

 

  • Casado com Anna de Castro Belisário Soares de Sousa (Anita), teve 4 filhos: Íris, Nilo, Zulma e Mário Nilo, mas todos faleceram após o nascimento.

 

  • Quase que a sua primeira viagem à Europa em 1911 é cancelada, pois os navios não queriam levar o seu cachorro de estimação, um poodle de nome Jiqui. Felizmente o casal conseguiu um cargueiro italiano, que aceitou o ilustre passageiro.

 

  • Nilo possuiu em Campos desde 1900, um grande latifúndio denominado Fazenda da Loanda. Além de cana e uma extensa plantação de goiabas, ele foi o pioneiro na criação de búfalos no Brasil. Com o coração partido ele teve que vender a propriedade em 1910, para financiar sua primeira viagem à Europa, onde ficou por um ano e meio.

 

  • Ao contrário do que afirmam os dois biógrafos, Brígido Tinoco e Sindulfo Santiago, baseados em depoimentos da viúva Anita, Nilo não fez o seu curso primário em escola particular em Campos. Nessa época seu pai tinha uma padaria na Rua da Quitanda, 40 e ele seus dois irmãos, cursaram o ensino primário na Escola Pública do Becco, regida pelo professor Heleodoro de Paula Machado.

 

  • No cargo de chanceler no Ministério das Relações Exteriores em 1818, Nilo nomeou a soteropolitana Maria José de Castro Rebello Mendes, a primeira mulher a exercer um cargo público na velha república.
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