Foi o primeiro grande magnata do vídeo

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Foi o primeiro grande magnata do vídeo

William Samuel Paley (Chicago, Illinois, 28 setembro de 1901 – Nova York, 26 de outubro de 1990), gênio comercial, empresário americano, fundador da rede de rádio e televisão CBS, uma das três principais cadeias dos Estados Unidos, ao lado da ABC e da NBC.

Quando Bill Paley morreu, em outubro de 1990, falou-se pouco de sua coleção de arte. Relembrou-se o fundador da rede de televisão CBS, o primeiro grande magnata do vídeo, cujos tiques e truques transformaram-se em modelo para toda uma geração de similares espalhados pelo mundo. O gênio comercial que programava o maestro Arturo Toscanini para as manhãs mortas de domingo e faturava uma aura cultural para as patacoadas da programação vespertina.

Judeu, filho de um vendedor de charutos, casara-se com uma aristocrata, mas fora mantido à distância. Uma cunhada ressentida chegou a servir-lhe comida de cachorro num coquetel. Era um homem sem amigos, mau marido, péssimo pai.

Aberto o testamento de William S. Paley, sua coleção de arte estava doada ao Museu de Arte Moderna de Nova York, MoMA. Bill Paley, o empresário que amealhou perto de 500 milhões de dólares, desapareceu. No seu lugar surgiu William S. Paley, o filantropo. Aqueles quadros que haviam se transformado na única fonte de tranquilidade para o seu espírito transformaram-se também na única fonte de paz para sua biografia.

Mestre na manipulação de programações, noticiários e jornalistas, Paley cuidou de esculpir em vida sua própria biografia de mecenas. Se poder foi tamanho que quase conseguiu.

Paley foi um colecionador cauteloso e teve a grande sabedoria de não sair do catálogo de mestres da arte figurativa do in´cioo do século XX. Manteve até mesmo uma proporção audaciosa para o milionário-padrão. Colecionou mais Rouault que Renoir, mais Vuillard que Monet. Tinha dinheiro e poder demais para perceber quando exagerava.

Nas suas últimas semanas de vida, aos 89 anos, William Paley não conseguia dormir. Quando parecia que nada mais poderia tranquilizá-lo, as enfermeiras colocavam-no para um passeio pelo apartamento de vinte cômodos em que vivia, sozinho, na Quinta Avenida, Nova York. Paravam no saguão, onde ele contemplava mais uma vez o seu Garoto Conduzindo um Cavalo, de Pablo Picasso.

Seguiam para os salões, onde estavam uma deslubrante Odalisca de Henri Matisse e um retrato da taitiana Tehura, ninfeta favorita de Paul Gauguin. Entre essas três obras-primas, uma centena de outros quadros relembrava-lhe a vida que se acabava. Era comum que as enfermeiras repetissem o passeio várias vezes numa mesma noite.

Samuel Paley morreu dia 26 de outubro de 1990, aos 89 anos, de ataque cardíaco, em Nova York, Estados Unidos.

 

(Fonte: Veja, 7 de novembro de 1990 – Edição 1155 – DATAS – Pág; 98)

(Fonte: Veja, 12 de fevereiro de 1992 – ANO 25 – Nº 7 – Edição 1221 – ARTE/ Elio Gaspari, de Nova York – Pág: 84/85)

 

 

 

 

 

 

 

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