Foi a primeira tentativa de compor um governo organizado sem a figura do rei

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Os historiadores americanos foram os pioneiros ao mostrar que as qualidades individuais dos presidentes são mais decisivas para o sucesso do governo que as circunstâncias políticas e econômicas.

Afinal, a Presidência da República é invenção deles, dos pais da pátria que se reuniram na Filadélfia, em 1787, para escrever a Constituição dos Estados Unidos. Foi a primeira tentativa de compor um governo organizado sem a figura do rei.

“Chamemos essa força invisível do que quisermos, de personalidade, natureza humana ou caráter. O certo é que não se pode analisar o exercício do poder de um presidente sem levar em conta esse motor psicológico individual em funcionamento dentro de cada um deles”, escreveu o americano David McCullough, no livro “Poder e Presidência”. Ele sustenta que, em determinados momentos, a personalidade do governante é mais decisiva do que fatores materiais. “Não há como medir a importância do charme de Ronald Reagan ou a largueza de alma de Abraham Lincoln. Mas eles valeram mais que exércitos ou alianças políticas no Parlamento.”

Entre a declaração de independência e a promulgação da Constituição americana se passaram doze anos. Foi um período tão caótico que mexeu com as convicções republicanas de John Jay, que seria escolhido mais tarde primeiro presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos. Em desespero, Jay escreveu a George Washington argumentando se não era o caso de os Estados Unidos terem um rei.

Não era. Mas o país teve presidentes com poderes maiores que os das cabeças coroadas da Europa. Theodore Roosevelt rasgou um continente ao meio para fazer o Canal do Panamá. John Kennedy deu o primeiro passo para a conquista da Lua. “Nossos presidentes organizaram o poder à semelhança das monarquias e suas cortes”, diz o historiador americano Michael Beschloss. “Os Kennedy foram nossa família real.”

(Fonte: Veja, 12 de junho de 2002 – ANO 35 – Nº 23 – Edição 1755 – O poder da faixa/ Por Eurípedes Alcântara e Alexandre Secco – Pág: 36/37)

Com reportagem de Cláudio Bacal, Jacques Schop,
Luis Henrique Amaral, Sandra Brasil e Simone Mateos 

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