Foi a primeira mulher candidata a astronauta aprovada pela NASA

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Jerry Cobb, primeira mulher candidata a astronauta aprovada pela NASA

 

Apesar de selecionada, ela acabou nunca realizando seu grande sonho. ‘Eu daria a minha vida para voar no espaço, eu realmente daria’, disse, em sua última tentativa de participar de uma missão, aos 67 anos.

 

 

Jerry Cobb se prepara para operar o Multi-Axis Space Test Inertia Facility (MASTIF) no Centro de Pesquisas Lewis, em Ohio, durante treinamento para astronautas da NASA, em 1960 — (Foto: NASA via AP)

 

 

Jerry Cobb (Norman, Oklahoma, 5 de março de 1931 – Flórida, em 18 de março de 2019), foi  a primeira candidata a astronauta na América, piloto que pressionou pela igualdade no espaço, mas nunca chegou até ele.

Símbolo na luta por igualdade de gênero, ela nunca chegou a ir ao espaço. Em vez de mandá-la em missão espacial, a Nasa a transformou em consultora.
A primeira mulher dos EUA a passar nos testes físicos e se tornar astronauta, entrou para a Nasa, a agência espacial americana, em 1961, quando tinha 30 anos de idade. No entanto, ela nunca chegou a ser enviada ao espaço. Em vez de mandá-la em missão, a Nasa a transformou em consultora.

O mais perto que ela chegou das estrelas foram as sessões de fotos dentro de uma cápsula espacial, usadas como propaganda pelo governo americano.

 

Quando a soviética Valentina Tereshkova enfim tornou-se a primeira mulher no espaço, em 1963, Jerrie não segurou a irritação.

 

— Acho que sou a consultora menos consultada de uma agência do governo — disse a repórteres na ocasião, com menos de um ano de emprego.

 

Uma semana depois, ela foi desligada do programa espacial.

Quando Neil Armstrong deu os primeiros passos na Lua, em 1969, Jerrie tinha capacitação suficiente para ser parte do time. Mas ela estava na floresta amazônica pilotando aviões com ajuda humanitária — trabalho que lhe rendeu homenagens dos governos de Brasil, Colômbia, Peru e Equador, além de uma indicação ao Nobel da Paz, em 1981.

 

Em 1961, Cobb se tornou a primeira mulher a passar no teste de astronautas. Ao todo, 13 mulheres passaram no árduo teste físico e ficaram conhecidas como Mercury 13. Mas a NASA já tinha seus astronautas Mercury 7, todos pilotos de testes de jatos e todos militares.

Nenhuma das Mercury 13 chegou ao espaço, apesar do testemunho de Cobb em 1962 perante um painel do Congresso.

“Buscamos, apenas, um lugar no futuro espacial de nossa nação sem discriminação”, disse ela a um subcomitê especial da Câmara sobre a seleção de astronautas.

Em vez de fazer dela uma astronauta, a NASA a chamou como consultora para falar sobre o programa espacial. Ela foi dispensada uma semana depois de comentar: “Sou a consultora mais não consultada de qualquer agência governamental”.

Ela escreveu em sua autobiografia de 1997 “Jerrie Cobb, Solo Pilot”, “Meu país, minha cultura, não estava pronto para permitir que uma mulher voasse no espaço”.

Cobb serviu por décadas como piloto de ajuda humanitária na selva amazônica.

A União Soviética acabou por colocar a primeira mulher no espaço em 1963: Valentina Tereshkova. A NASA não enviou uma mulher ao espaço – Sally Ride – até 1983.

Cobb e outras membros sobreviventes do Mercury 13 participaram do lançamento do ônibus espacial de 1995 de Eileen Collins, a primeira piloto espacial da NASA e, mais tarde, sua primeira comandante espacial feminina.

Ainda esperançosa, a Cobb ressurgiu em 1998 para tentar outra vez ir ao espaço, quando a Nasa se preparava para lançar o astronauta da Mercury, John Glenn – o primeiro americano a orbitar o mundo – na Discovery, aos 77 anos.

Cobb alegava que o estudo espacial geriátrico também deveria incluir uma mulher mais velha.

“Eu daria a minha vida para voar no espaço, eu realmente daria”, disse Cobb à Associated Press, aos 67 anos, em 1998. “É difícil para mim falar sobre isso, mas eu o faria. Eu daria naquela época e eu daria agora”.

Jerry Cobb observa réplica da cápsula que levou Alan Shepard ao espaço em uma conferência em Tulsa, Oklahoma, em 26 de maio de 1961 — (Foto: AP Photo/William P. Straeter)

“Só não deu certo antes, e agora eu espero e rezo”, acrescentou.

Mas não funcionou. A NASA nunca enviou outra pessoa idosa ao espaço, homem ou mulher.

Geraldyn Cobb nasceu em 5 de março de 1931, em Norman, Oklahoma, a segunda filha de um piloto militar e sua esposa. Ela voou no cockpit do avião de seu pai aos 12 anos e obteve sua licença de piloto privado quatro anos depois.

A história das Mercury 13 é contada em um documentário recente da Netflix e uma peça baseada na vida de Cobb. “Eles prometeram a ela a lua”, está atualmente em cartaz em San Diego.

Em sua autobiografia, Cobb descreveu como ela dançou nas asas de seu avião no luar amazônico, quando soube pelo rádio, em 20 de julho de 1969, que Neil Armstrong e Buzz Aldrin, da Apollo 11, haviam pousado na lua.

Ela escreveu: “Sim, eu gostaria de estar na lua com meus colegas pilotos, explorando outro corpo celestial. Como eu adoraria ver o nosso lindo planeta azul Terra flutuando na escuridão do espaço. E ver as estrelas e galáxias em seu verdadeiro brilho, sem o filtro da nossa atmosfera. Mas eu estou feliz voando aqui no Amazonas, servindo meus irmãos. “Contenta, Señor, contenta.” (Estou feliz, Senhor, feliz.)

Jerry Cobb faleceu na Flórida aos 88 anos em 18 de março, após uma breve doença. A notícia da sua morte só foi divulgada em 18 de abril de 2019 pelo jornalista Miles O’Brien, servindo como porta-voz de sua família.

“Ela deveria ter ido ao espaço, mas transformou sua vida em um serviço de bondade”, tuitou Ellen Stofan, diretora do Museu Nacional do Ar e do Espaço do Smithsonian Institution e ex-cientista da Nasa.

“Jerrie Cobb serviu de inspiração para muitos de nossos membros em sua quebra de recordes, seu desejo de ir para o espaço e simplesmente de provar que as mulheres podiam fazer o que os homens podiam fazer”, disse Laura Ohrenberg, gerente da sede em Oklahoma City do Ninety -Nines Inc., uma organização internacional de mulheres licenciadas pilotos.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/celina – CELINA / Por O Globo – 20/04/2019)
(Fonte: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/04/20 – CIÊNCIA E SAÚDE / NOTÍCIA / Por Associated Press – 20/04/2019)
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