Fernão Bracher, banqueiro e ex-presidente do Banco Central no governo Sarney

0
Powered by Rock Convert

Fernão Bracher, banqueiro e filantropo, fundador do banco BBA

 

 

O banqueiro Fernão Bracher, em foto de 2016. (Foto: Valor /DIREITOS RESERVADOS)

 

 

Fernão Bracher, ex-presidente do Banco Central

 

 

O banqueiro Fernão Bracher (Foto: imsvintagephotos / DIREITOS RESERVADOS)

 

 

Fernão Carlos Botelho Bracher (São Paulo, 3 de abril de 1935 – São Paulo, 11 de fevereiro de 2019), banqueiro e ex-presidente do Banco Central no governo Sarney, foi o fundador do BBA e um dos maiores banqueiros brasileiros, foi vice-presidente da Atlântica-Boavista de Seguros e em seguida do Bradesco, antes de fundar o BBA.

 

 

O banqueiro Fernão Bracher, fundador do banco BBA, ocupou cargo no Conselho de Administração do Itaú Unibanco. Entre os muitos cargos que ocupou ao longo de sua carreira está o de presidente do Banco Central durante o governo José Sarney. Também passou pelo Bradesco e pela Atlântica Seguros.

 

 

 

 

Bracher foi presidente do Banco Central no governo Sarney e um dos fundadores do BBA Creditanstalt — banco que criou ao lado de Antônio Beltran e posteriormente foi vendido ao Itaú Unibanco.

 

 

O banco foi vendido ao Itaú em 2002 por R$ 3,3 bilhões e se tornou o banco de investimento da casa dos Villela e Setúbal.

 

Nascido Fernando Carlos Botelho Bracher, o advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1957 trabalhou em escritório apenas por dois anos. Logo começou a carreira que o levaria a posições destacadas no sistema financeiro nacional, nas áreas pública e privada.

Primeiro, foi diretor do Banco da Bahia e de outras instituições do grupo Mariani Bittencourt, de 1961 a 1973. No ano seguinte, aceitou convite para ser diretor da área externa do Banco Central (na presidência de Paulo Hortêncio Pereira Lira), e lá permaneceu até 1979. Voltou ao setor privado em 1980, como vice-presidente da seguradora Atlântica Boa Vista, que então se juntara ao Bradesco. Do ano seguinte a 1985 foi vice-presidente executivo do Bradesco e diretor das demais empresas do grupo comandado por Amador Aguiar.

Foi por indicação de Luiz Carlos Bresser-Pereira, na época integrante do governo de Franco Montoro, em São Paulo, e figura influente junto à cúpula do PMDB, que Bracher aceitou ocupar a presidência do Banco Central em agosto de 1985, no princípio da gestão de Dílson Funaro no Ministério da Fazenda de José Sarney.

Bracher deixou a presidência do Banco Central em 11 de fevereiro de 1987, nove dias antes de o Brasil declarar a suspensão dos pagamentos dos juros da dívida externa. “Saí porque queria aumentar os juros, e não me deixaram”, relembrou Bracher em entrevista publicada na “Folha de S. Paulo” em abril de 2005.

A entrada no mundo dos banqueiros deu-se com a fundação do banco BBA, resultado da associação entre Bracher e Antônio Beltran Martinez (como ele, também ex-vice-presidente do Bradesco) e o Creditanstalt, um dos maiores bancos austríacos. Certamente, o currículo de ambos foi fundamental para que os austríacos investissem nessa iniciativa em que os austríacos investissem nessa iniciativa em que os brasileiros entraram com recursos emprestados pelos futuros sócios.

As primeiras operações do novo banco foram realizadas na acanhada sede da rua Líbero Badaró, no centro velho de São Paulo, em agosto de 1988. Passados 14 anos, o BBA, já então o maior banco de investimentos do país, foi absorvido pelo Itaú, que pagou declarados R$ 3,3 bilhões por 95,75% do capital total. O Itaú-BBA, hoje parte do grupo Itaú Unibanco, tornou-se o maior “corporate e investment bank” da América Latina. Candido Botelho Bracher, que era vice-presidente superintendente, assumiu o comando em 2005 e seu pai passou a integrar o conselho, para dedicar-se a investimentos concentrados, em boa parte, na área educacional.

 

 

 

A fundação do BBA

 

 

Bracher fundou o BBA em 1988 com Antonio Beltran. Ele convidou seu filho, Candido Bracher, para fazer parte da equipe da nova instituição financeira. Candido, que trabalhava no banco Itamarati, negou, inicialmente, o convite. Quem o convenceu a aceitar a oferta foi Beltran, ao dizer que se o BBA não desse certo, iriam colocar a culpa em Candido por não querer ajudar o pai. E se desse certo, iriam dizer que seria porque Fernão não chamou o filho.

 

 

Ao final da explicação, Beltran avisou Candido que dar um sim ao convite do pai era sua única opção. Ele então deixou o Itamarati, que pertencia a Olacyr de Moraes e mais tarde foi vendido ao BCN, que por sua vez foi vendido ao Bradesco.

 

 

O BBA foi comprado em 2002 pelo Itaú e virou o banco de investimentos da família Setúbal Villela. Na transição, Fernão Bracher chegou a ocupar cargo no Conselho de Administração, onde ficou até 2005.

 

 

 

Banco Central

 

 

 

O banqueiro esteve na diretoria do Banco Central em duas oportunidades. Na primeira, de 1974 a 1979, chefiou a Diretora de Câmbio, que anos depois foi convertida na diretoria de assuntos internacionais, na gestão de Paulo Lira como presidente da instituição. Na segunda, de 1985 a 1987, assumiu a presidência do BC no governo Sarney.

 

 

 

Filho de Zilah de Arruda Botelho e Eduardo Bracher, Fernão nasceu em 3 de abril de 1935, em São Paulo. Formou-se em Direito, na Faculdade de São Francisco (USP). Em 1957, casou-se com a então historiadora e, mais tarde, psicanalista, Sonia Sawaya.

 

 

 

Trabalhou no escritório Pinheiro Neto Advogados, mas, em 1958, decidiu cursar pós-graduação na Alemanha, onde assistiu aulas e seminários na Universidade de Freiburg im Breisgau e na Universidade de Heidelberg. Na sequência, estagiou em um escritório de advocacia em Munique. No retorno ao Brasil, voltou a trabalhar no escritório Pinheiro Neto.

 

 

 

Pouco tempo depois, foi convidado a ser assistente de diretoria no Banco da Bahia, no Rio de Janeiro. Em 1973, o Banco da Bahia foi comprado pelo Bradesco, e Bracher foi convidado por Amador Aguiar a permanecer na diretoria, onde trabalhou por um ano.

 

 

 

“Meu ingresso no Bradesco constituiu um caso especial, pois eles praticavam o que era chamado de carreira fechada, na qual apenas funcionários com mais de vinte anos de carreira no banco poderiam tornar-se diretores. A minha indicação foi a primeira vez que quebraram essa regra. Permaneci por seis meses, mas fui, literalmente, expelido pelo esprit de corps do Bradesco. Amador e [Lázaro de Mello] Brandão queriam que eu ficasse, mas, francamente, não era possível”, disse Bracher em depoimento à coleção História Contada do Banco Central do Brasil.

 

 

 

Após sua saída do Bradesco, Bracher foi para o Banco Central, em sua primeira passagem pela instituição. Foi então trabalhar na Atlântica Boavista, uma companhia de seguros. Mas a empresa estava se aproximando do Bradesco, o que o levou de volta ao banco novamente, agora para ocupar uma vice-presidência.

 

 

 

Plano Cruzado

 

 

 

A convite de Dílson Funaro, ministro da Fazenda, Bracher assumiu a presidência do Banco Central em agosto de 1985. A situação econômica do país era difícil, com inflação em alta, sistema financeiro fragilizado, quando três bancos foram liquidados (Comind, Auxiliar e Maisonnave).

 

 

 

“Lembro-me do choque de entrar no Banco Central pela primeira vez, sozinho, “nuzinho”. Você não leva sua secretária, você não leva seus amigos, você não leva nada”, disse Bracher em depoimento à coleção História Contada do Banco Central do Brasil.

 

 

 

Saiu do BC em 1987 e recebeu proposta de banqueiros internacionais para dirigir um banco no Brasil, mais com a condição de que fosse co-proprietário da instituição. Constituíram então o Bracher, Beltran e Associados (BBA).

 

 

“Alguns representantes do Banco Creditanstalt Bankverein, o mais antigo banco da Áustria, entraram em contato Perguntaram–me se dirigiria um banco deles, ao que respondi positivamente, mas desde que fosse coproprietário. Eu havia sido convidado a ser vice-presidente do Bradesco, que era o maior banco do país na época, não queria ficar ocupado com um banco de uma única agência. Eles concordaram com a proposta e constituímos sociedade”, disse Bracher em depoimento ao BC.

 

 

O presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, elogiou, em nota, o trabalho exercido por Bracher.

 

 

 

“Fernão Bracher foi, acima de tudo, um homem de fibra, que apreciava e buscava os novos desafios, pelo sentido de dever superá-los. No Bradesco, desenvolveu trabalho exemplar como vice-presidente da Seguradora e, posteriormente, do Banco. Sempre suave no trato, exibiu inteligência e capacidade de antecipar o mercado”, afirmou Trabuco, que também destacou o trabalho do banqueiro no BC, quando contribuiu para o primeiro plano heterodoxo contra a inflação no país, o Plano Cruzado.

 

 

 

“Seu maior legado é o Banco BBA, hoje incorporado ao Itaú, cujo presidente, hoje, é seu filho, Candido Bracher. O Brasil perde um homem de negócios à frente do seu tempo. Seu exemplo de lucidez e coragem de enfrentar os problemas de frente deixa lacuna relevante, que não será preenchida”, completou Trabuco.

 

 

 

O presidente do Santander, Sérgio Rial, destacou o papel de Bracher na construção e fortalecimento do sistema financeiro nacional. “Com sua competência e uma visão única do mercado, Bracher contribuiu de forma decisiva para a construção de um setor sólido e eficiente, seja em sua passagem pelo serviço público, no Banco Central do Brasil, quanto na iniciativa privada, ao dar origem a um dos maiores bancos de atacado do País.”

 

 

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também lamentou a morte de Bracher e destacou o trabalho feito pelo banqueiro nos setores público e privado. “Com ampla e diversificada carreira no setor público e privado, Bracher contribuiu de forma inequívoca para o desenvolvimento do sistema financeiro brasileiro.”

 

 

 

Bracher tinha cinco filhos. Um deles é Candido Bracher, atual presidente do Itaú Unibanco.

Fernão Bracher morreu em 11 de fevereiro de 2019, de enfarte, aos 83 anos, no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

 

Em nota, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, lamentou a morte do banqueiro e lembrou a participação de Bracher, em janeiro, de evento sobre a história do BC.

 

“Recentemente, em 11 de janeiro de 2019, nos honrou e emocionou com sua participação no evento História Contada do BC, no qual relatou sua contribuição nas áreas de desregulamentação do mercado de câmbio, no combate à inflação e na renegociação da dívida externa. Fernão Bracher prestou inestimáveis serviços ao Brasil, tanto no Banco Central, quanto nas suas várias atividades no setor privado”, afirmou Ilan na nota.

(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.320 – 12 de fevereiro de 2019 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 29)

(Fonte: https://cultura.estadao.com.br/blogs/direto-da-fonte – DIRETO DA FONTE / CULTURA – 11/02/2019)

(Fonte: https://www.valor.com.br/financas / FINANÇAS / Por Valor – 11/02/2019)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/economia – ECONOMIA / Por O Globo – 11/02/2019)

(Fonte: https://braziljournal.com/memoria /  MEMÓRIA / NEGÓCIOS / Por Mariana Barbosa e Geraldo Samor – 11/02/2019)

© 2016 Brazil Journal – Todos os direitos reservados.

Powered by Rock Convert
Share.