Erwin Chargaff, bioquímico cujo trabalho inspirou a descoberta da cadeia de DNA como o segredo da hereditariedade dos seres vivos

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Cientista que ajudou a desvendar DNA

 

Erwin Chargaff

Erwin Chargaff ajudou a desvendar DNA

 

Erwin Chargaff (Czernowitz, 11 de agosto de 1905 – Nova York, 20 de junho de 2002), bioquímico cujo trabalho inspirou a descoberta da cadeia de DNA como o segredo da hereditariedade dos seres vivos.

 

Chargaff, nascido na Áustria, em agosto de 1905, veio para a Columbia University (EUA) e começou a estudar as quatro bases, ou “letras” químicas, que formam o DNA.

 

Seu trabalho identificou uma regularidade nas proporções entre as bases em quase todos os organismos vivos, indicando o papel da molécula na hereditariedade.

 

Erwin Chargaff foi um dos raros cientistas a reconhecer de imediato a importância profunda do trabalho do bacteriologista norte-americano naturalizado Oswald Avery (1877-1955) e colaboradores, em 1944, que demonstrava, além de qualquer dúvida razoável, que o material genético é constituído de DNA. Concluiu então com rapidez os trabalhos em andamento, para se dedicar integralmente ao estudo do DNA. 

 

Suas descobertas, com base na determinação da composição do DNA de numerosos organismos, invalidaram a teoria vigente dos tetranucleotídeos, formulada pelo bioquímico norte-americano naturalizado Phoebus Levene (1869-1940), segundo a qual o DNA seria composto por blocos unitários de A-T-C-G. As chamadas ‘regras de Chargaff’ postulavam que [A] = [T] e [G] = [C], sendo [N] as concentrações molares dos nucleotídeos, e que, em conseqüência, a relação [A] + [T] / [G] + [C] é um dado característico do DNA de cada organismo. 



Chargaff tem contra si o fato de haver superestimado o valor da química para explicar o fenômeno biológico e de se recusar a aceitar a biologia molecular como uma nova disciplina, sucessora da bioquímica tradicional. Dizia que “os chamados biólogos moleculares exercem a bioquímica sem licença”. Na sua autobiografia, a descrição do encontro com Watson e Crick, em maio de 1952, em Cambridge, beira o fantástico.

 

A dupla pareceu-lhe ambiciosa, agressiva e ignorante dos fatos básicos a respeito do DNA e insistente em mencionar a utilização de modelos helicoidais para o estudo do DNA. Seu trabalho foi reconhecido apenas a posteriori pois, na frase de Crick, foi o modelo que revelou o significado das regras de Chargaff, e não o inverso. 



Pela sua enorme erudição químico-biológica e humanística, pelo seu típico humor judaico, agudo e irreverente, pela sua confessa automarginalidade na comunidade científica, pela remota possibilidade de suas descobertas serem úteis, isoladamente, para antecipar a estrutura do DNA, e pelo abandono no qual terminou sua vida, tudo relatado em uma pungente autobiografia, Chargaff permanece uma personalidade fascinante. 

 

No fim da vida, Chargaff criticou o determinismo criado pela pesquisa genética.

Erwin Chargaff faleceu dia 20 de junho de 2002, em Nova York nos Estados Unidos, aos 96 anos.

(Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/especiais – História de um sucesso e duas tragédias/ Por Darcy Fontoura de Almeida – 01/04/2003)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia – FOLHA DE S.PAULO – GENÉTICA – CIÊNCIA / (DO “THE NEW YORK TIMES”) – 2 de julho de 2002)

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Quando o DNA era escrito por extenso 

Erwin Chargaff (1905-2002) e Rosalind Franklin (1920-1958) são dois cientistas que não ficaram famosos com a descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA, descrita em 1953 por James Watson e Francis Crick.

Em sua conferência no 49ª edição do Congresso Nacional de Genética, na quarta-feira (17/9), em Águas de Lindóia (SP), o geneticista Darcy Fontoura de Almeida fez questão de recolocar a importância dos dois na história da genética mundial.

‘Chargaff era um crítico da ciência. Além de menino prodígio, poliglota, arrogante, sarcástico e engraçado’, disse Almeida, professor emérito da UFRJ.

Segundo ele, o grande feito do bioquímico austríaco foi ter estudado as concentrações molares das bases da molécula, ainda desconhecida, do DNA. ‘Seu problema foi não ter percebido a importância que havia em seus estudos.’

‘O grande equívoco de Chargaff foi não ter descoberto que a própria chave que descobriu (para entender a molécula de DNA) era cifrada’, avaliou Almeida. Apesar de pouco lembrado pelas suas conquistas, é justo, segundo o professor da UFRJ, creditar um título a Chargaff.

‘É dele o prefácio da nova gramática da biologia’. O próprio pesquisador austríaco chegou a comentar que, a partir dos seus estudos, seria difícil continuar a escrever DNA por extenso, ou seja, ácido desoxiribonucleico.

Quanto à outra personagem que mereceria ser mais lembrada, Almeida é ainda mais efusivo. ‘Eu sou apaixonado por Rosalind Franklin. Até minha mulher sabe disto’, brincou ao falar da pesquisadora que morreu jovem, aos 37 anos, de câncer.

Ser mulher e bonita foram características que impuseram à carreira da cientista inglesa obstáculos enormes. No King?s College, em Londres, o machismo ainda imperava, e a pesquisadora teve dificuldades em conseguir colaboradores à sua altura.

‘Ela deixou de lado a chamada forma B do DNA e, por muitos meses, perseguiu uma trilha falsa, mas que para ela parecia ser definitiva’, disse Almeida.

Além disso, outro problema talvez essencial na formação acadêmica de Rosalind pode ter tido um papel decisivo em sua biografia. ‘Faltava-lhe formação biológica. Ela não havia estudado biologia, que naquela época era considerada algo para jardineiros, por causa da relação com a botânica’, disse.

No trabalho que entrou para a história, o da descoberta da dupla hélice de DNA, Rosalind ou Chargaff nem foram citados. Os autores, Watson e Crick, sempre foram econômicos nos elogios. De qualquer modo, Almeida recomenda a sua leitura. ‘Ele é brilhante e curto. A leitura dele não demora mais que dez minutos’, frisou Almeida.

(Fonte: http://www.ioc.fiocruz.br/pages/diretoria/noticias/setembro – Eduardo Geraque)

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