“Elegância é muito diferente de esnobismo.” Yves Saint Laurent (1936-2008), soberano da alta costura, foi um dos grandes estilistas franceses do século XX

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“Elegância é muito diferente de esnobismo.”

Yves Saint Laurent (1936-2008), soberano da alta costura, foi um dos grandes estilistas franceses do século XX

Um rei em Nova York

Francês criado em Oran, na Argélia, e na profissão desde os 18 anos, quando estreou na Maison Dior, Saint Laurent pode-se permitir pérolas definitivas sobre a moda. “Elegância é muito diferente de esnobismo”, adverte. Ou então: “Moda só existe no corpo das pessoas.” 

Foi o único, porém, a mergulhar em referências históricas – quadros, óperas, temas folclóricos, livros famosos – e daí extrair um estilo que se foi confirmando inconfundível depois de 25 anos.

Sua primeira coleção foi a linha trapézio, em 1958, ainda para a casa Dior. Pouco depois, Saint Laurent conheceu Pierre Bergé, com quem dividiu os negócios e a vida privada – um gênio financeiro que rapidamente conseguiu um magnata americano, J. Mack Robinson (1923-2014), para lhes financiar sua própria maison, em 1961.

Logo depois surgia o inconfundível YSL, iniciais transformadas em valioso logotipo por um magnífico artista gráfico francês, Cassandre, autor dos cartazes dos musicais de Josephine Baker nos anos 20.

RETALHOS DE HISTÓRIA – Saint Laurent criou-se à sombra de Christian Dior (1905-1957), o mestre que depois da II Guerra Mundial o mundo da moda ao criar o New Look, abaixando a saia das mulheres e colocando-lhes enchimentos nos ombros.

A constância é, na verdade, uma marca de sua roupa. Em 1968, aproveitou um smoking, traje tipicamente maculino, para criar um tailleur com saia-calça. Na nova coleção de 1983, apresentou exatamente uma nova versão do smoking, só que desta vez com calças compridas. Claro que sua referência também foi o smoking de Marlene Dietrich, ou o cinema dos anos 30. Mas ele sempre usou retalhos da história.

Sua intuição é, porém, muito especial. Ele usa ideias tanto dos trajes de rua como das telas dos museus. Quando os desenhistas rivais pensavam em coisas simples, estilizadas, ele mudou radicalmente de direção e criou trajes opulentos inspirados nos balés de Dhiaghilev.

Mais tarde, criou suas divas de ópera e as ricas camponesas russas. Estas foram mostradas num momento em que a crise econômica alastrava-se pelo mundo. Sua moda servia então de evasão escapista para silhuetas de sonhos.

O soberano da alta costura, também incluiu os trajes inspirados na pop art, que deram ao costureiro uma capa da revista Life, em 1966, e também as suntuosas camponesas russas que foram capa de Time, em 1976.

(Fonte: Veja, 21 de dezembro de 1983 – Edição 798 – MODA – Pág: 122/124)

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