Edvard Munch, pintor de uma obra-prima: o quadro O Grito, marca registrada do expressionismo

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O estilo de um mestre

 

Autor de obra genial, Munch foi pioneiro do expressionismo

 

 

Edvard Munch (Løten, 12 de dezembro de 1863 – Ekely, 23 de janeiro de 1944), pintor norueguês que levou dois anos para conseguir transformar o que viu e sentiu quando passeava sobre uma ponte, em 1891, numa obra-prima: o quadro O Grito, marca registrada do expressionismo.

 

Atormentado pela perda da mãe na infância, Munch é um dos precursores da pintura expressionista, marcada pelo exagero e pela deformação emocional das figuras. De suas telas, destacam-se, além do magistral O Grito (1883), uma das duas versões em tela da obra, pertencente à rainha da Noruega, pinturas femininas como Vampira e Puberdade, que demonstram a obsessão do pintor pela figura feminina, além de A Mãe Morta (1893) e Mãos (1893-1894).

 

Quando pintou a obra, Munch queria retratar “o grito enorme, infinito, da natureza”. O trabalho do pintor tem despertado o interesse de especialistas como o “Estudo de um Retrato”, o óleo “O Vampiro” e a litogravura “Madonna”.

 

O quadro “O Grito” é uma das mais eloquentes traduções da angústia no mundo contemporâneo, quando se quer evocar um sentimento potentemente esmagador. O ritmo das linhas longas e ondulantes da tela parece levar o eco do grito a todos os cantos.

 

O poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz foi o que escreveu sobre o quadro. “O Grito, de Munch, palavra sem palavras, é o silêncio do homem errante nas cidades sem alma e frente a um céu desabitado.”

 

DEPRESSÃO – Filho de um médico e criado pela tia depois da morte de sua mãe, Munch encontrou na arte e sobretudo no expressionismo, que ajudou a fundar, a válvula de escape para seu atormentado temperamento. Edvard Munch frequentou a Escola de Artes e Ofícios de Oslo, vindo a ser influenciado por Courbet e Manet.

 

Vítima frequente de crises nervosas e de depressão, Munch acabou se tornando o retratista maior dos homens quando vistos por dentro, nas entranhas da desolação.

 

O Grito nasceu de uma experiência real do pintor. Em seu diário, ele anotou que certa vez vinha caminhando com amigos pela rua quando foi surpreendido por um pôr-do-sol de beleza devastadora.

 

Com a palavra, Munch: “Léguas de fogo e sangue se estendiam sobre o fiorde negro-azulado. Meus amigos seguiram caminhando enquanto em me detive, apoiando-me no corrimão, tremendo de medo.”

 

Ao contrário do que se costuma supor, o personagem retratado no quadro não foi visto por Munch. O pintor não passou para a tela uma cena presenciada por ele, mas uma sensação, uma “paisagem interior”.

 

Munch, coerente com os cânones da arte expressionista, disse certa vez: “Ao pintar uma cadeira, o que se deve pintar não é a cadeira, mas a emoção ante ela sentida”.

 

Munch foi pioneiro do expressionismo, a corrente que mudou a história da arte na passagem do século 20, o norueguês que, meio sem querer, causou um rebuliço na arte europeia em 1892. Em meio a uma peregrinação por vários países, Munch montou uma exposição em Berlim para arrecadar uns trocados. Mas em contraponto à escola francesa de arte decorativa, que dava as cartas, ele propunha cenas de medo e angústia, em cenários de linhas retorcidas que pareciam tudo, menos uma paisagem.

 

 

 

 

O artista faleceu em 23 de janeiro de 1944, mas seu quadro atravessou um século na condição de uma das mais impressionantes representações do medo, da angústia, do horror já criadas – com força suficiente para ser usado, hoje, real ou simbolicamente, como instrumento de pressão política.

(Fonte: Veja, 14 de agosto de 1991 – ANO 24 – N° 33 – Edição 1195 – ARTE/ Por OKKY DE SOUZA – Pág: 104/105)

(Fonte: Veja, 23 de fevereiro de 1994 – ANO 27 – N° 8 – Edição 1328 – ARTE/ Por RINALDO GAMA – Pág: 112)

(Fonte: Veja, 2 de outubro de 1996 – ANO 29 – Nº 40 – Edição 1464 – ARTE/ Por Angela Pimenta – Pág: 92/98)

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