Eduardo Peñuela Cañizal, um dos fundadores da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

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Um dos primeiros professores da ECA-USP

Eduardo Peñuela Cañizal (Espanha, 21 de novembro de 1933 – São Paulo, 13 de abril de 2014), um dos fundadores da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, era especialista na obra do cineasta Luis Buñuel, seu conterrâneo.

Intelectual de origem espanhola era considerado um dos maiores especialistas do país nas áreas de teoria do cinema e poética das manifestações não verbais. Deixou uma vasta obra escrita, publicada em livros, artigos especializados e textos de divulgação (Currículo Lattes).

Durante a Guerra Civil Espanhola, o pai de Eduardo Pañuela, um republicano do Sul do país, teve que se refugiar no Brasil. Ainda uma criança, Eduardo ficou na pequena propriedade de seu pai, juto à suas irmãs.

Seu pai, militante da causa republicana, foi preso após a implantação da ditadura fascista de Francisco Franco em 1938. Uma vez em liberdade, para escapar às perseguições políticas, teve que se exilar com a família no Brasil.

Nascido na Espanha, emigrou para o Brasil fugindo da ditadura de Francisco Franco. Já na ditadura de Francisco Franco, Eduardo viu seguidas tentativas de invasão da pequena fazenda onde a família criava porcos para produzir “jamóns”. Até que aos 17 anos, decidiu seguir o rumo do pai e veio para o Brasil.

Embora tenha feito graduação em letras, foi no campo da teoria do cinema que se destacou. Anos mais tarde, tornou-se doutor em letras pela USP. E em 1965, participou da implantação da Escola de Comunicações Culturais, que mais tarde se tornaria a ECA (Escola de Comunicações e Artes), da USP.

Especialista em semiótica visual, Eduardo assumiu a diretoria da ECA entre os anos de 1993 e 1997. Neste período implementou a atual biblioteca da escola e convenceu a reitoria da USP a concluir os prédios dos departamentos de música, artes plásticas e artes cênicas.

 

Professor titular aposentado do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Paulista (Unip), Peñuela nasceu na Espanha em 21 de novembro de 1933.

 

Peñuela gradou-se em Letras na USP em 1959. Concluiu seu doutorado em 1965, com tese sobre a poesia da chilena Gabriela Mistral (ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1945). E conquistou a livre-docência, três anos mais tarde, com trabalho sobre a poesia do peruano César Vallejo. Já focado no cinema, fez, nas décadas de 1970 e 1980, pós-doutorados nas Universidades de Tufts e Stanford, nos Estados Unidos.

Peñuela deixou uma vasta obra escrita, na forma de livros, capítulos de livros, artigos em periódicos especializados e textos de divulgação em jornais e revistas. Entre seus livros estão El oscuro encanto de los textos visuales – dos ensayos sobre imágenes oníricas (Sevilha, Arcibel Editores, 2010); La Inquietante ambiguedad de la imagen (Cidade do México, Universidad Autónoma Metropolitana, 2004); O olhar à deriva: mídia, significação e cultura (São Paulo, Annablume, 2003); e Urdidura de sigilos. O cinema de Pedro Almodóvar (São Paulo, Annablume, 1996).

 

Peñuela morreu São Paulo, em 13 de abril de 2014, aos 80 anos. No mesmo dia em que chegara de uma viagem profissional à Espanha e assistia a uma partida de futebol pela televisão, o Santos pela final do Campeonato Paulista quando foi vítima de um infarto do miocárdio. Costumava que o uniforme branco o lembrava o seu Real Madrid, clube espanhol.

“Peñuela chegou aqui ainda menino, mas a infância na Espanha deixou nele marcas profundas, inclusive um certo sotaque, que manteve pela vida afora”, disse à Agência FAPESP seu amigo Norval Baitello Junior, professor titular na Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro da coordenação da área de Ciências Humanas e Sociais da FAPESP.

Intelectual prolífico, Peñuela adquiriu renome internacional no campo da teoria do cinema e da poética das manifestações não verbais. “Ele foi um dos primeiros no Brasil a estudar a obra de Buñuel e o cinema surrealista em geral. Buñuel foi a porta de entrada dele no mundo das imagens. Era talvez o maior especialista em Buñuel no país”, informou Baitello Junior.

“Em 1964, ele lecionava na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto, então uma das faculdades isoladas do Estado de São Paulo. Com o golpe militar, sofreu perseguição política e demissão, o que motivou sua transferência para a Universidade de São Paulo”, relatou Baitello Junior. “Uma vez na USP, teve atuação de primeiro plano na criação da ECA, levando adiante um projeto ousado, que integrava em uma única escola as áreas de cinema, teatro, jornalismo, rádio, televisão e outras. Mas, também na ECA, viria a sofrer perseguições políticas da parte de professores que simpatizavam com o regime militar”, acrescentou o amigo.

“Foi também um viajante incansável, mantendo intenso intercâmbio internacional, mas sempre enfatizando a difusão da cultura brasileira”, disse Baitello Junior.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/04 – COTIDIANO/ Por FABRÍCIO LOBEL / DE SÃO PAULO – 21/04/2014)

(Fonte: Veja, 23 de abril de 2014 – ANO 47 – Nº 17 – Edição 2 370 – PANORAMA – DATAS – Pág: 34)

(Fonte: http://agencia.fapesp.br – Agência FAPESP – ÚLTIMAS NOTÍCIAS/ Por José Tadeu Arantes – 15 de abril de 2014)
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