Dwight D. Eisenhower, general, veterano de duas guerras mundiais, ex-Presidente dos EUA

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O DIA-D DO VELHO GENERAL

Dwight David Eisenhower (1890-1969), general, veterano de duas guerras mundiais, ex-Presidente dos Estados Unidos durante oito anos.

Dwight D. Eisenhower foi o Comandante Supremo das Forças Aliadas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Eisenhower se tornou o 34º presidente dos Estados Unidos em 1953.

 

“Eu errei” – Dia 6 de junho de 1944. Um suave sol de inverno começava a aparecer sobre as pesadas ondas do canal da Mancha, quando uma sirena de alarme interrompeu o sono dos fuzileiros navais americanos acampados na Inglaterra. Em muitas salas de reuniões espalhadas pelas costas britânicas, os oficiais mais graduados do “Marine Corps” ouviram de seus comandantes as mesmas frases: “Senhores, estamos no Dia-D. O General Eisenhower acaba de autorizar a invasão da França. Fiquem prontos em trinta minutos”. Trinta horas antes, o “Likely Ike” se trancara sozinho em seu gabinete para estudar cuidadosamente as cartas de previsão do tempo , as marcações das marés e as variações de temperatura.

O grande desembarque aliado na Normandia já fora adiado uma vez por causa do denso “fog” sobre o canal da Mancha, e o General não desejava que o plano tivesse qualquer falha. Em seu posto de comando, no navio-capitânia da frota aliada, Eisenhower passou todo o tempo do desembarque em silêncio. Apenas suas mãos, apertadas contra um binóculo negro, demonstravam que ele estava emocionado. E, quando seus oficiais lhe confirmaram o sucesso da operação, ele pouco falou: foi breve e delicado como sempre. Sua voz soou fria e austera. Seus olhos muito azuis permaneceram duros. Com algumas frases bem curtas , o General afirmou que os alemães ainda não estavam derrotados, que a luta continuaria cada vez mais difícil. “Os senhores estão de parabéns”, ele terminou. “Peço que continuem me informando.”

Homem estranho e melancólico, de poucas diversões e poucos amigos, o General Dwight Eisenhower costumava dizer que “os grandes combates são sempre ganhos pelos soldados, enquanto as grandes derrotas são sempre provocadas pelos comandantes”. No campo de batalha e na Presidência, aceitava sozinho as suas falhas com uma simples frase: “Eu errei”.

Entretanto, mesmo envolvido pelas tensões de uma luta, o velho General era capaz de um grande gesto carinhoso. Uma ocasião, ainda na Inglaterra, ele soube que um dos seus soldados nascera em Abilene, Kansas (onde Ike passou toda a sua adolescência), e mandou chamá-lo ao seu gabinete. Eisenhower recebeu o rapaz com um largo sorriso: “Com que então o senhor veio de Abilene? Sente-se”. E conversaram por quase meia hora, enquanto vários oficiais o esperavam para uma importante reunião. “Nós falamos sobre os trigais do Kansas, e sobre as grandes festas de Abilene”, o soldado comentaria mais tarde. E, para provar aos seus companheiros que ele realmente estivera com o Comandante, pediu o autografo do General. Eisenhower fez mais que isso. Deu ao soldado uma bonita fotografia, que já prometera enviar para a esposa Mamie, e assinou embaixo: “Para meu amigo Joe, do amigo Ike”.

“Um dever a mais” – Para muitos generais, americanos ou não, Dwight Eisenhower foi o principal artífice da vitória aliada na Guerra da Europa. Para outros, o velho Ike não passou de um general de escrivaninha. Um chefe militar do derrotado Exército alemão disse dele: “Eisenhower correu graves riscos, mas venceu. E isso justifica sua audácia”. Provavelmente, a verdade esteja no meio das três opiniões. Como comandante militar, Ike foi um excelente executor, num altíssimo nível e com total autonomia – embora as grandes decisões estratégicas partissem do Presidente Roosevelt e do General Marshall.

De qualquer modo, Eisenhower voltou da guerra como um dos maiores heróis americanos de todos os tempos. Na sua chegada a Nova York houve uma espetacular manifestação pública, quando 4 milhões de pessoas – quase a metade da população da cidade naquela época – o saudaram pela vitória. Considerado carinhosamente o “salvador da pátria e do mundo”, Ike chegou a recusar dois convites republicanos para se candidatar à Presidência dos Estados Unidos em 1944 e 1948, e preferiu continuar sua carreira militar: foi chefe do Estado-Maior e comandante supremo da OTAN na Europa, além de registrar uma breve passagem na Reitoria da Universidade de Colúmbia, em Nova York. Mas, quando o pedido foi renovado, em 1952, o General aceitou “juntar um dever a mais nas suas responsabilidades”.

“Feeling better” – Mau estudante em West Point, bom pai de família e grande comandante militar, Ike aprenderia também a ser político. Em poucos meses de campanha ele mobilizou toda a nação com sua personalidade cativante e superou com grande vantagem o candidato democrata Adlai Stevenson (1900-1965). Reeleito contra o mesmo Stevenson, em 1956, Eisenhower governou o país durante oito anos repletos de problemas: a guerra da Coreia, a invasão da Hungria pelos russos, e principalmente dois ataques cardíacos em pouco tempo. Ele ultrapassou todas as crises, mas uma única derrota o aborreceu: seu Vice-Presidente e pupilo Richard Nixon foi vencido por John Kennedy nas eleições presidenciais de 1960, e o velho General se afastou de uma vez da vida pública. Para Eisenhower, a nova vida acabou trazendo satisfações.

Longe das preocupações e das responsabilidades do Governo, pode voltar ao que fazia nos seus tempos de menino em Denison, sua cidade natal no Texas – pescar e pintar paisagens. Mas, apesar de todos os cuidados médicos, e dos longos períodos de repouso, o velho heroi já não tinha mais a mesma resistência e viveu seus últimos onze meses num quarto de hospital. Por três vezes apenas ele abandonou seu descanso: sempre vestindo seu “robe de chambre” vermelho, com um bordado sobre o peito – “I’m feeling better” (estou me sentindo melhor) -, ele concedeu uma entrevista coletiva, saudou da sua janela os fotógrafos que encomendaram uma serenata no dia de seu aniversário (14 de outubro) e fez um discurso pela televisão, dando apoio à candidatura de Richard Nixon. Muitos observadores acreditam que o amor do povo americano por Eisenhower foi um fator fundamental na vitória de Nixon. Depois de uma leve recuperação no começo de março, o General passou toda a última semana de março praticamente inconsciente.

Washington, 12h25. No terceiro andar de um dos prédios amarelos do Hospital Militar Walter Reed, uma equipe de médicos interrompe bruscamente o seu almoço. Eles atravessam correndo os corredores do edifício e entram no apartamento presidencial onde Eisenhower está internado desde 29 de abril. Um exame superficial já é o suficiente: o rosto pálido, a respiração ofegante, a mão direita comprimindo o peito, o velho general de 78 anos, veterano de guerras mundiais, já não tem mais forças para resistir à morte. Mamie, sua mulher, o filho John, o neto David (genro de Richard Nixon) permanecem junto à cabeceira do “Likely Ike”, acompanhando todos os gestos dos médicos.

Mas, com o coração enfraquecido por oito enfartes, com os pulmões desgastados por uma forte pneumonia, com os intestinos mal cicatrizados de uma grave operação, o velho herói não suporta sua última batalha. Quinze minutos depois, os óculos escuros caídos sobre o nariz, o General Frederick Hughes, diretor do hospital e amigo pessoal de Ike, se aproxima dos cinquenta jornalistas que esperam à porta do quarto, e começa a falar com voz sombria: “O ex-Presidente morreu tranquilamente, após uma longa e heroica luta”. E, na sexta-feira, dia 28 de março de 1969, quase 25 anos depois da sua maior conquista, o desembarque na Normandia, o velho Ike encontrou silenciosamente seu Dia-D.

(Fonte: Veja, 2 de abril, 1969 – Edição 30 – INTERNACIONAL – Estados Unidos – Pág; 38/39)

(Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti – Grandes heróis da II Guerra Mundial/ Por Ricardo Setti – 21/10/2012)

(Fonte: https://zoo.com/quiz – QUIZ / Por Becky em April 30, 2018)

 

 

 

Morre em 28 de março de 1969, aos 78 anos, Dwight Eisenhower, militar e ex-presidente dos Estados Unidos.
(Fonte: Zero Hora – ANO 49 – N° 17.337 – Hoje na História – Almanaque Gaúcho – Ricardo Chaves – 28 de março de 2013 – Pág; 64)

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