Duilio Cambellotti, um artista de múltiplas facetas, do período do Art Nouveau e do estilo Liberty

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Duilio Cambellotti (Roma, 10 de maio de 1876 – Roma, 31 de janeiro de 1960), um artista de múltiplas facetas, de soberba técnica na xilogravura. Ele foi o primeiro a “Art Nouveau”, a aceitar, no entanto, puramente aspectos originais e pioneiras expressos pelas ideias de William Morris (1834-1896). 

Como Londres e Paris, Roma também teve a sua belle époque no início do século XX, com divas no teatro e escândalos nas estreias. E, como na França e na Inglaterra, onde uma nova geração de artistas mudava os móveis, os enfeites, as roupas e as artes decorativas, a Itália também pautava pelas regras do Art Nouveau e do estilo Liberty.

Cambellotti é o típico artista daquele período: tanto fazia esculturas como vitrais, medalhas ou guaches, ilustrações ou cenários. Possuía um exímio talento de gravador, onde revelou para o mundo suas esculturas e vasos decorados.

Nessa época a dimensão – de seus trabalhos históricos como, por exemplo, o polêmico cenário que, aos 32 anos, Cambellotti fez para uma peça difícil de Gabriele D’Annunzio (1863-1938), La Nave. Nessa época, numa de suas idas a Roma, o escritor russo Máximo Gorki (1868-1936) chegou a comprar uma escultura de Cambellotti para sua vila de Capri.

O artista mantinha então uma frenética atividade. Principalmente, Cambellotti levava a sério os princípios do estilo Liberty – dar uma extremabeleza aos objetos que deveriam ser de uso. Estão dentro desse espírito os vasos de bronze e de prata em exposição, onde se percebem touros, pássaros e cavalos modelados em bronze com segurança e realismo.

 

PENUMBRAS HISTÓRICAS – A partir de 1911, sua paixão volta-se para a xilogravura. Não que ele tenha abandonado suas outras atividades – continuou, até o fim da vida, a dedicar-se aos trabalhos decorativos, aos vitrais e às aulas na Academia de Belas-Artes de Roma. Suas melhores energias, contudo, foram destinadas a terminar uma ambiciosa série de gravuras em madeira com o tema das Lendas Romanas.

 

Este é o eixo central da série toda das gravuras. Todas as gravuras mantêm o caráter de fábulas de época: touros bravios, navegantes, sibilas, vestais, guerreiros em combate. Elas partem dos temas usados pelos simbolistas mas, ao mesmo tempo, lembram a estética oficial dos anos 30, quando, na Itália fascista, houve um retorno às raízes da pátria e às origens da História.

 

É curioso perceber que, se Cambellotti assistiu ao nascimento do século XX, preferiu fechar-se sombriamente em seu mundo imaginário de penumbras históricas. Dele recortou, na madeira, seus solitários super-heróis.

 

(Fonte: Veja, 31 de agosto de 1983 – Edição 782 – ARTE/ Por Casimiro Xavier de Mendonça – Pág: 124)

 

 

 

 

 

 

 

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