Cristóvão Colombo, navegador genovês, que descobriu a América ao buscar um caminho alternativo para o Oriente

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Cristóvão Colombo (Gênova, 1451 – Espanha, 20 de maio de 1506), navegador genovês, desbravador dos mares, que descobriu a América ao buscar um caminho alternativo para o Oriente.

Os grandes personagens da História quase sempre surgem nos livros didáticos como gênios destemidos, donos de um caráter acima de qualquer suspeita. Se esses heróis formaram nas tripulações que nos primórdios do século XV embarcaram em caravelas e cruzaram o Oceano Atlântico rumo ao Novo Mundo, suas biografias, então, ganham contornos épicos.

CARDEAL – Filho de judeus espanhóis recém-convertidos ao cristianismo – os chamados “cristão-novos” -, Colombo nasceu no navio em que seus pais fugiam da Espanha e da Santa Inquisição em direção a Gênova, na Itália. Mesmo cristão-novos, os Colón – nome judeu-espanhol original da família que seria depois italianizado para Colombo – temiam ser expulsos da Espanha ou queimados na fogueira e decidiram partir por conta própria.

Nessa relação familiar, os pais de Colombo, Domingo Colón era um tecelão, e exatamente por isso cada frase sua é pontilhada com imagens referentes à profissão, o que dá um tom caricatural à sua figura. “Essa é a trama de nossas vidas”, costumava dizer. Já Susanna Colón era uma mulher de temperamento sarcástico, que não aguentava as contumazes figuras de linguagem do marido. “O mundo não é feito de tramas”, dispara. “Eu tinha de me casar com um tecelão metido a filósofo!”, queixa-se.

 

Nessa travessia da família rumo à Itália, há dois fatos reais, o próprio nascimento de Colombo na viagem, o que, sempre confundiu o navegador. “Não sei por que, mas acabei dizendo que era genovês quando o rei de Portugal, dom João II, perguntou de onde eu vinha”, conta Colombo. “Isso acabou confundindo meus biógrafos”, diz. O outro fato marcante para Colombo no navio para Gênova foi a companhia de um fidalgo espanhol, que seguia para Roma. Esse fidalgo, Rodrigo Borja, acabou passando à História primeiro como o cardeal Roderigo Bórgia – pai da temível Lucrécia Bórgia – e depois como o papa Alexandre VI, que quase levou a Igreja à ruína com suas extravagâncias. Mas o cardeal Bórgia foi na vida real o grande tutor do jovem Colombo.

 

Um dado sombrio da vida do navegador – os anos que ele passou, de fato, em Roma, a serviço de Bórgia, como seu provador de plantão. O próprio Colombo teria pedido a seu filho e biógrafo oficial, Fernando – nascido de seu relacionamento com a espanhola Beatriz, sua segunda mulher -, que omitisse esse dado de sua biografia. Pois seu primeiro casamento foi um grande desastre.

 

Colombo não entende como pôde ser venerado na Itália como um verdadeiro italiano. “Eu fui a pior coisa que aconteceu para a Itália até o surgimento de Mussolini”, diz. As citações de fatos posteriores à morte de Cristóvão Colombo são um arsenal de imaginação. Esse recurso se mostra mais afiado no trato com os biógrafos do navegador. Nenhum é poupado, nem mesmo o filho Fernando. “Não recomendo o livro de meu filho”, diz Colombo. “Ele não queria ser filho de um joão-ninguém, por isso inventou que estudei Astronomia e Matemática na universidade”, acentua Colombo.

 

Também as lendas que cercam suas aventuras são demolidas na biografia. “Ganhei a fama de nunca dormir nas viagens, mas ninguém sabia o motivo, e por isso os biógrafos achavam que se tratava de meu amor pelo mar”, conta Colombo. Segundo ele, “o bravo navegador” estava na verdade fugindo dos ataques sensuais da adolescente Filipa Perestrello – que viria a ser, realmente, sua primeira mulher, anos mais tarde.

 

Outro ataque fulminante que Colombo reserva é dirigido aos seus colegas descobridores. O Américo Vespúcio, o navegador florentino que, a serviço da coroa portuguesa, desbravou o novo continente, o Colombo não faz por menos: simplesmente trata por “crasso oportunista” o homem que emprestou seu nome às novas terras descobertas. Mas não é só Vespúcio que recebe alfinetadas. Com ironia, são desfiados nomes como o de John Cabot, que descobriu a América do Norte para a coroa inglesa, e o do alemão Martin Behaim, que teria sido o primeiro homem a idealizar o globo terrestre, isso numa época em que a Terra, para muitos, era chata como uma lâmina.

 

“GRANDE AVENTURA” – Na morte de Filipa ou quando Colombo entra em decadência, após ser preso no fim de sua quarta expedição à América, vítima de intrigas. Quando Colombo se torna espião dos reis católicos Fernando e Isabel, a fim de expulsar os mouros de Granada, sua vida assume características de mistério. Mas o grande salto se dá mesmo na viagem do navegador que culminou com a descoberta da América. Foi o que ele denominou de sua “grande aventura”.

Desde sua saída do Porto de Palos, na Espanha, com as caravelas Santa Maria, Pinta e Ninã, a travessia do “mar Oceano”, como o Atlântico era chamado então, passa-se por um fascinante mistério e suspense. A certa altura, Colombo tem que controlar uma tripulação de noventa marujos amotinados.

Nessa hora, o navegador se compara ao capitão Ahab – o célebre personagem que busca a baleia branca Moby Dick, no livro de Herman Melville, publicado em 1851. Só depois de superar a crise Colombo chega à Ilha de Guanaani – pensando ser a Índia ou a China -, batizada de Hispaniola e que hoje abriga a República Dominicana.

Cristóvão Colombo está enterrado na Catedral de Santa Maria, em Servilha, Espanha, também conhecida como Catedral da Servilha. A arquitetura gótica abrange uma área de mais de 11 mil metros quadrados e a igreja é a maior da Espanha e tem o título de Patrimônio Mundial da UNESCO.

(Fonte: Veja, 27 de setembro de 1989 – ANO 22 – Nº 38 – Edição 1098 – LIVROS/ Por MARCELO ROLLEMBERG – Pág: 144/145)

 

 

 

Em 12 de setembro de 1502, Cristóvão Colombo, em sua quarta e última viagem, chega à costa da atual Nicarágua.

(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – N° 18.231 – Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves – HOJE NA HISTÓRIA – 12 de setembro de 2015 – Pág: 36)

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