Chico Teixeira, cineasta carioca, diretor dos elogiados longa-metragens “A Casa de Alice” (2007) e “Ausência” (2014)

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Chico Teixeira, diretor do filme ‘A Casa de Alice’ e ‘Ausência’

 

 

O cineasta Chico Teixeira, em foto de 2013 – (Foto: Greg Salibian/Folhapress)

 

 

Chico Teixeira (Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1958 – São Paulo, 12 de dezembro de 2019), cineasta, foi diretor de ‘A Casa de Alice’ e ‘Ausência’

 

Economista pós-graduado, Chico atuou na área por alguns anos até ir trabalhar no programa de entrevistas “Conexão Nacional”, da Rede Manchete de Televisão . Seu primeiro documentário, “Favelas”  (1989), foi premiado no Brasil e em Portugal, no Festival Internacional do Algarve.

 

 

Em 91, ele fez  “Velhice” , que foi exibido em festivais nos Estados Unidos, Japão e Alemanha. Seu terceiro documentário, o curta “Criaturas que nasciam em segredo”  (1995, sobre o cotidiano de cinco anões), ganhou 21 prêmios no Brasil, incluindo o prêmio de melhor curta-metragem e melhor diretor no Festival de Gramado, e três prêmios internacionais: na Espanha Festival de Huesca, no Chile e em Portugal.

 

Estrelado pela atriz Carla Ribas , “A casa de Alice”, primeiro londa de ficção de Chico Teixeira mostra a vida de uma manicure com sua família na periferia de São Paulo. Exibido na sessão não-competitiva Panorama do Festival de Berlim, ele foi elogiado em uma crítica do jornal alemão “Tagesspiegel”. Na opinião da crítica Daniela Saanwald, era a observação dos detalhes, do que não é encenado, que fazia de “A casa de Alice” uma “pequena descoberta do festival”.

 

 

Teixeira iniciou sua carreira de cineasta entre o fim dos anos 1980 e início dos 1990 com documentários. São dessa época “Favelas” (1989) e “Velhice”, sobre a vida solitária em asilos.

 

Na ficção, foram apenas dois projetos. ‘A Casa de Alice’, de 2007, gira em torno da personagem Jacira (Berta Zemel) que, na companhia de um rádio de pilha, observa a trama das relações de sua filha Alice (Carla Ribas) com os filhos, o marido, a amante dele, o amante dela, na casa em que vivem.

 

“Meu filme falou da classe média porque há mais gente assim no Brasil. Não sou nada político, mas sempre penso: como essas pessoas vivem, comem, pagam médico, criam filhos?”, disse Teixeira, na época da estreia, para a Folha.

 

Seu segundo longa de ficção, “Ausência” (2014), venceu quatro prêmios Kikito no Festival de Gramado, incluindo o de melhor filme. Nele, o adolescente Serginho (Matheus Fagundes) ajuda o tio na feira e convive com um irmão mais novo e uma mãe alcoólatra (Gilda Nomacce), com quem divide um casebre. Mais uma vez, um filme sobre a classe média.

 

Nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1958. Foram poucos filmes, mas bastaram para colocá-lo no rol dos melhores diretores de sua geração.

 

Começou no documentário, com Favelas, Velhice. Obteve reconhecimento com Criaturas Que Nasciam em Segredo e Carrego Comigo. Como ficcionista, realizou A Casa de Alice e Ausência. O documentário traçou um caminho – comprometimento com a realidade social e humana, um gosto pelo diferente. Criaturas aborda o mundo dos anões, procurando despi-los do folclore que tece tantas fantasias a seu respeito. Carrego é sobre gêmeos, e como eles também podem ser especiais, unidos por características comuns, mesmo quando separados.

 

Na ficção, Chico encontrou não apenas o tema da família, mas também o seu gosto pelo trabalho com as atrizes. A Casa de Alice passou no Panorama do Festival de Berlim, em 2007. Uma manicure, mãe de três filhos. Uma família disfuncional – o marido a trai, ela sai com outros homens, os filhos levam vidas ocultas e ainda tem a avó, a mãe de Alice. Carla Ribas é excepcional, mas não apenas ela. Berta Zemel também tem um grande papel.

 

Em Ausência, o ângulo é o do filho, um garoto que trabalha na feira e se sente responsável pela família, após o abandono pelo pai. Serginho/Matheus Fagundes tem 14 anos e fica divido entre a namorada e a atração por um homem mais velho, o professor interpretado por Irandhir Santos. Talvez busque nele um substituto para o pai, mas a relação é complicada. Mais complicada ainda é com a mãe, que sofre de alcoolismo, e Gilda Nomacce é admirável. Ausência foi premiado no Festival do Rio. Chico amava as pequenas vidas, os solitários, os amorosos não correspondidos. Sua obra, prematuramente truncada, deixa uma marca de verdade, e consistência.

 

Chico faleceu em 12 de dezembro de 2019, aos 61 anos, após lutar contra um câncer no pulmão, em São Paulo. Ele deixa mais um longa, “Dolores”, filmado durante o seu tratamento e que deve ser terminado em 2020.

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/12 – ILUSTRADA / CINEMA / Por Luiz Carlos Merten, O Estado de S.Paulo – 12 de dezembro de 2019)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / O Globo – 12/12/2019)

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