César Faria, pai do músico Paulinho da Viola e fundador do Conjunto Época de Ouro

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A violonistas como César deve a música popular brasileira, o choro em particular, seu constante renascimento, ou melhor, sua permanência como gênero e como estilo.

César Faria é o 2º desta recente foto do Conjunto Época de Ouro. (Foto: orfaosdoloronix.wordpress.com)

César Faria é o 2º desta recente foto do Conjunto Época de Ouro. (Foto: orfaosdoloronix.wordpress.com)

Benedicto César Ramos de Faria (1919 – 20 de outubro de 2007), popularmente conhecido como Cesar Faria, foi um dos maiores violonistas brasileiros, pai do músico Paulinho da Viola e fundador do Conjunto Época de Ouro. 

César Faria exerceu o ofício durante 70 anos. Até 2006, ele era acompanhante irrepreensível, em shows e discos, de Paulinho e de vários outros artistas da música brasileira. Sem falar no período em que esteve ao lado de Jacob do Bandolim no conjunto Época de Ouro.

O conjunto instrumental teve grande importância no movimento de resistência do choro, na década de 60. Com Jacob e César, o Época de Ouro lançou os discos “Chorinhos e Chorões”, “Primas e Bordões” e “Vibrações”, passando ao largo da febre de bossa nova que dominava os meios de comunicação. Participou com Elizeth Cardoso e o Zimbo Trio de um show memorável no Teatro João Caetano, gravado em disco mas não relançado em CD no Brasil.

Depois da morte de Jacob, em 1969, o grupo se desfez por alguns anos, voltando a atuar em 1973 sob comando de César Faria, a convite de Paulinho da Viola, para o show “Sarau”, dirigido por Sérgio Cabral, que marcou a redescoberta do choro na década.

O estilo de chorão e sambista tradicional de César Faria podia ser resumido numa palavra: elegância.

César, ao lado de Dino Sete Cordas e de raros outros octogenários, era um mestre que passou a outras gerações a tradição de acompanhamento de choro, cujos desenhos harmônicos e baixarias foram seriamente ameaçados pela batida da bossa nova, mais simples ritmicamente, mais fácil de tocar, embora João Gilberto e outros pudessem enriquecê-la com suas invenções harmônicas.

César Faria morreu na noite deste sábado, tinha 88 anos. Ele sofreu um infarto em casa, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

A violonistas como César deve a música popular brasileira, o choro em particular, seu constante renascimento, ou melhor, sua permanência como gênero e como estilo. João Rabello, 27 anos, neto de César e filho de Paulinho, é um desses continuadores. Ele, inclusive, estava substituindo o avô nos shows do pai. Em entrevista em 2001, para O Globo, João contou o que aprendeu em família.

– Meu estilo realmente foi trabalhado em família. Aprendi com meu avô e meu pai a apreciar algo que os violonistas de agora já não têm tanto: o gosto pelas harmonizações. Mas, graças ao meu tio Raphael (ele é filho de Paulinho com Lila, irmã de Raphael Rabello), também pude tentar outros caminhos, o de um choro mais moderno. Pretendo ser uma mistura dos dois.

Em outra entrevista publicada no Globo, no último dia 11 de outubro, Paulinho da Viola explicou porque sempre optou pelo violão de seis cordas, e não o de sete, em sua banda.

– Cresci ouvindo e admirando o violão do meu pai. Numa formação de regional clássica, o seis cordas sempre fica ofuscado pelo de sete. Então sempre fiz questão de ressaltar a beleza das harmonias, da levada deste violão – explicou.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura -4146137#ixzz3o0mFuOag – CULTURA/ por O Globo Online e João Máximo – O Globo – 21/10/2007)

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