Carmen Mayrink Veiga, foi referência em etiqueta e estilo pessoal, foi um dos maiores símbolos da elegância no país

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Símbolo da elegância no Brasil, ela era referência em etiqueta e estilo pessoal no Rio de Janeiro

 

Carmen Mayrink Veiga, em foto de julho de 2010 Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

Carmen Mayrink Veiga, em foto de julho de 2010 (Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO)

 

‘Papisa da elegância brasileira’

 

 

Carmen Mayrink Veiga (Pirajuí, São Paulo, 24 de abril de 1929 – Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2017), socialite, foi considerada uma das mulheres mais bem-vestidas do mundo

Um dos maiores símbolos da elegância no país, Carmen foi referência em etiqueta e estilo pessoal, ela frequentou as páginas das revistas americanas Vogue Vanity Fair, teve retratos seus por artistas como Cândido Portinari e Di Cavalcanti e em 1997 lançou o livro ABC de Carmen.

Natural de Pirajuí, interior de São Paulo, Carmen Therezinha Solbiati nasceu em 24 de abril de 1929, em uma tradicional família do Sudeste brasileiro. Filha de Maria de Lourdes de Lacerda Guimarães e Enéas Solbiati, era neta do Barão de Arari e sobrinha-neta do Barão de Araras pelo lado materno. Seu pai era um rico financista de São Paulo que foi cônsul honorário do Reino da Itália.

Ela já era frequentadora dos desfiles de alta costura francesa e famosa no mundo da moda quando conheceu o empresário Tony Mayrink Veiga, com quem se casou em 1956. Eles ficaram juntos por 60 anos, até a morte de Tony, em junho de 2016. O casal teve dois filhos, Antenor e Tereza Antônia, e cinco netos.

Frequentadores do jet set internacional, participavam desde caçadas na África a festas com multimilionários de diversos países, além de receber personalidades globais em seu apartamento de mil metros quadros da Avenida Rui Barbosa, com vista deslumbrante para o Pão de Açúcar, para jantares regados a champanhe.

 

Carmen Mayrink Veiga com o marido, Tony Mayrink Veiga, em um dos jantares no apartamento do casal, em janeiro de 1985 – (Agência O Globo)

 

 

Carmen foi retratada por artistas como Cândido Portinari, Andy Warhol e Di Cavalcanti, além de ter sido fotografada por nomes como Francesco Scavullo, Richard Avedon e Mario Testino. O rosto da brasileira também aparece entre as caricaturas de Madonna, Demi Moore e outras celebridades internacionais no clipe da música “Imitation of life”, da banda R.E.M. Pouco antes do lançamento do vídeo, ela havia chamado a atenção ao, depois de comparecer a uma cerimônia do Oscar, levar mais de 20 minutos para sair de uma limousine devido ao tamanho do vestido que usava para o jantar oferecido por Demi Moore. Ela chegou ao evento ao lado de Madonna.

Tony e Carmen Mayrink Veiga formavam um dos casais mais elegantes da alta roda, chegando a ser considerados por Truman Capote, Diana Vreeland e Anna Wintour, na “Vogue” americana, “o casal mais chique da América do Sul”.

Presença constante nas listas das mulheres mais elegantes do Brasil, Carmen entrou para a seleta lista das pessoas mais bem vestidas do mundo da revista americana “Vanity Fair” em 1981. Também é a única brasileira citada na biografia oficial de Yves Saint Laurent – era uma das maiores colecionadoras de peças do estilista no mundo – e listada nos registros de clientes da alta costura de Paris desde jovem. Possuia mais de 400 vestidos de alta costura, uma coleção considerada rara pelos especialistas em arte e alta moda. Em 2003, 67 de seus vestidos foram expostos em uma mostra na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa.

Em 1997, escreveu o livro “ABC de Carmen”, sobre etiqueta e estilo pessoal, e, em seguida, foi convidada para atualizar e comentar a versão para a América do Sul do “Livro Completo de Etiqueta de Amy Vanderbilt”.

O casal esbanjava não só elegância nos tapetes vermelhos ao redor do mundo mas também dinheiro. De acordo com a coluna Radar, na década de 80, o marido de Carmen Mayrink Veiga comprou o Aston Martin V8 para dirigir em suas estadas em Paris. Usou e acabou abandonando o veículo em um castelo francês. Ninguém da família Mayrink Veiga foi atrás do veículo, que acabou leiloado em Londres, em janeiro deste ano, pelo equivalente a 384 470 reais.

 

 

A socialite Carmen Maiyrink Veiga posa para fotos em sua casa, no bairro do Flamengo, Zona Sul do Rio – (Rafael Andrade / Agência O Globo)

 

 

FALÊNCIA E LEILÃO

 

Na década de 90, o alto padrão de vida da família foi impactado pelo Plano Collor, quando a Casa Mayrink Veiga iniciou processo de falência. Fundada em 1864, a empresa representava armamentos para o Exército brasileiro, e, nos anos 1980, passou a ser também fabricante de armas.

Em 2007, cinco anos depois de decretada oficialmente a falência da empresa, o anúncio do leilão de bens da família para o pagamento de dívidas agitou o mercado de arte. Na ocasião, foram postos à venda um serviço de porcelana japonesa do século XVI, joias e quadros de Guignard, Milton Dacosta, Volpi, Di Cavalcanti, entre outros artistas de renome.

Em 2013, em um novo leilão, mais de 100 peças de arte e decoração foram arrematadas em São Paulo. No entanto, o item mais cobiçado da venda — o retrato de Carmem, pintado por Portinari em 1959 — não encontrou comprador e continuou com a família.

 

 

Carmen Mayrink Veiga em 1961 posa junto ao retrato pintado por Cândido Portinari – (Agência O Globo)

 

A família também foi proprietária da Rádio Mayrink Veiga, fechada após o golpe militar, em 1964.

Carmen Mayrink Veiga morreu em 3 de dezembro de 2017, aos 88 anos, em casa, no Rio de Janeiro.

Carmen sofria de paraparesia espástica tropical, condição que limitava seus movimentos. Ela utilizava uma cadeira de rodas desde 2013, quando também se tornou ativista pela causa dos cadeirantes, e chegou a inaugurar um elevador específico no Teatro Municipal do Rio.

Em decorrência da doença, se locomovia em uma cadeira de rodas há quatro anos. Desde então, tornou-se uma ativista pela causa dos cadeirantes, conseguindo que rampas de acesso e outras facilidades indispensáveis para pessoas com deficiência e problemas de mobilidade fossem instaladas em hotéis de luxo, como o Copacabana Palace, restaurantes e edifícios históricos, como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que ganhou um elevador panorâmico específico para cadeirantes inaugurado por Carmen.

Amiga de Carmen, a designer carioca de acessórios Glorinha Paranaguá, de 87 anos, lamentou a perda da amiga e falou sobre a devoção dela:

– A Carmen era muito carinhosa, sempre presente. Ela marcou uma era, era “A” Carmen Mayrink. Ela tinha muita personalidade, com seu jeito de se vestir, seu cabelo. A conheci ainda solteira, como Carmen Therezinha Solbiati, quando ela morava em São Paulo e eu aqui. Até por conta do nome, ele sempre foi muito devota de Santa Teresinha. Frequentava a igreja na Tijuca.

(Fonte: https://extra.globo.com/noticias/rio – NOTÍCIAS – 04/12/2017)

(Fonte: Zero Hora – Ano 54 – N° 18.952 – 5 de dezembro de 2017 – TRIBUTO – Pág: 33)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/ela/gente – ELA – GENTE/ POR FERNANDA BALDIOTI / MARIANA NICODEMUS – 04/12/2017)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – NOTÍCIAS – GERAL – CULTURA – O Estado de S. Paulo – 4 Dezembro 2017)

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