Bernard Tapie, magnata multifacetado, polêmico empresário e dirigente esportivo, como presidente do Olympique de Marsella, que levou ao título da Liga dos Campeões

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Polêmico empresário e ex-ministro francês Bernard Tapie, o ‘Zorro das empresas’

 

Bernard Tapie em foto de outubro de 2005 — (Foto: Jacques Brinon/AP/Arquivo)

 

Tapie passou 165 dias na prisão após ser condenado em um escândalo de manipulação de uma partida da Liga Francesa.

 

Bernard Tapie (20º arrondissement de Paris, Paris, 26 de janeiro de 1943 – 3 de outubro de 2021), magnata multifacetado francês, também ex-ministro, ator, polêmico empresário e dirigente esportivo.

 

A trajetória desta célebre personalidade da vida política, econômica e social francesa é vista como símbolo de sucesso, mas é também marcada por problemas com a justiça e acusações de corrupção.

 

Após uma vida em que virou símbolo de êxito social, mas também marcada por problemas com a justiça e acusações de corrupção, Tapie, foi brilhante e multifacetado, mas também muito polêmico, encarnou o sucesso na França na década de 1980, antes de ver seu nome envolvido em vários casos de corrupção.

 

Sua trajetória em mais de 40 anos de vida pública foi incomum, nas aéreas política, artística ou esportiva, na qual atuou, entre outras atividades, como presidente do Olympique de Marsella, que levou ao título da Liga dos Campeões.

 

– Glória esportiva e prisão –

 

Filho de um operário, casado duas vezes e pai de quatro filhos, Tapie passou à ser chamado de “raposa das empresas”, ao mesmo tempo que virou um astro da televisão.

 

Sua vida como dirigente esportivo foi intensa. Em meados dos naos 1980 montou a equipe de ciclismo La Vie Claire, que venceu duas Voltas da França (1985 e 1986) com suas estrelas Bernard Hinault e Greg Lemond.

 

Em 1986, ele assumiu a presidência do Olympique de Marselha (OM) e até hoje é venerado por muitos torcedores do clube: Tapie comandou em 1993 o OM na conquista do primeiro e único título até hoje de um clube francês da Liga dos Campeões.

 

Em 1989, Tapie virou deputado e em 1992 foi nomeado ministro das Cidades, mas teve que renunciar ao cargo apenas dois meses depois por suspeitas de abuso de bens sociais.

 

Sua vida foi marcada por problemas com a justiça e foi justamente no OM em que explodiu o primeiro escândalo, com o caso de uma partida manipulada da liga francesa. Ele foi condenado por cumplicidade de corrupção e suborno de testemunhas e passou 165 dias na prisão.

 

Outros escândalos o levariam à liquidação judicial de algumas de suas empresas ou à perda de mandatos políticos.

 

Em maio, já muito debilitado pelo câncer, Tapie compareceu ao tribunal para o “caso de sua vida”, um litígio financeiro de 30 anos com o banco Crédit Lyonnais que envolve a venda do grupo de material esportivo Adidas.

 

O Ministério Público solicitou cinco anos de prisão, com suspensão da pena, por cumplicidade em fraude e desvio de dinheiro público. A decisão era esperada para 3 de outubro.

 

Apesar de sua vida polêmica e agitada, Bernard Tapie, “A Fênix” – título de uma de suas biografias – continuaria no século 21 como uma figura da televisão, até mesmo como ator: ele interpretou, entre outros, o “Comissário Valence”, uma série exibida entre 2003 e 2008.

 

Isso não o impediu de voltar aos negócios, com a compra em 2012 de vários meios de comunicação, entre eles o La Provence de Marselha.

 

Raposa das empresas e estrela da TV

“Fênix”, “hérói”, “amigo”, “mentiroso”, “jogador”: os títulos das várias biografias escritas sobre Tapie falam por si só. Uma prova que Tapie era um homem de múltiplas facetas, pronto para encarar desafios em qualquer área, da política à TV, passando pelo esporte. Chamado de “Zorro do mundo empresarial”, esse francês vindo de uma família modesta construiu em torno de si um império, acumulando uma imensa fortuna que inclui um hotel de luxo, uma vila paradisíaca e um iate.

Filho de um operário e de uma cuidadora, Tapie nasceu em 26 de janeiro de 1943 no popular 20° distrito de Paris. A infância vivida em um meio modesto é um apimentado detalhe a mais na história de sucesso deste empresário destemido, disposto a tudo para obter tudo o que desejava.

Como dirigente esportivo, sua trajetória foi intensa. Em meados dos anos 1980 montou a equipe de ciclismo La Vie Claire, que venceu duas Voltas da França (1985 e 1986) com suas estrelas Bernard Hinault e Greg Lemond. Em 1986, ele assumiu a presidência do Olympique de Marselha (OM) e até hoje é venerado por muitos torcedores do clube. Tapie comandou o time em 1993 na conquista do primeiro e único título até hoje de um clube francês da Liga dos Campeões.

Em 1989, Tapie foi eleito deputado e em 1992 foi nomeado ministro das Cidades durante o governo de François Mitterand. No entanto, teve de renunciar ao cargo apenas dois meses depois por suspeitas de abuso de bens sociais.

Escândalos na justiça

A vida de Tapie também foi marcada por problemas com a Justiça. Foi justamente no Olympique de Marselha que explodiu um dos maiores escândalos envolvendo o seu nome, com o caso de uma partida manipulada da Liga francesa. Ele foi condenado por cumplicidade de corrupção e suborno de testemunhas e passou 165 dias na prisão.

Outros casos o levaram à liquidação judicial de algumas de suas empresas ou à perda de mandatos políticos. No último mês de maio, já muito debilitado pelo câncer, Tapie compareceu ao tribunal para um litígio financeiro de 30 anos com o banco francês Crédit Lyonnais, que envolve a venda do grupo Adidas. Ele era acusado de beneficiar de uma arbitragem fraudulenta, que lhe rendeu uma indenização de € 403 milhões.

Quem ratificou essa decisão foi a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, na época em que era ministra da Justiça da França. Em 2016, o Tribunal de Justiça da República (CJR), em Paris, a considerou culpada de negligência.

O Ministério Público solicitou cinco anos de prisão, com suspensão da pena, por cumplicidade em fraude e desvio de dinheiro público. A decisão final era esperada para quarta-feira (6).

Desta vida polêmica e agitada, o magnata também investiu no mundo artístico: brevemente como cantor e atuando na TV durante alguns anos na série “Commissaire Valence”, entre 2003 e 2008. Nada que o impedisse a dar sequência à carreira de empresário: em 2012, adquiriu vários veículos de comunicação, entre eles o jornal La Provence, de Marselha.

No último mês de abril, Tapie voltou a ocupar as manchetes dos jornais franceses, depois de um assalto à sua casa, uma residência na região parisiense avaliada em € 2 milhões. O empresário e a mulher, Dominique Tapie, foram agredidos e mantidos durante horas como reféns. Diante das câmeras de TVs e fotógrafos, muito debilitado, o magnata concedeu várias entrevistas com o rosto ferido.

Bernard Tapie faleceu em 3 de outubro de 2021, vítima de câncer aos 78 anos.

“Dominique Tapie e seus filhos anunciam com infinita dor a morte de seu marido e de seu pai, Bernard Tapie, neste domingo 3 de outubro às 08H40, em consequência de um câncer”, afirma um comunicado.

O presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa Brigitte destacaram “a ambição, energia e entusiasmo” de Tapie, que “foram fonte de inspiração para gerações de franceses”.

O primeiro-ministro Jean Castex elogiou um “lutador, um homem muito comprometido”.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo – NOTÍCIAS / MUNDO / por AFP – 03/10/2021)

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/03 – MUNDO / NOTÍCIA / por RFI – 03/10/2021)

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