Ben Bradlee, editor do jornal “The Washington Post” que denunciou Watergate

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Foi o mais importante editor do ‘Washington Post’

 

O presidente dos EUA, Barack Obama, entrega a Medalha Presidencial da Liberdade a Benjamin C. Bradlee em cerimônia na Casa Branca, em 20 de novembro de 2013 (Foto: AFP Photo/Mandel Ngan)

O presidente dos EUA, Barack Obama, entrega a Medalha Presidencial da Liberdade a Benjamin C. Bradlee em cerimônia na Casa Branca, em 20 de novembro de 2013 (Foto: AFP Photo/Mandel Ngan)

 

Ben Bradlee chefiou jornal à época dos Papéis do Pentágono e de Watergate

 

Nesta foto de arquivo 20 de novembro de 2013, presidente Barack Obama coloca Medalha Presidencial da Liberdade no ex-editor do ‘Washington Post’ Ben Bradlee, durante uma cerimônia na Casa Branca, em Washington - (Foto: Evan Vucci / AP)

Nesta foto de arquivo 20 de novembro de 2013, presidente Barack Obama coloca Medalha Presidencial da Liberdade no ex-editor do ‘Washington Post’ Ben Bradlee, durante uma cerimônia na Casa Branca, em Washington – (Foto: Evan Vucci / AP)

 

Editor do ‘The Washington Post’ que denunciou Watergate

 

O editor-executivo do ‘Washington Post’, Ben Bradlee, e Katharine Graham, publisher do jornal, em foto sem data – (France Presse- AFP/The Washington Post Files)

 

Sob sua gestão, jornal conquistou 17 prêmios Pulitzer e virou modelo.

Benjamin C. Bradlee (Boston, Massachusetts, 26 de agosto de 1921 – Washington, 21 de outubro de 2014), lendário ex-editor-executivo do jornal “The Washington Post” durante 26 anos, conhecido por dirigir a cobertura do escândalo do Watergate e a publicação de documentos do Pentágono.

“Um editor de jornal é alguém que separa o joio do trigo – e publica o joio.” A blague inteligente atribuída a Adlai Stevenson (1900-1965) é repetida como piada interna nas Redações e usada em críticas à imprensa dos que se sentem atingidos pelo que é publicado.

Considerado o responsável pela transformação da publicação em uma das mais importantes e respeitadas do mundo, Bradlee de uma família de classe média de Boston, teve poliomelite, estudou em Harvard e lutou na Segunda Guerra Mundial pela Marinha. Mulherengo, casou-se três vezes. Sua segunda mulher era irmã de Mary Pinchot Meyer, que viria a ser uma das amantes de John F. Kennedy.

Ex-mulher de um agente da CIA, Mary foi morta em circunstâncias não totalmente esclarecidas meses depois do assassinato do presidente. A amizade de Bradlee e Kennedy era um de seus calcanhares de aquiles – acusavam o jornalista de ser parcial quando se tratava do democrata.

Foi o primeiro “editor-celebridade” e se preocupava com isso, “mas não muito”. Ficou amigo de Robert Redford e Dustin Hoffman durante as filmagens de “Todos os Homens” e passou a andar na redação com o mesmo trejeito criado no filme pelo ator que o interpretava, Jason Robards.

Seu momento profissional mais difícil foi depois do auge da fama, em 1981, quando uma jornalista ambiciosa publicou série de reportagens sobre um menino de 8 anos viciado em heroína. A história rendeu a Janet Cooke o Pulitzer, principal prêmio jornalístico dos Estados Unidos, mas era invenção – assim como aspectos da vida da própria repórter.

Todos os filtros falharam: o de Bob Woodward, na ocasião editor no caderno de assuntos cotidianos e chefe direto de Janet, e o do próprio Bradlle.

Publicado o joio, o editor foi atrás do trigo: comissionou o ombudsman para apurar em que o jornal errara. Sua conclusão estampou a Primeira Página e quatro páginas seguintes do “Washington Post”.

 

Bradlee marcou a história do jornalismo e de seu próprio país ao orientar os jornalistas Bob Woodard e Carl Bernstein na investigação sobre o arrombamento do Comitê Nacional Democrata, no prédio Watergate, na capital americana. A reportagem investigativa estabeleceu uma ligação entre a Casa Branca e o arrombamento do Comitê, desvendando um escândalo que levou à renúncia do presidente republicano Richard Nixon, em 1974.

Bradlee era responsável pelo jornal durante a cobertura do escândalo Watergate, que culminou na renúncia do então presidente dos EUA, Richard Nixon. Antes disso, ele já havia entrado em conflito com o mesmo político ao publicar matérias baseadas em documentos secretos do Pentágono sobre a Guerra do Vietnã.

Benjamin Crowninshield Bradlee assumiu o “Washington Post” em 1965 e desde então procurou criar um modelo diferente dos jornais tradicionais da época. Primeiro como editor e depois como editor executivo, ele distribuiu correspondentes em diversos países, espalhou redações em todos os Estados Unidos e criou diversas novas seções e editorias.

Em sua gestão, que durou até 1991, o jornal conquistou 17 prêmios Pulitzer. Fundado em 1877, ele tinha conseguido apenas 4 prêmios semelhantes em toda sua história anterior. Além disso, logo em seus primeiros anos como editor, Bradlee viu as vendas do “The Washington post” mais do que dobrarem.

Bradlee foi interpretado por Jason Robarts em “Todos os Homens do Presidente”, filme de 1976 que rendeu um Oscar ao ator e contou o desenrolar do Watergate pelas reportagens de Bob Woodward e Carl Bernstein. Ele foi um dos poucos a conhecer desde cedo a identidade da fonte apelidada de “Garganta profunda”, revelada apenas em 2005 como sendo o oficial do FBI W. Mark Felt (1913-2008).

Ele foi editor do “Post” entre 1968 e 1991 e tornou-se uma das figuras mais importantes em Washington ao transformar o jornal em uma das publicações mais dinâmicas e respeitadas nos Estados Unidos. Bradlee não apenas obteve para o jornal o prêmio Pulitzer por sua cobertura do caso Watergate, mas também obrigou o Pentágono a revelar documentos secretos sobre a Guerra do Vietnã.

A imagem do editor se tornou ainda mais popular em 1978, quando ele transformou a estrela pornô Sally Quinn em sua terceira esposa.

Bradlee nasceu em 1921, na cidade de Boston, e após se formar na Universidade de Harvard, serviu como oficial de comunicações da Marinha americana durante a Segunda Guerra Mundial. Foi repórter do “Post” e depois correspondente da revista “Newsweek” em Paris. Como repórter, cobriu em 1960 a vitoriosa campanha de John F. Kennedy, tornando-se seu amigo.

Em novembro de 2013, aos 92 anos, Bradlee foi condecorado por Barack Obama na Casa Branca, recebendo a Medalha Presidencial da Liberdade. Em seu discurso na ocasião, o presidente o saudou por trazer intensidade e dedicação ao jornalismo que serviam como lembrete de que “nossa liberdade como nação se apoia em nossa liberdade de imprensa”.

Ben Bradlee foi o mais longevo e importante editor-executivo do jornal “The Washington Post”. Sabia separar o joio (erva-daninha) do trigo – e publicar o último. Por seu discernimento chegaram às páginas do diário que comandava dois dos principais fatos dos Estados Unidos contemporâneos: os Papéis do Pentágono e o Caso Watergate.

O primeiro arrancou uma vitória da liberdade de imprensa da Suprema Corte, além de fazer o jornal deixar de ter um alcance local e virar referência nacional na cobertura política. O segundo levou Richard Nixon (1913-1994) à renúncia, a única da história do país, em 1974.

Em setembro de 2014, Quinn revelou que o marido sofria de Alzheimer havia alguns anos. Ainda assim, ela disse que ele “nunca foi deprimido um único dia em sua vida”.

Bradlee se aposentou em  1991 e seguiu como vice-presidente honorário do jornal até sua morte.

Bradlee morreu em 21 de outubro de 2014, em sua casa em Washington, de causas naturais. Ele tinha 93 anos.

(Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/10 – MUNDO – Do G1, em São Paulo – 21/10/2014)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/02 – ILUSTRADA / CRÍTICA / Por Sérgio Dávila – 12.fev.2018)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo – MUNDO / por O Globo / Com agências internacionais – 22/10/2014)

 

 

 

 

 

Longa narra vida do mais importante editor do ‘Washington Post’

Ben Bradlee chefiou jornal à época dos Papéis do Pentágono e de Watergate

A vida do editor (1921-2014) é tema de um documentário da HBO “O Homem do Jornal – A Vida de Ben Bradlee”. Direção de John Maggio e narração do próprio Bradlee, retirada do audiolivro de sua biografia de 1995, é entremeado por depoimentos de nomes como Bob Woodward e Carl Bernstein, a dupla de Watergate, e David Remnick, editor da “New Yorker”, que teve seu primeiro emprego no “Post” da era Bradlee (1968-1991).

As novidades estão no que mostra antes e depois dos episódios mais conhecidos (Watergate e Pentágono), já bastante explorados por dois dos melhores filmes do subgênero “thriller jornalístico”, respectivamente “Todos os Homens do Presidente” (1976), de Alan J. Pakula, e “The Post”, de Steven Spielberg.

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/02 – ILUSTRADA / CRÍTICA / Por Sérgio Dávila – 12.fev.2018)

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