Balduino Rambo (1904-1961), padre patrono de um tesouro ecológico do sul do país

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Balduino Rambo (1904-1961), padre patrono de um tesouro ecológico do sul do país. Idealizador do Parque Nacional dos Aparados da Serra e precursor da defesa ambiental no Rio Grande do Sul.
O silêncio dos pinherais, a profundidade dos abismos e a riqueza da fauna e da flora da área, da exuberância natural que abrange também o Parque Nacional da Serra Geral seduziram Rambo já nos primeiros contatos com aquela paisagem. Foi em uma viagem de 60 horas nos céus gaúchos, em 1938, que ele teve uma de suas primeiras visões do santuário ecológico pelo qual iria se encantar, mas era por terra que chegava para as expedições. O padre subia no jipe, comprado do Exército, e enfrentava uma jornada de mais de 10 horas de viagem para estudar o relevo, coletar plantas, observar animais no local. Costumava fazer sozinho a peregrinação, numa evidência de seu comportamento solitário, mas, quando decidia fazer os convites, repetia uma pergunta. – Vamos passear no jardim de Deus? – dizia o religioso.
Rambo apresentava predileção pela natureza desde criança, quando transformou as árvores do quintal de casa, em Tupandi, em seus brinquedos prediletos. Na escola, aguçou o gosto pela botânica, entrou em contato com os clássicos, transformou-se em professor e virou padre em 1936. Tinha convicção de sua vocação religiosa, mas questionava a “lerda liturgia”. Era junto à natureza que fortificava sua fé.
Com passagem por instituições como o Colégio Anchieta e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, e a faculdade antecessora da Unisinos, em São Leopoldo, deixou um legado maior, que supera a luta pela proteção dos Aparados, ameaçada na época por abrigar as araucárias cobiçadas pela indústria medeireira. Ele também brigou pela preservação do Horto Municipal de São Leopoldo, criou o Jardim Botânico de Porto Alegre e montou um herbário com 83 mil espécies.
O mundo dos livros também recebeu sua contribuição. Ele publicou em 1942, A Fisionomia do Rio Grande do Sul, um inventário que une botânica, ecologia, geologia e antropologia para descrever o Estado. Considerado uma das personalidades mais importantes do Estado do Rio Grande do Sul. O professor morreu com 56 anos, em 1961.

(Fonte: Zero Hora – Porto Alegre, Domingo, 11 de novembro de 2007 – Ano 44 – N° 15.415 – GERAL – Por Jaisson Valim – Pág; 40)

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