Ary Barroso, lançou Aquarela do Brasil, na voz de Francisco Alves, tornou-se o segundo hino nacional

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Ary Barroso autor de Aquarela do Brasil

Ary Barroso autor de Aquarela do Brasil

 

Barroso: o mineiro de Ubá que adotou o Rio, apaixonou-se pela Bahia e cantou como ninguém na MPB

Ary Barroso (Ubá, Minas Gerais, 7 de novembro de 1903 — Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1964), foi um dos maiores letristas da MPB. Ele retratou brilhantemente os tipos brasileiros em suas músicas – da multa à baiana, da vida no campo à malandragem da noite carioca -, além de ter criado belas canções de amor. Em gravações realizadas entre as décadas de 30 e 60, teve interpretações de Carmen Miranda, Aracy de Almeida e Silvio Caldas. Os sucessos do compositor, na voz de Paulinho da Viola, Chico Buarque e Gal Costa, entre outros.

Homem proteico, multiforme, criador, músico e letrista, pianista. O Ary do rádio e, depois, da TV, seja como locutor de futebol ou regente de programas de calouros, o Ary de Hollywood, o Ary político, vereador, ou, em suma, o pioneiro na luta pelos direitos do autor.

A sua Aquarela do Brasil, lançada em disco Odeon, em outubro de 1939, na voz de Francisco Alves, ainda no apogeu, tornou-se o segundo hino nacional. Um hino que, depois do salto nos Estados Unidos, deu a volta ao mundo. A partir daí, emergiram várias outras mágicas, com maior ou menor alcance, destacando-se Brasil, Canta Brasil ou Onde o Céu É Mais Azul! – na voz de Chico Alves. Enquanto isso, Ary continuava a trabalhar por sua terceira pátria, que, depois do Brasil e de Ubá (sua cidade natal, em Minas Gerais), era a Bahia.

O compositor nasceu às 3 horas da madrugada do dia 7 de novembro de 1903 e que tinha a quem sair. Seu pai, João Evangelista Barroso, foi poeta, tocador de violão, cantor de modinhas e boêmio. Antes dos 8 anos de idade, Ary ficou órfão, aprendeu a tocar piano com uma tia e, aos 15 anos, compôs o cateretê De Longe – mais tarde transformado no samba Nosso Amô Veio dum Sonho, gravado por Carmen Miranda.

Foi para o Rio de Janeiro uma primeira vez em 1919. Dois anos depois, em 1921, chegou em definitivo, com 40 contos de réis no bolso. Mas torrou a grana rápido e, enquanto o curso de Direito ia ficando para as calendas, arranjou um emprego de pianista do cinema Íris. A seguir, fazia o mesmo no cinema Odeon e acabou indo parar sob o teclado da sala de espera do teatro Carlos Gomes.

Daí a pouco, o salto para as orquestras de jazz band e o foxtrotr. Começa a sua história principal: o mundo da música e dos músicos, o seu mundo. Durante cerca de trinta anos, despejou uma cascata de ritmos e melodias, com a predominância do samba, acompanhado pelas marchinhas e uma ou outra valsa. Casou-se em 1930 com Ivone, a quem conhecia desde menina e transformou em companheira e musa até o fim da vida. “Ivone não gosta de futebol, samba ou noite – essa é a razão do sucesso do nosso casamento”, comentou certa vez.

Ary chegou a concretizar cerca de 300 composições, e aquela ironia do destino que o obrigou, por motivos pecuniários, a engatar o piano em ritmos de Tio Sam sumiu sob o pedestal do brasileiríssimo Ary, que até o fim da vida desencadeava suas verrinas contra a “bolerização” da MPB. Ao mesmo tempo, aceitou plenamente a bossa nova. Basta comprovar, a sua vibração com um show na boate Arpege e o grito retumbante: “Este Antônio Carlos Jobim é um gênio!”

A presença de Ary Barroso no rádio era quase tão marcante como aquela no âmbito da nossa MPB. Desdobrava-se em dois planos: o futebol e o programa de calouros. Em nosso esporte mais popular, afirmou-se com um toque de originalidade: a gaitinha. Principiou a usá-la em 1938 e serviu para dar ênfase ao acontecimento do gol. Virou marca registrada, embora muitos torcedores rejeitassem o seu clubismo, ou seja, a adesão completa e declarada ao Flamengo – clube a quem deu tudo em matéria de emoções e mão-de-obra.

Já o programa de calouros, muitas vezes, desembocava num show de humor. E isso ainda mais se acentuou quando entrou pela era da TV. De qualquer forma, o Calouros em Desfile revelou nomes definitivos, como Miltinho, Zaira Rodrigues ou Carmélia Alves e, especialmente, Lúcio Alves e Ângela Maria. Mais uma contribuição sua, entre tantas outras, foi aquela de ter cunhado o termo futebolístico “bicicleta”, ao ver o lendário, centroavante Leônidas da Silva sair do solo de cabeça para baixo e tentar o arremesso com as pernas pedalando no ar.

Cane lembrar ainda a figura do boêmio que brindava amigos e companheiros de mesa com o seu humor, ora sutil, ora cáustico, ora benevolente. Por isso mesmo, durante o ano de 1955, escreveu a seção Scoth and Soda para O Jornal.

(Fonte: Veja, 11 de agosto de 1993 – ANO 26 – Nº 32 – Edição 1300 – MÚSICA/ Por José Lino Grünewald – No Tempo de Ary Barroso/ Por Sérgio Cabral – Pág; 108/110)

(Fonte: Veja, 1º de outubro de 2003 – ANO 36 – N° 39 – Edição 1822 – Veja Recomenda – Pág: 108/109)

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