Arthur Miller, dramaturgo, um dos principais autores do teatro norte-americano contemporâneo

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UMA LENDA DO TEATRO

 

O dramaturgo americano Arthur Miller, foi autor de peças como “A Morte de um Caixeiro-Viajante” e “As Bruxas de Salem”

 

Arthur Asher Miller (Nova York, 17 de outubro de 1915 – Roxbury, Connecticut, 10 de fevereiro de 2005), dramaturgo norte-americano. Um dos principais autores do teatro norte-americano contemporâneo. Um dos maiores dramaturgos do século XX. Ao lado de Tennessee Williams e William Inge (1913-1973), Miller é considerado um dos principais dramaturgos dos anos 50, a era de ouro do teatro americano.

Arthur Miller, autor de peças como “A Morte de um Caixeiro-Viajante” e “As Bruxas de Salem”, conhecido como “o mais americano dos grandes dramaturgos dos EUA”, Miller, tratou com sucesso os principais tópicos da consciência social em suas peças, que sempre refletiam ou reinterpretavam os elementos turbulentos e públicos de sua vida, incluindo seu efêmero casamento com Marilyn Monroe e sua recusa a cooperar com o Comitê de Atividades Antiamericanas [durante o macarthismo, nos anos 40 e 50], referindo-se aos dois episódios mais célebres da vida do escritor.

Arthur Asher Miller nasceu em 17 de outubro de 1915 em Nova York, numa família de classe média. Começou a escrever durante a faculdade, quando trabalhava como balconista e carregador para pagar pelos estudos, após seu pai perder dinheiro na Grande Depressão. Embora tenha recebido prêmios pela sua produção na época, apenas em 1944 teve uma peça montada na Broadway.

“The Man Who Had All The Luck” (o homem que tinha muita sorte) fez só quatro apresentações e foi considerada um fracasso. “Minha primeira peça foi um desastre. Decidi nunca mais escrever outra”, disse o autor em 1988.

Mas, avesso aos críticos, ele retornou aos palcos com “Todos os Meus Filhos”, em 1947, e experimentou o sucesso.

O dramaturgo americano Arthur Miller, que em suas peças expôs como poucos o embate moral entre o indivíduo e uma sociedade controladora. Ao lado de Eugene O’ Neill e Tennessee Williams, ele formou a grande tríade de autores teatrais dos Estados Unidos no século XX.

Dois anos depois, aos 33, escreveria em apenas seis semanas “A Morte de um Caixeiro-Viajante”, considerada sua obra-prima e contemplada com o Prêmio Pulitzer, o Prêmio dos Críticos de Teatro de Nova York e o Tony (espécie de Oscar do teatro).

Com 33 anos, consagrou-se com A Morte do Caixeiro-Viajante, peça que é considerada sua obra-prima e cujo protagonista, Willy Loman, se tornou um símbolo do fracasso do “sonho americano”. Nos anos 50, Miller viveu o auge de sua fama.

No Brasil, a peça de Arthur Miller foi montada em 2003 por Felipe Hirsch, tendo no elenco os atores Marco Nanini e Juliana Carneiro da Cunha.

Convocado a depor numa comissão do Congresso que investigava a ligação de artistas com o comunismo, ele se recusou a delatar colegas, apesar da ameaça de prisão por desacato à autoridade, e assim se transformou num ícone intelectual. As Bruxas de Salem, um de seus textos mais conhecidos, é uma metáfora sobre as perseguições políticas do período.

Crítico contumaz da sociedade americana, Miller não se intimidava em usar suas peças para colocar o dedo na ferida. “As Bruxas de Salem”, de 1953, é provavelmente seu texto mais voraz.

Evocando o puritanismo no nordeste americano do fim do século 17, Miller costurou uma parábola ferina sobre a caça aos comunistas pelo Congresso americano na época, da qual também foi uma vítima.

Sua vida não foi menos agitada que suas peças e demais incursões criativas. Casou-se três vezes e nunca passou mais do que um ano sozinho.

Com Mary Grace Slattery, viveu 16 anos, teve dois filhos. Separou-se para ficar com a diva Marilyn Monroe (1926-1962), formando um dos casais de celebridades favoritos da imprensa em todos os tempos. A relação foi tumultuada e durou cinco anos, terminando em separação 19 meses antes do suicídio da estrela.

Miller também ganhou celebridade por casar-se com a atriz Marilyn Monroe – uma união entre “o grande cérebro americano” e “o grande corpo americano”, nas palavras do escritor Norman Mailer. Durante o casamento, que durou de 1956 a 1961, Miller produziu o roteiro de Os Desajustados, um clássico do cinema estrelado por Marilyn.

Mas, como revelou anos depois do divórcio, a convivência com a atriz foi um período infeliz, em que o dramaturgo parou de se dedicar ao trabalho para cuidar da mulher, imersa em problemas com drogas. A partir do fim dos anos 60, Miller deixou de emplacar grandes sucessos – embora tenha conservado intacta sua influência.

Ele voltou a se casar um ano depois, em 1962, com a fotógrafa Inge Morath. Os dois permaneceram juntos até a morte dela, em 2002, e tiveram dois filhos. Nos últimos dois anos, o dramaturgo vivia com a artista Agnes Barley, 60 anos mais nova.

Miller morreu no dia 10 de fevereiro de 2005, aos 89 anos, de complicações decorrentes de um câncer, em Connecticut.

Arthur Miller, autor de peças como “A Morte de um Caixeiro-Viajante” e “As Bruxas de Salem”, morreu na noite de anteontem, aos 89 anos, de falência cardíaca.

Conhecido como “o mais americano dos grandes dramaturgos dos EUA”, Miller, que sofria de câncer e lutava contra problemas cardíacos e uma pneumonia, morreu em sua casa, em Roxbury (Connecticut), com os filhos a seu lado. O anúncio foi feito por sua assistente, Julia Bolus.

O dramaturgo havia recebido alta do centro oncológico Memorial Sloan Kettering, em Nova York, há algumas semanas, indo morar no apartamento de sua irmã, Joan Copeland. A seu pedido, foi transferido na última terça-feira para sua casa, uma fazenda do século 18 que comprou em 1958.

“Ele tinha câncer e queria ir para casa. Creio que foi por isso que pediu para voltar a seu lar, para morrer”, afirmou sua irmã.

(Fonte: Veja, 16 de fevereiro de 2005 – Edição 1892 – ANO 38 – N.º 7 – Memória – Pág; 77)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA / LUCIANA COELHO DE NOVA YORK – São Paulo, 12 de fevereiro de 2005)

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Dramaturgo desmontou o sonho norte-americano

Arthur Miller morre aos 89 anos no momento em que os EUA talvez mais precisem dele. Ao desafinar constantemente o coro dos contentes, “inimigo do povo”, como o protagonista da peça de Ibsen que ele adaptou em 1950, tinha como ponto de honra em suas peças a denúncia do pensamento fundamentalista que menospreza o indivíduo em nome de uma ideologia colocada acima de qualquer suspeita.

Ao desmontar o mito do “sonho americano”, mola mestre do capitalismo, Miller elegeu o homem comum, branco de classe média, atormentado pelo passado e por sua consciência, como seu herói trágico. Tendo a memória como instrumento, adotando recursos do teatro épico como o personagem-narrador, não o fez no entanto para chegar a fórmulas didáticas moralizantes, mas para propor a perplexidade, temperada por um humor sarcástico, como um valor fundamental.

Seu primeiro sucesso, “Todos os Meus Filhos”, já vai contra a corrente triunfalista da América que se tornara a grande vencedora da Segunda Guerra. Baseada em fatos reais, põe em cena um fornecedor de peças de avião defeituosas que provocam a morte de pilotos. Seu filho, ao descobrir que esta é a origem da fortuna da família, se suicida.

Teimando em não deixar cicatrizar feridas incômodas, vai mais além em sua peça seguinte, “A Morte de um Caixeiro-Viajante”, de 1949, considerada sua obra-prima. Em uma fábula cruel, um fiel seguidor dos princípios da auto-ajuda vê sua vida naufragar, vítima das ilusões do capitalismo.

Desafiando o sistema abertamente, o autor fez questão de dirigir ele mesmo a peça na China comunista, em 1983 -mas é a riqueza com que construiu seus personagens que fez ser esta sua peça mais montada. O Brasil foi o terceiro país a fazê-lo -por Jaime Costa, em 1951-, sendo que o papel foi também de Marco Nanini na versão de Felipe Hirsch, em 2003.

Tanta insolência não tardou a incomodar os puritanos anos 50, mas Miller desafiou o comitê de atividades antiamericanas do senador Joseph McCarthy com “As Bruxas de Salem” (53), um atemporal libelo pela liberdade de ideias, que lhe rendeu um mês de prisão em 1957.

Nessa época, porém, Miller dominava a mídia, casado com Marilyn Monroe -e, quando por sua vez essa fase terminou em doloroso divórcio e posterior suicídio da estrela, Miller não hesitou em se expor no palco, com “Depois da Queda”, peça montada no Brasil por Flavio Rangel, com Maria Della Costa e Paulo Autran, no conturbado ano de 1964.

Sua ousada recusa do pensamento totalitário deixou marcas profundas na dramaturgia brasileira, em Jorge Andrade e em Oduvaldo Viana Filho, por exemplo. Neste momento, em que um puritanismo hipócrita volta a sufocar a liberdade de idéias, espera-se que ele não seja o último intelectual americano de esquerda.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA / SERGIO SALVIA COELHO CRÍTICO DA FOLHA  – São Paulo, 12 de fevereiro de 2005)

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