Foi pioneiro das alcoolizações nervosas e o iniciador da neurocirurgia em São Paulo

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Antônio Cândido de Camargo – Cadeira nº
66 – Patrono (Foto: Biografias – A.C.Camargo Cancer Center/ Divulgação)

 

Antônio Cândido de Camargo (Campinas, aos 6 de agosto de 1864 – São Paulo, em 21 de janeiro de 1947), foi um dos protagonistas que dedicou sua vida para transformar em realidade o que hoje é considerado um dos três maiores centro de prevenção, tratamento, ensino e pesquisa no mundo, o A.C.Camargo Cancer Center

Grande mentor do fundador do Hospital do Câncer, Antônio Prudente, o cirurgião Antônio Cândido de Camargo presidiu a Associação Paulista de Combate ao Câncer – embrião do Hospital – até sua morte em 1947.

Desde a fundação da Faculdade de Medicina em 1913 até 1934, Camargo foi professor responsável pela cadeira de clínica cirúrgica – esta é a especialidade que Antônio Prudente seguiria com paixão. O mestre transmitiu ao discípulo os primeiros ensinamentos na área, todo o conhecimento avançado que trouxe dos tempos de estudo em Genebra, na Suíça, e na capital austríaca, Viena.

Camargo pertenceu à equipe de Jacques Reverdin (1842-1929), um dos grandes nomes da cirurgia no século 20. No Brasil, foi pioneiro em neurocirurgia e trouxe importantes contribuições para o tratamento de tumores de cérebro e medula. Em sua homenagem, o Hospital do Câncer passou a se chamar A.C.Camargo.

 

Jacques Reverdin

Jacques-Louis Reverdin (Foto: Fine Art America/ Divulgação)

 

Antonio Cândido de Camargo nasceu em Campinas, aos 6 de agosto de 1864. Ingressou na faculdade de direito, mas desistiu do curso quando estava no terceiro ano, ocasião em que foi para Genebra, graduando-se em ciências físicas e naturais, e em ciências médicas em 1887. Doutorou-se em medicina em 2 de novembro de 1891, defendendo tese intitulada O Enfisema Espontâneo das Submucosas.

Tornou-se assistente da disciplina de anatomia patológica dirigida pelo professor F. W. Zahn. Posteriormente, ingressou no serviço do professor Jacques Reverdin, um dos grandes nomes da medicina de então, onde desenvolveu a prática cirúrgica.

Regressou ao Brasil e iniciou suas atividades em 1893, na cidade de Limeira (SP), onde foi chefe de cirurgia da Santa Casa de Misericórdia por 15 anos, transformando seu serviço num centro de referência cirúrgica. Aí recebeu a honrosa visita do afamado cirurgião paulista Arnaldo Vieira de Carvalho.

Em 1907 transferiu-se para a cidade de São Paulo e, juntamente com Baeta Neves, fundou o Instituto Paulista. Teve consultório na Avenida Brigadeiro Luís Antônio.

A convite de Arnaldo Vieira de Carvalho tornou-se chefe, em 1916, da 1a Clínica Cirúrgica de Homens da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde desenvolveu intensa atividade cirúrgica, tanto no ensino quanto na pesquisa, até a sua aposentadoria em 1934.

Teve grande influência na formação e no ensino da cirurgia. Exercia suas atividades dentro dos preceitos éticos e hipocráticos e era admirado pela sua personalidade de médico integral. Apesar de sua grande audácia cirúrgica, praticava as suas cirurgias dentro do maior censo ético e jamais sacrificava o doente em favor da técnica.

Com o renomado anatomista Alphonso Bovero, estudou a anatomia e patologia do gânglio de Gasser. Foi pioneiro das alcoolizações nervosas; modificou a operação de Heller e com Walter Seng foi o iniciador da neurocirurgia em São Paulo.

Antonio Cândido de Camargo orientou diversas teses de doutoramento e trabalhos apresentados em sociedades médicas. Teve a honra de presidir a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, num mandato anual entre 1915-1916. Presidiu também a Associação Paulista de Medicina de 1934-1935.

Antônio Cândido de Camargo, Antônio Prudente e Celestino Bourroul, motivados pelo aumento do número de óbitos por tumores malignos e lutando contra o preconceito e o medo à época de enfrentar essa doença, tiveram a ideia de fundar a Associação Paulista de Combate ao Câncer (APCC) em 1934.

Em 10 de dezembro de 1934, por ocasião do jantar em comemoração ao 70o aniversário de Antônio Cândido de Camargo, ele foi aclamado pelo professor Antônio Prudente, o presidente da Associação Paulista de Combate ao Câncer. Eis um excerto do discurso que Camargo proferiu nessa efeméride: “Um estudo acurado e sério vos fará compreender a necessidade imprescindível de pôr sempre em prática estes grandes preceitos – o respeito consciente ao princípio da autoridade, a moralidade intransigente na vida cívica e a honestidade e proficiência na vida profissional. A generalização desta prática, destes princípios é o melhor dissolvente para as doutrinas que nos querem conduzir à inquietação e ao desespero social”.

Os três eminentes médicos puseram mãos à obra: esclareceram e divulgaram a ideia à população durante três anos, vindo a lume o primeiro estatuto da APCC em 1936. Entretanto, apenas em 1943 obtiveram os primeiros donativos – 100 contos de Réis – e, em 23 de abril de 1953, a entidade começou a atender pacientes no Instituto Central que, posteriormente, em homenagem a Antônio Cândido de Camargo, passaria a se chamar Hospital do Câncer A. C. Camargo.

A APCC transformou-se na Fundação Antônio Prudente em 1974 e, em homenagem à dedicação prestada por Celestino Bourroul, seu nome foi dado à Escola de Cancerologia, entidade que abrange o ensino ministrado no Hospital do Câncer A. C. Camargo. Assim, os três visionários e protagonistas da Associação Paulista de Combate ao Câncer foram honrosamente imortalizados.

Antônio Cândido Camargo foi professor de clínica cirúrgica da Faculdade de Medicina de São Paulo e assim pensava com relação ao aprendizado de seus alunos: “A leviandade nos estudos, como em todos os atos do homem, é de graves resultados e de consequências imprevisíveis. No dia em que a mocidade estudar, mas, estudando sem a preocupação exclusiva dos títulos profissionais, com o fito essencial de saber, dentro das noções precisas e exatas da verdadeira ciência, eu vos asseguro que a vida se aproximará bem mais da felicidade social.”

Ainda, indagado sobre seus futuros concorrentes, respondeu: “Tudo que eu fizer em prol de meus discípulos, nada mais é que minha obrigação; além do mais, que maior alegria pode ter um professor do que ver seus alunos progredirem e vencerem na profissão”.

Antonio Cândido de Camargo faleceu na cidade de São Paulo, em 21 de janeiro de 1947, contando com 82 anos de idade.

Seu nome é também honrado com a patronímica da cadeira no 66 da augusta Academia de Medicina de São Paulo; numa praça no bairro da Barra Funda da cidade de São Paulo; numa rua no bairro Jardim Piratininga da cidade de Limeira, assim como dá nome à cidade Doutor Camargo, município localizado no noroeste do estado do Paraná, na região metropolitana de Maringá.

(Fonte: http://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/biografias/17/Academia de Medicina de São Paulo – BIOGRAFIA- ANTONIO CANDIDO DE CAMARGO / Helio Begliomini*)

* Titular e emérito da cadeira no 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob a patronímica de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

(Fonte: http://www.accamargo.org.br/biografias)

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