Alexander Rodchenko, é um dos expoentes máximos da vanguarda soviética dos anos 30, foi um artista chave de sua época e também um revolucionário da fotografia

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Obra de Rodchenko mostra uma revolução em imagens

 

Aleksandr Mikhailovich Rodchenko (Russo: Александр Михайлович Родченко, São Petersburgo, Rússia, 5 de dezembro de 1891 – Moscou, Rússia, 3 de dezembro de 1956), é um dos expoentes máximos da vanguarda soviética dos anos 30, foi um artista chave de sua época e também um revolucionário da fotografia.

Alexander Rodchenko nasceu em São Petersburgo, em dezembro de 1891. A sua família mudou-se para Kazán, no Oeste de Rússia, onde Alexander estudou Historia da Arte. Posteriormente foi para Moscovo, onde continuou o seu estudo de arte. É, nesta altura, em 1915, influenciado por Malevich, que começou a pintar, com uma tendência abstrata. Alexander Rodchenko é um dos artistas russos mais versáteis dos anos 20 e 30.

Como muitos outros artistas dessa época de fervor artístico, experimentou diferentes técnicas de expressão artística, estudando a pintura, a fotomontagem e a fotografia em profundidade, com o fim de obter imagens inovadoras. Rodchenko representa uma figura muito importante no panorama das vanguardas artísticas e suas imagens tem contribuído para a difusão de Construtivismo Soviético.

Considerado uma espécie de teórico marxista do construtivismo, a vanguarda estética que fez escola nos anos iniciais de implantação do regime comunista na União Soviética, Rodchenko se auto-atribuiu a incumbência de traduzir visualmente a ideia de vitória do socialismo. Usando a fotografia como ferramenta para a propaganda ideológica, acabou criando uma nova linguagem visual. Isso porque experimentava novas possibilidades para produzir uma imagem, buscando na documentação do cotidiano ângulos que fossem além do realismo padronizado pela pintura. A partir de pontos de vista inusitados, sua lente procura romper os limites de quem enxerga o mundo na posição de “antigo apreciador de paisagens”, conforme ele mesmo escreveu.

A propaganda ideológica de Rodchenko marca presença, principalmente, nos desfiles de delegações de atletas e na documentação geometrizada de novos espaços urbanos criados pela escola construtivista, impulsionada pelo emprego de técnicas industriais. Realizadas entre 1924, o ano da morte de Lenin, e 1940, quando a ditadura de Josef Stalin atingia seu ponto máximo, com expurgos no partido e campos de concentração para a oposição, as fotos elaboram ícones do regime socialista que despontavam em outras áreas, fossem no esporte, na arquitetura ou na indústria.

Saber reconstruir a realidade, a fim de transformá-la em matéria-prima para a propaganda política, foi uma contribuição importante de Rodchenko – que seria utilizada, mais tarde, por artistas de outras correntes, até nazistas. Seu gosto por imagens imprevisíveis, vistas de baixo para cima, ou em diagonal, que hoje parecem pura banalidade da geração Blow Up, tem a força de quem fazia um trabalho de desbravador.

Alguns retratos surpreendem não só pela beleza como pela ousadia. É o caso de um anônimo sorrindo, com a gengiva e os dentes em destaque, que faz parte da série Pioneiros (1930). Como, além de artista, Rodchenko era também um teórico, costumava explicar o que fazia: “Quando apresento uma árvore tomada de baixo, como um objeto industrial – tal como uma chaminé -, isso cria uma revolução nos olhos… ampliando nossa concepção do objeto corriqueiro, cotidiano”.

Num texto de 1928, revela uma ambição ainda maior: “Para nós, a fotografia de uma fábrica recentemente construída mostra mais que um objeto. É motivo de orgulho e de alegria pela industrialização do país dos Sovietes, e é necessário encontrar o modo de traduzir na fotografia essas sensações”.

 

Entre as personalidades soviéticas, o poeta Vladimir Maiakovski (abaixo) foi seu principal modelo: equilíbrio entre propaganda e experimentação

 

Alexander Rodchenko, ‘Retrato de Vladimir Mayakovsky’, 1924, Leilões de Patrimônio

 

 

 

Rodchenko, o fotógrafo

 

Na série de retratos, ênfase nas angulações inusitadas

Foi nos anos 20 que Rodchenko iniciou seu trabalho mais consistente com a fotografia que, no entanto, interrompeu em 1942. Durante esse período, diversos temas foram abordados nas suas imagens, desde seus colegas artistas (incluindo inúmeros retratos utilizados em capas de livros, cartazes de exposições, etc.) até grandes eventos esportivos promovidos pelo Estado soviético nos anos 30. Mas apesar das temáticas variadas, o estilo de Rodchenko demonstra algumas constantes: ângulos inusitados, formas em evidência e a utilização de figuras do dia-a-dia para compor as fotografias.

“Grande parte do seu trabalho fotográfico explorava os efeitos das linhas de perspectiva convergentes, mostrando pessoas, edifícios e árvores de alturas e ângulos invulgares. Contudo, este experimentalismo não se revelou compatível com os conceitos emergentes do “realismo socialista” e Rodchenko foi criticado por ignorar o conteúdo ideológico nas suas fotografias. Não obstante, ele foi um pioneiro e inovador na fotografia soviética e muito contribuiu para introduzir e popularizar o novo conceito de fotografia em 35mm. O trabalho de Rodchenko também apareceu na revista Sovetskoe Foto e no almanaque mensal ilustrado de grande formato URSS em Construção, bem como em outros periódicos nos anos 20 e 30 do séc. XX. “…

A maioria do trabalho de Rodchenko como designer gráfico, foi dedicado à promoção da causa revolucionária, incluindo um quiosque, em 1919, para a venda e distribuição de jornais e de outra propaganda política. Também concebeu um grande número de cartazes de promoção das iniciativas estatais russas entre 1923 e 1925, em colaboração com o poeta Vladimir Mayakovsky. Ao longo dos anos 20 do séc XX, foi um designer gráfico prolífico, trabalhando em cartazes políticos e comerciais, cartazes para filmes, exercendo as funções de diretor gráfico e colaborador das revistas LEF (1923-25) e a sua sucessora Novy LEF (1927-28), bem como embalagens e capas de livros. O seu uso da fotomontagem, de layouts tipográficos de grande impacto e de superfícies coloridas homogêneas resultaram em muitos trabalhos memoráveis.”…

 

 

© Rodchenko “O Couraçado Potemkine”. Cartazes para o filme de Eisenstein de 1926

 

 

 

1925 — Poster de Alexander Rodchenko — Image by © Swim Ink 2, LLC/CORBIS

 

 

© Rodchenko, Capa para o livro “Sobre Isso” de Vladimir Mayakovski, 1923

 

 

© Rodchenko “Livros”. Cartaz para o departamento estatal da imprensa de Leningrado (Utilizando a foto de Lilya Brik). 1924

 

© Rodchenko. Cartaz sobre o direito das mulheres ao trabalho, c.1925

 

 

Alexander Rodchenko faleceu em dezembro de 1956.

(Fonte: sala17 – ALEXANDER RODCHENKO (1891-1956): DA FOTOGRAFIA AO DESIGN GRÁFICO / Por Amanda Athanasiou – 19/02/2010)

Amanda Athanasiou, estudante finalista de design, realizou este curto mas espectacular trailer sobre o trabalho gráfico de Rodchenko:

(Fonte: Revista Veja, 6 de agosto de 1997 – ANO 30 – Nº 31 – Edição 1507 – FOTOGRAFIA / Por Celso Masson – Pág: 140/141)

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