Alencar Furtado, foi expoente da luta contra a ditadura militar e último político cassado no governo de Ernesto Geisel

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Ex-deputado, símbolo da luta contra a ditadura

Furtado foi o 173.º – e último – parlamentar cassado no País com base no AI-5; punição ocorreu depois que o congressista criticou perseguições em rede nacional

Alencar Furtado, ícone da oposição à ditadura militar. (Foto: Cece/CB/D.A Press)

Alencar Furtado (Araripe, no Ceará, em 11 de agosto de 1925 – Brasília, 11 de janeiro de 2020), ex-deputado, foi expoente da luta contra a ditadura militar e último político cassado no governo de Ernesto Geisel
Advogado e político, Alencar Furtado exerceu três mandatos de deputado federal pelo Paraná, e foi cassado pela ditadura militar. Militante da Esquerda Democrática, uma dissidência udenista que originaria o Partido Socialista Brasileiro, foi um dos fundadores dessa última legenda no Ceará. Transferindo-se para o estado do Paraná, foi advogado junto à prefeitura de Paranavaí.

O ex-deputado nasceu em Araripe, no Ceará, em 11 de agosto de 1925. Foi militante da Esquerda Democrática e um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no estado.

Após o golpe militar que depôs João Goulart em 1964, ingressou no MDB e foi eleito suplente de deputado estadual em 1966 e presidente do diretório regional da legenda (1969-1970). Eleito deputado federal em 1970 e 1974, chegou ao posto de líder de bancada, sendo parte do grupo dos chamados “autênticos” do MDB.
Em 27 de junho de 1977, Furtado, que era filiado ao MDB, protestou em rede nacional, no programa de rádio e TV do partido, contra a cassação do correligionário Marcos Tito – penúltimo parlamentar cassado no governo Geisel -, contra a cassação de outros congressistas e denunciou o drama dos desaparecidos. “Para que não haja esposas que enviúvem com maridos vivos, talvez; ou mortos, quem sabe? Viúvas do quem sabe ou do talvez”, disse à época.
No entanto, teve o seu mandato parlamentar cassado em 30 de junho de 1977. Privado de seus direitos políticos, elegeu o filho Heitor Alencar Furtado para ocupar seu lugar, em 1978. Heitor terminou sendo assassinado durante a campanha.
Três dias depois do discurso, Furtado se tornou o 173.º – e último – parlamentar cassado no País com base no AI-5.
Em 1978, Depois que foi forçado para fora da vida política, ajudou seu filho, Heitor Alencar Furtado, a se eleger deputado estadual pelo Paraná com apenas 22 anos. Após a anistia, voltou à vida pública, sendo reeleito deputado federal em 1982 pelo PMDB. Ao longo da campanha, Heitor, que também buscava a reeleição na Assembleia Legislativa paranaense, foi assassinado a tiros por um policial.
De volta à cena política após a decretação da anistia pelo presidente João Figueiredo, foi reeleito deputado federal em 1982 pelo PMDB. Todavia, o assassinato do filho naquele mesmo ano abalou-o profundamente.
Após a eleição de Tancredo Neves para presidente da República, Alencar Furtado acabou por entrar em colisão com o partido ao disputar a presidência da Câmara dos Deputados contra Ulysses Guimarães em 1985. No pleito de 1986, disputou o governo do Paraná pelo PMB, em chapa com o então pedetista Jaime Lerner, mas foi derrotado por Álvaro Dias, do PMDB.
Alencar Furtado faleceu em 11 de janeiro de 2020, em Brasília. Ele tinha 95 anos e foi vítima de insuficiência renal.

As informações foram confirmadas ao Estadão pelo deputado Uldurico Pinto Junior (PROS-BA), neto de Furtado.

“Ele deixou um legado muito grande. Foi um deputado muito atuante e representou muito bem o seu Estado e o nosso País. Foi cassado por ter discursado no momento em que o País não aceitava qualquer argumento contra o que se vivia. Ele teve uma história marcada por muita integridade e muita luta. A família e os amigos vão lembrar seu legado para sempre”, afirmou.

Furtado deixa a esposa, Miriam Alencar Furtado – com quem se casou em 1950 depois de os dois cursarem juntos a Faculdade de Direito do Ceará – e as filhas Stael, Thais e Dioneé. Ele era sogro dos ex-deputados federais Uldurico Pinto e Francisco Pinto.

(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias – NOTÍCIAS / por Paula Reverbel – Estadão Conteúdo – 11 JAN 2021)
(Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/01/11 – POLÍTICA / por Ingrid Soares – Correio Braziliense – 11/01/2021)
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