Albert Jacquard, geneticista, filósofo, defensor dos imigrantes ilegais e militante

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Albert Jacquard, especialista em genética populacional

O geneticista, filósofo, e militante Albert Jacquard (Foto: Getty Images)

O geneticista, filósofo, e militante Albert Jacquard (Foto: Getty Images)

Investigador francês

Albert Jacquard (Lyon em 23 de dezembro de 1925 – Paris, 11 de setembro de 2013), geneticista, filósofo, defensor dos imigrantes ilegais e militante

O investigador especialista em genética das populações e militante de esquerda francês Albert Jacquard, antigo aluno da Escola Politécnica, nascido em Lyon em 23 de dezembro de 1925, em uma abastada família católica – seu pai era diretor do Banco da França, presidente de honra da associação Direito à Habitação (DAL).

Escreveu numerosos livros, muitos dos quais foram editados em Portugal, como “A Explosão Demográfica”, “O Homem e os seus Genes”, “A Herança da Liberdade — Da animalidade à humanidade”, “Ensaio sobre a Pobreza”, “Lições de Ecologia Humana” e “Acuso a Economia Triunfante”.

Jacquard se matriculou em 1966 na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, para se especializar em genética, e isso mudou sua maneira de ver o mundo.

Albert Jacquard entrou no Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED) em 1962 e depois estudou a genética das populações na Universidade de Stanford (Estados Unidos). Quando regressou obteve doutoramentos em genética e biologia humana.

Ele já era um reconhecido tecnocrata, tendo dirigido a Sociedade de Exploração Industrial de Tabacos e Fósforos (Seita) e o Ministério da Saúde francês.

A par com o ensino, trabalhou como especialista da Organização Mundial da Saúde e nos anos 1990 passou a dedicar-se também à causa dos sem-abrigo e dos clandestinos.

A experiência americana, que culminou com o retorno à França com um diploma de doutorado em genética e biologia humana, provocou uma reviravolta em sua vida, e o levou a lutar contra a exploração com fins comerciais do genoma humano e se comprometer entre outras causas com o fim do uso da energia nuclear, a ecologia, os imigrantes ilegais e o direito a habitação.

Sua militância foi fruto de uma tomada de consciência tardia, algo que nunca escondeu o autor de “Elogio da diferença: a genética e o homem” (1978). Durante a ocupação nazista na França (1940-44) estava concentrado demais em seus estudos, vivendo como “um passageiro da história”, lamentou.

O futuro presidente de honra da associação Direito à Moradia (DAL) e co-fundador, em 1994, da associação Droit Devant, se tornou um filósofo depois de voltar dos EUA. Foi quando se tornou um defensor de um “decrescimento otimista” capaz enfrentar “a economia triunfante” e os prejuízos do capitalismo, como o desperdício e a poluição.

Albert Jacquard, especialista em genética populacional (Foto: Reuters)

Albert Jacquard, especialista em genética populacional (Foto: Reuters)

Embora sempre otimista, seguro de que “o futuro não está ainda escrito”, Jaquard, autor de mais de 30 livros científicos sobre o futuro da humanidade, lançou em 2010 uma proposta à “resistência global” diante das ameaças existentes na humanidade.

Em 1968, quando voltou à Europa, Jacquard dirigiu o serviço genético da INED, lecionou nas universidades de Paris VI, Genebra e Louvain, esta última na Bélgica, foi especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1973 a 1985 e recebeu, entre outros prêmios, a Ordem do Mérito do governo da França.

Em uma de suas últimas entrevistas, o cientista, que na infância quase morreu e ficou desfigurado em um acidente de carro que matou seu irmão, disse à emissora “France Info” que o ser humano tem “dezenas de vidas”.

“O seguro é que, na minha idade, quando alguém pergunta o que significou tal compromisso, tal frase escrita há dezenas de anos, que só agora percebo fazer sentido ou ter um sentido diferente”, mas, recomendava, “não é preciso esperar 87 anos para fazer este exercício”.

Albert Jacquard morreu em sua casa em Paris, em 11 de setembro de 2013, aos 87 anos em decorrência da leucemia.

Em comunicado, o presidente francês, François Hollande, elogiou o grande geneticista, renomado professor, respeitado escritor e também do “humanista comprometido que militava incansavelmente pelos direitos dos mais pobres, pelo direito a habitação e a dignidade”.

“Os franceses perdem um sábio e os mais pobres um porta-voz”, acrescentou presidente, enquanto a ministra de Assuntos Sociais, Marisol Touraine, ressaltava o pesquisador mundialmente reconhecido e o “pensador que dedicou seus trabalhos à biologia humana e a servir de ponte entre a ciência e os franceses, entre a genética e seus desafios éticos”.

(Fonte: http://www.publico.pt/ciencia/noticia -1605653 – CIÊNCIA – NOTÍCIA – 12/09/2013)

(Fonte: http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias – ESTILO DE VIDA – 12/09/2013)

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