Albert Eckhout, pintor que retratou com brilhantismo a paisagem e os tipos humanos brasileiros

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Albert Eckhout, pioneiro em retratar brasileiros

 

 

Albert Eckhout (Groninga, 1610 – Groninga, 1666), pintor, desenhista e botânico holandês que retratou com brilhantismo a paisagem e os tipos humanos brasileiros. Suas melhores telas foram para a Europa na bagagem de Maurício de Nassau e nunca mais foram vistas no país.

Juntamente com Frans Post dividiu a tarefa de retratar o Brasil para os europeus.

Quando aportou no Recife, em 1637, o conde alemão Maurício de Nassau tinha o objetivo de consolidar o domínio militar que seus patronos, os holandeses, exerciam havia sete anos sobre o Nordeste brasileiro. Mas sua comitiva também trazia artistas e naturalistas, aos quais fora dada a tarefa de estudar e registrar tudo o que vissem.

Dois nomes desse grupo se tornaram célebres: o de Frans Post (1612-1680) e o de Albert Eckhout (1610-1666). Cabia ao primeiro pintar paisagens e documentar os feitos de Nassau. Ao segundo, retratar os tipos étnicos que encontrasse, além da fauna e da flora que fascinavam os europeus.

Pioneiras, as telas de ambos fazem parte da cartilha básica de imagens sobre o Brasil. Mas, enquanto Post é um artista de reputação consolidada, Eckhout não pára de despertar controvérsias.

Longe de ser um assunto encerrado, ainda está em aberto o entendimento das obras desse misterioso holandês, sobre cuja vida pouca coisa se conhece.

Ele ficou no Brasil por sete anos, de 1637 a 1644. O que fez antes é nebuloso, assim como o destino que teve após voltar à Europa. Quando os holandeses foram expulsos do Nordeste, o príncipe Maurício de Nassau levou as telas consigo e as deu de presente ao seu primo, Frederico III, rei da Dinamarca. Isso explica por que elas pertencem ao museu nacional de Copenhague. Dom Pedro II tentou por duas vezes trazer os quadros para o Brasil, mas o máximo que conseguiu foram cópias reduzidas de seis deles.

Partes do acervo chegaram até o país em quatro oportunidades: em 1968, em 1991, em 1998 e no ano 2000, durante a Mostra do Redescobrimento.

Pouco se sabe ao certo sobre a vida do pintor holandês, exceto que ele era um apaixonado pelo Brasil. Membro da corte de Maurício de Nassau, Eckhout desembarcou no Nordeste em 1637, durante a ocupação da região pelos seus compatriotas, e passou os sete anos seguintes retratando os diversos tipos étnicos do Novo Mundo, além de exemplares de sua fauna e flora.

Eckhout chegou ao Brasil na mesma missão artística contratada pelo príncipe Maurício de Nassau em que veio Frans Post, em 1637, durante a invasão holandesa em Pernambuco.

Uma parte das 22 telas do acervo de Eckhout, hoje pertencem ao Museu Nacional da Dinamarca. Essas telas foram doadas por Maurício de Nassau ao rei Frederico III, em 1654, e são consideradas o conjunto mais importante da obra de Eckhout existente no mundo.

O legado de Eckhout foi registrado através do livro “Albert Eckhout – A Presença da Holanda no Brasil”, primeira obra a apresentar, documentar e historiar as telas do artista existentes no acervo do museu dinamarquês.

 

Homem Tupinambá, Albert Eckhout, 1643: índios mostrados com a mesma altivez dedicada às poses dos nobres europeus (Foto: Pinterest/Reprodução)

 

Em 1654, Maurício de Nassau presenteou seu rei, Frederico III, com a parte mais preciosa dessa obra, formada por 22 telas a óleo do acervo de Eckhout. Duas se perderam com o tempo e as remanescentes estão depositadas no Museu Nacional da Dinamarca, que as conta entre os seus principais tesouros.

Nunca esse acervo pôde ser conferido em sua totalidade no território onde ele foi confeccionado. O máximo que o Brasil já recebeu foram catorze quadros, para uma exposição no Museu de Arte de São Paulo (MASP),em 1991.

Albert Eckhout pintou índios, negros, mestiços e mamelucos. Seus personagens eram mostrados com uma postura altiva, a exemplo dos retratos de nobres europeus. Apenas numa tela foi mantida a aura “selvagem” dos retratados: um quadro dos tapuias, como os tupis designavam seus inimigos de outras tribos.

Ele também se dedicou a criar naturezas-mortas com plantas tropicais, que formarão uma parte importante de “Retrato do Novo Mundo”. Em 1876, durante uma visita a Copenhague, o imperador dom Pedro II apaixonou-se pelas telas, a ponto de encomendar cópias a um pintor local. Elas não são ruins, e podem ser apreciadas no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro.

As dezenas de naturezas-mortas com frutas e legumes feitas feitas por Eckhout, se encaixam na tradição de pintura holandesa de seu tempo. Essa tradição era descritiva, que o que mais importava aos artistas daquele país, no século XVII, era oferecer ao expectador um conhecimento concreto do mundo, por meio de desenhos e pinturas.

Nas naturezas-mortas eles usavam artifícios para mostrar um mesmo objeto de maneiras variadas – por fora, com parte de seu interior à mostra, ou ainda refletidos em metais e espelhos. Eram quadros planejados, aplicados à perfeição às goiabas, abacaxis, castanhas e cocos pintados por Eckhout, inteiros ou fatiados, com sua casca e sua polpa colorida expostas.

Ao contrário do que acontece com as naturezas-mortas, os retratos de Eckhout são um quebra-cabeça. Há o casal de índios tapuias, o de índios tupinambás, o de negros e o de mamelucos. Suas telas deveriam servir como testemunho daquilo que os europeus viram do outro lado do mundo.

 

 

A lacuna foi preenchida, graças à mostra “Retrato do Novo Mundo: o Legado de Albert Eckhout”. Ela teve início em 8 de fevereiro de 2002 na Dinamarca e desembarcou no Brasil – no Recife, temas do quadro do pintor – em setembro de 2002. Em dezembro seguiu para Brasília e, depois para São Paulo. Foi a primeira vez que o acervo completo do pintor holandês saiu da Dinamarca para uma exposição.

O projeto dessa mostra foi organizado durante cinco anos por seu organizador, o publicitário dinamarquês Jens Olensen, presidente da McCann-Erickson no Brasil. “Encantei-me com as obras de Albert Eckhout quando as vi em Copenhague, aos 8 anos de idade”, disse ele.

(Fonte: Veja, 12 de julho de 1989 – Edição 1087 – ARTE/ Por Angélica de Moraes – Pág; 138)

(Fonte: Veja, 6 de fevereiro de 2002 – ANO 35 – Nº 5 – Edição 1737 – Arte – Pág: 111)

(Fonte: Veja, 18 de setembro de 2002 – ANO 35 – Nº 37 – Edição 1769 – Arte – Pág: 124/126)

 

 

As primeiras imagens que os europeus pintaram do Brasil e da América

Alberto Eckhout (1610-1664), foi um dos artistas mais importantes de Maurício de Nassau, pintou os tipos indígenas como os índios tupis e tapuias, a célebre Dança dos Tarairiu-Tapuia – o primeiro retrato realista de uma dança indígena brasileira.

Eckhout juntamente com o outro artista Frans Post (1612-1680), com suas paisagens dos engenhos pernambucanos, documentaram o Brasil durante a invasão holandesa e suas pinturas servem de amostra do século XVIII brasileiro, onde apresentam a América de língua espanhola.

(Fonte: Veja, 4 de agosto de 1982 – Edição 726 – ARTE / Por CASIMIRO XAVIER DE MENDONÇA – VISÃO DO NOVO MUNDO – Pág: 159/160)

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