Adolf Eichmann, criminoso de guerra nazista, alto oficial das temidas SS

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Adolf Eichmann, foi julgado em Jerusalém, Israel, em que foi condenado à morte

 

Adolf Eichmann (Solingen, 19 de março de 1906 – Ramla, 1° de junho de 1962), alto oficial das temidas SS, criminoso de guerra nazista, foi responsável por organizar o transporte para os campos de extermínio de milhões de judeus de toda a Europa. Wiesenthal não parou até encontrar uma pista na Argentina, onde Eichmann se escondeu após a II Guerra Mundial com o nome falso de Ricardo Clement.

Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do Holocausto, fugiu de um campo de prisioneiros depois da II Guerra Mundial e viajou em 1950 para a Argentina, onde vivia com uma identidade falsa. Em 5 de maio de 1960 foi sequestrado por agentes do Mossad (o serviço secreto israelense) em Buenos Aires e transportado clandestinamente a Israel. O sucesso da operação e o julgamento de Eichmann foram motivo de orgulho para o jovem Estado judeu.

Wiesenthal, então, entregou ao Mossad [serviços secretos de Israel] a localização de Eichmann, que sequestrou o criminoso e o transferiu para o Estado de Israel, onde foi processado, condenado à morte [única condenação desse gênero no país] e executado na forca em 31 de maio de 1962.

O julgamento foi um momento transcendente na história de Israel. “O julgamento de Eichmann rompeu a represa de silêncio. A capacidade do Estado judeu incipiente para capturar o assassino nazista deu um sentido básico de segurança aos sobreviventes do Holocausto”, afirmou o presidente israelense Reuven Rivlin. Desde então, Israel dedica um esforço especial para tentar capturar e julgar os responsáveis pelo Holocausto.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo – MUNDO / da EFE – da Folha Online – 20/09/2005)

(Fonte: Veja, 12 de dezembro de 1990 – Ano 23 – Nº 49 – Edição 1160 – BRASIL – Pág: 30/31)

(Fonte:  http://veja.abril.com.br/noticia/mundo – NOTÍCIA – MUNDO – 27/01/2016)

 

 

 

Captura do único nazista justiçado em Israel completa 50 anos
No dia 11 de maio de 1960 três anos de caçada acabaram quando o Mossad, o serviço secreto israelense, capturou Adolf Eichmann, o único nazista justiçado em Israel pelo assassinato de seis milhões de judeus durante o Holocausto.

Cinquenta anos depois do episódio que comoveu a sociedade israelense de então, um de seus sequestradores, Rafi Eitan, assegura que a escolha de Eichmann como símbolo da busca por justiça do horror nazista foi uma “mera casualidade”.

“Isser (Harel, então chefe do Mossad) já tinha a cabeça feita. Disse que tínhamos que julgar um dos líderes nazistas em Israel, não importava quem fosse”, lembra Eitan, que era chefe da Unidade Conjunta de Operações dos serviços secretos israelenses e foi enviado a Buenos Aires para capturá-lo.

Eram os primeiros anos de vida do Estado judeu, criado em 1948, e julgar um dos responsáveis do genocídio representava não só um ato de justiça, mas também uma forma de dizer ao mundo que, legalmente, Israel era responsável por todos os judeus, independente de onde vivessem.

“Harel saía das reuniões com o primeiro-ministro David Ben Gurion e perguntava: Quem podemos trazer? Brunner? Müller? Mengele? Bormann? Eichmann? Dime? Quem!”, lembra Eitan, de 84 anos, em uma entrevista ao jornal “Ha”aretz”.

Ele era então um dos altos comandantes da espionagem israelense e depois, entre 2006 e 2009, foi ministro para Assuntos dos Aposentados. Eitan foi posto no comando da operação da captura em março de 1960 e escolheu sete pessoas — de um grupo de 250 à sua disposição — para trabalhar exclusivamente no caso.

A escolha de Eichmann, encarregado do transporte de milhões de judeus dos guetos para os campos de concentração e de extermínio, foi realmente fortuita e, segundo diferentes testemunhos, fruto de poucas pressões.

Graças às atividades de grupos voluntários judeus dedicados à caça de nazistas, desde 1954 tinham chegado a Israel informações sobre onde o oficial das SS vivia em Buenos Aires. Ele usava o nome de Ricardo Klement e trabalhava para uma companhia de água.

A informação não despertou a curiosidade dos serviços secretos israelenses – ocupados então com um sério problema estratégico regional — mas entre 1957 e 1959 a insistência de um fiscal judeu do Estado alemão de Hesse, Fritz Bauer, conseguiu que finalmente a Mossad enviasse uma equipe para capturar Eichmann.

Yaakov Gat, um dos sete membros do comando, está convencido que só uma pessoa pode ter obrigado o chefe do Mossad a reabrir o caso após tê-lo rejeitado em pelo menos duas ocasiões por considerar que as provas não eram sólidas.

“Só uma pessoa como Ben Gurion podia forçar Harel a retomar a investigação. É verdade que foi Bauer que pressionou, mas na minha opinião a comunidade judaica americana pressionou Ben Gurion para que Israel fizesse vingança em nome de todo o povo judeu”, explica o octogenário agente ao “Ha”aretz”.

Os detalhes da operação que conduziu à captura de Eichman — em meio a uma grande polêmica com a Argentina, já que ele foi tirado do país em um avião oficial do ministro de Exteriores israelense, Abba Eban — aparece em inúmeros livros e foram levados ao cinema.

“The House on Garibaldi Street: the First Full Account of the Capture of Adolf Eichmann” (1975), escrito pelo então chefe do Mossad, se transformou com o tempo em um dos clássicos mundiais da espionagem, enquanto “Eichmann In My Hands” (1991), de Peter Z. Malkin, outro dos membros do comando que o capturou, expõe os sentimentos contraditórios de um judeu com relação a um dirigente nazista apenas 15 anos depois do Holocausto.

Após ser julgado por um tribunal que o condenou à pena capital por crimes contra a humanidade, o ex-oficial das SS foi enforcado no dia 1º de junho de 1962 e seus restos incinerados.

Para evitar o culto de futuros neonazistas, suas cinzas foram dispersadas no Mar Mediterrâneo por um navio da Armada israelense na presença de alguns sobreviventes do Holocausto, fora das águas jurisdicionais de Israel.

Passariam 24 anos até que outro nazista, John Demjanjuk, se sentasse no banco dos réus em Israel como o suposto “Ivan, o Terrível” de Treblinka. No entanto ele foi absolvido pela Corte Suprema após ter sido condenado a forca por uma instância inferior.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo – MUNDO / da EFE em Jerusalém / por ELIAS L. BENARROCH – 11/05/2010)

Israel divulga carta inédita do nazista Eichmann com pedido de clemência

A divulgação foi feita pelo presidente Reuven Rivlin em uma cerimônia pelo Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto. Eichmann foi enforcado por seus crimes

 

Adolf Eichmann em seu julgamento (Reprodução/VEJA)

Adolf Eichmann em seu julgamento (Reprodução/VEJA)

O presidente israelense, Reuven Rivlin, revelou nesta quarta-feira o pedido de clemência escrito pelo criminoso nazista Adolf Eichmann em 29 de maio de 1962, dois dias antes de sua execução em Israel. A carta inédita de Eichmann, dirigida ao então presidente israelense, Yitzjak Ben-Zvi, foi exibida por Rivlin durante uma cerimônia em Jerusalém por ocasião do Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto. O nazista, capturado por agentes secretos israelenses na Argentina em 1960, foi julgado e condenado à morte em Israel em 1961.

Na carta, o criminoso nazista afirma que o tribunal israelense responsável por seu julgamento exagerou seu papel na organização da logística da “solução final” de Adolf Hitler, plano para exterminar os judeus da Europa que matou seis milhões de pessoas. “Devemos distinguir os chefes responsáveis das pessoas como eu, que foram forçadas a servir como simples instrumentos entre suas mãos”, escreveu Eichmann na carta. “Eu não era um chefe responsável, então não me sinto culpado”, completa no texto. “Não posso reconhecer como justo o veredicto do tribunal e peço, senhor presidente, que exerça seu direito de conceder o perdão e ordene que a pena de morte não seja aplicada”.

Durante a cerimônia, na presença de sobreviventes do Holocausto, foram divulgados outros documentos inéditos do caso Eichmann, que a partir de agora podem ser consultados em arquivos digitais públicos. Entre os documentos estão o pedido de clemência apresentado pela esposa, Vera Eichmann, e os cinco irmãos do nazista. Também estão na coleção alguns documentos dos advogados de defesa de Eichmann, a opinião escrita pelo ministro da Justiça, Yosef Dov, e uma nota do promotor Gedeon Hausner.

(Fonte:  http://veja.abril.com.br/noticia/mundo – NOTÍCIA – MUNDO – 27/01/2016)

 

 

 

 

Os 60 anos do julgamento do nazista Adolf Eichmann segundo um brasileiro que esteve no tribunal

 

Há 60 anos fui incumbido pela revista Manchete para cobrir em Israel o julgamento do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann, capturado em Buenos Aires por agentes do Mossad, o serviço secreto israelense.

O dia 11 de abril de 1961 era um dia frio e ensolarado de primavera em Jerusalém. O julgamento começou com precisão às 9 horas da manhã. Guardo na memória, de forma rigorosamente nítida, o momento em que Eichmann entrou na jaula de vidro à prova de balas instalada no tribunal. Parecia calmo, embora fosse possível detectar um leve tremor em sua mão direita. Vestia um terno azul escuro, camisa branca, ambos pouco acima de seu tamanho, e gravata também escura.

Ficou parado de pé sem desviar o olhar para as centenas de pessoas que lotavam o tribunal. Colocou uma pilha de papéis na pequena mesa à sua frente e em seguida sentou-se. Minutos depois, o meirinho ordenou com alta voz que todos no recinto se levantassem enquanto três juízes se dirigiam a seus assentos na corte encimada por uma grande Menorah, símbolo do Estado Judeu.

A credencial que recebi, indicava meu lugar: fila H, cadeira número 18. Ficava à esquerda da entrada, a uma distância de cerca de quinze metros da jaula. Dava para bem acompanhar o comportamento de Eichmann, sempre comedido. Durante todas as semanas em que o observei, parecia um funcionário público dotado de boas maneiras, em alguma repartição municipal. Sua postura só se alterava, mesmo assim pouco, durante os dramáticos depoimentos de sobreviventes do Holocausto: torcia o nariz para os lados. Um dia, enquanto o promotor descrevia com pormenores macabros o funcionamento das câmaras de gás, tirou um lenço do bolso e passou no rosto.

Junto à primeira fila do auditório havia duas grandes mesas destinadas à acusação e à defesa. O advogado de defesa era o alemão Robert Servatius, 65, estatura mediana, quase gordo e, um tipo mal encarado, sem preconceito ou exagero. Tinha o perfeito physique du rôle para a função que desempenhava com total competência. Suas primeiras palavras foram no sentido de questionar a validade jurisdicional de Israel para julgar Adolf Eichmann. Enfatizou que este era austríaco de nascença, servira ao exército alemão e residia em Buenos Aires. Portanto, só poderia ser julgado na Áustria, ou na Alemanha ou na Argentina.

Mas, o promotor israelense Gideon Hausner, 45, tinha feito um bom dever de casa. Apresentou à corte mais de uma dezena de jurisprudências de diferentes países segundo as quais criminosos tinham se evadido de países onde haviam cometido um ou mais crimes; fugitivos em outros países, foram capturados e tiveram seus julgamentos validados. Ademais, acrescentou o promotor, os crimes de Eichmann não se resumiam a um país, mas a diversos países da Europa ocupada pelo nazismo; não havia como apontar uma determinada localidade. Portanto, aduziu, a jurisdição era da alçada das vítimas e não do vitimador, ou seja, sendo as vítimas seis milhões de judeus, a competência para julgar o criminoso era o estado dos judeus, consubstanciado no Estado de Israel. A defesa da jurisdição formulada por Huasner é até hoje contestada por juristas, mas estes também ainda não conseguiram apontar uma jurisdição intocável. Como Eichmann era um militar enfileirado na Alemanha nazista, o foro mais apropriado talvez fosse o da Alemanha. Nessa hipótese, porém, avultava outra indagação sem resposta plausível: qual Alemanha, a Ocidental ou a Oriental?

O libelo acusatório, dividiu a culpa de Eichmann em duas vertentes: crimes contra o povo judeu e crime contra a humanidade. Para reforçar a tese de que a ação criminosa de Eichmann transcendia aos judeus, a promotoria convocou para depor o professor da Universidade de Columbia, NY, Salo Wittmayer Baron, americano de origem polonesa, considerado o maior historiador judeu do século 20. Baron ocupou o pódio das testemunhas durante quase um dia inteiro. Traçou um quadro da Europa ocidental nas décadas de 20 e 30, ressaltando a valiosa estrutura social, artística e cultural ali florescente e inclusive de que maneira os judeus haviam contribuído para algumas das mais importantes conquistas das iniciativas humanas naquelas quadras da história.

Os momentos mais pungentes do julgamento aconteceram durante os depoimentos de sobreviventes do Holocausto de diferentes países. A primeira pessoa a testemunhar foi particularmente significativa: o pai de Herschel Grynspan, o jovem judeu que, em 1938, havia matado com cinco tiros um cônsul alemão na embaixada da Alemanha em Paris, com a intenção de chamar a atenção do mundo para as levas de refugiados judeus que já começavam a vagar pela Europa. Para retaliar o assassinato, os nazistas promoveram a célebre “Noite dos Cristais”. Grynspan não chegou a ser julgado na França; depois da invasão nazista foi levado para Berlim e até hoje não se sabe como, quando e onde foi executado.

Na segunda semana do julgamento aconteceram momentos de profunda emoção durante os depoimentos de Zivia Lubetkin e do poeta Aba Kovner, ambos sobreviventes da revolta do gueto de Varsóvia. A maneira pela qual descreveram seu combate tão desigual contra o exército alemão, contribuiu para desfazer a imagem consagrada no mundo de que os judeus não haviam reagido aos horrores que os vitimaram

Na verdade, o julgamento de Eichmann desencadeou uma revisão da história do Holocausto por grande número de pesquisadores e historiadores em todos os continentes. Suas obras puderam se basear em documentos que os nazistas produziram sem pudor ou restrição e que foram apreendidos intactos depois da guerra. Cinco anos depois do julgamento, o francês Jean-François Steiner lançou o livro Treblinka, a Revolta num Campo de Extermínio, propulsor de grande impacto internacional. Seguiram-se outros trabalhos que tiveram como foco a resistência judaica ao nazismo, pouco conhecida. No Brasil, viabilizei em 1969 a publicação do livro Inferno em Sobibor, um relato impressionante do sobrevivente Stanislaw Szmajner, que foi meu amigo durante toda sua vida.

Ao mesmo tempo em que foi abordado o heroísmo judaico, surgiram muitas obras de negação do Holocausto. Esses trabalhos afrontaram a realidade de maneira tão absurda, que medidas judiciais adotadas em diversos países proibiram sua circulação. Isto não significa, entretanto, que o negacionismo do Holocausto tenha desaparecido. Vai persistir na mesma medida em que persiste o antissemitismo.

A cafeteria no subsolo do tribunal era um agradável ponto de encontro, situada no mesmo grande salão habitado por cerca de duzentos correspondentes internacionais. (Um jornal israelense publicou uma nota apontando-me como o mais jovem de todos). Conheci muita gente interessante durante os dois meses em que cobri o julgamento. No tribunal sentava-se ao meu lado o escritor francês Joseph Kessel que ganharia grande fama com seu romance La Belle de Jour, adaptado para o cinema. Mantive frequentes boas conversas com a jornalista francesa Madeleine Jacob (1896-1985), com o americano Robert St. John (190-2003) e com o israelense Zeev Schif (1932-2007).

Muita gente me pergunta se conheci a filósofa americana judia Hannah Arendt. Não conheci e àquela altura sequer conhecia sua obra. É impressionante a maneira pela qual seu nome ficou associado ao de Eichmann pelo fato de ter acompanhado o julgamento e de ter batizado sua jornada criminosa como a “banalidade do mal”.

Esse rótulo aparece em seu livro Eichmann em Jerusalém, publicado em 1963. Arendt teve uma visão distorcida de tudo que viu e ouviu no tribunal. Ela abordou o planejamento da “Solução Final” como algo que se concretizou porque os nazistas “contavam com a cumplicidade das lideranças judaicas” Trata-se de uma afirmação impossível de ser provada, além de omitir que as lideranças judaicas, perniciosas no seu entender, também morreram nas câmaras de gás. Os componentes voluntários desses comitês por ela demonizados tinham como objetivo buscar um abrandamento ou um adiamento das ações dos opressores; Arendt viu a “Solução Final” como uma máquina gigantesca e sofisticada, na qual Eichmann havia desempenhado um pequeno papel, daí sua banalidade em face do mal. Esta formulação agride fatos concretos. Já em 1937, Eichmann se tinha engajado na questão judaica e feito uma viagem à antiga Palestina. No interrogatório a que foi submetido em Israel, disse ter ficado muito admirado com as inovações agrícolas dos pioneiros judeus naquela região a par de outros elogios.

Em 1942, quando Heydrich convocou a alta hierarquia nazista para uma reunião no castelo de Wansee, onde expôs os planos para a dita “Solução”, Eichmann estava presente e foi indicado para ser o executor do extermínio. Estava muito longe de ser um coronel insignificante na estrutura nazista.

Se Eichmann não tivesse um currículo nazista de raiz, não seria incumbido de uma tarefa tão nobre como a de exterminar todos os judeus na Europa ocupada por seus pares.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por Zevi Ghivelder – 14/04/2021)

*Zevi Ghivelder é jornalista e escritor.
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