A primeira medalha do Uruguai em Campeonatos Mundiais de atletismo

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Uruguaia sai do 288º lugar e conquista bronze inédito no Mundial

Aos 25 anos, Julia Paternain surpreende em sua segunda maratona e conquista o primeiro pódio da história uruguaia

Choque e emoção marcam reação da atleta Julia ao cruzar a chegada. (Crédito da fotografia: Cortesia © Copyright All Rights Reserved/ Managed/ Direitos autorais: Reprodução/The Guardian ®/ REPRODUÇÃO/ TODOS OS DIREITOS RESERVADOS)

 

Julia Paternain atravessou a linha de chegada em Tóquio, no Japão, no domingo (14) sem saber ao certo se a prova havia terminado. O calor sufocante, o esforço extremo e a solidão nos metros finais confundiram seus sentidos.

Só quando levantou três dedos, depois de conferir o número de rivais à frente, percebeu: tinha acabado de conquistar o bronze, a primeira medalha do Uruguai em Campeonatos Mundiais de atletismo.

A uruguaia de 25 anos não estava entre as favoritas. Classificada apenas na 288ª posição do ranking mundial da maratona feminina, havia estreado na distância em março de 2025, registrando 2h27min09s.

Em Tóquio, cruzou em 2h27min23s, tempo suficiente para superar dezenas de atletas mais cotadas e chegar atrás apenas de duas gigantes do esporte: Peres Jepchirchir, campeã olímpica de 2021, e Tigst Assefa, recordista mundial.

“Eu realmente não conseguia acreditar, não tinha ideia de onde estava, sabia que estava entre as oito melhores, estava com muito medo de olhar para trás porque não queria ser ultrapassada”, disse ainda atordoada.

“No final de uma maratona, você está cansada, seu cérebro não está funcionando direito. Então, fiquei um pouco confusa, mas estou extremamente grata e, honestamente, em choque.”

Raízes e expectativas

 

Julia Paternain

(Divulgação/World Athletics) – Paternain incrédula ao descobrir o bronze histórico em Tóquio

 

Filha de acadêmicos uruguaios, Paternain nasceu no México, cresceu na Inglaterra e treinou nos Estados Unidos. Representou a Grã-Bretanha em competições juvenis até decidir competir pelo Uruguai neste ano.

“Cresci na Inglaterra, mas toda a minha família é do Uruguai. É um país pequeno e acho que é um pouco esquecido. Mas tem muito orgulho e significa muito para mim representar o Uruguai.”

A mudança não foi motivada por estratégia esportiva, mas por vínculo afetivo. “Mi sangre es uruguaya”, afirmou. Entre Montevidéu, Cambridge e Arkansas, seu percurso atravessou continentes, sotaques e lealdades.

 

 

(Reprodução/Hola News) Uruguaia celebra medalha inédita ao lado de rivais após a prova

 

 

O caminho até o pódio foi traçado sem grandes pressões. Ao lado de sua equipe de treino em Flagstaff, nos Estados Unidos, a meta em Tóquio era apenas terminar bem a prova, talvez entrar entre as 30 primeiras.

“Conversei com meu treinador na noite anterior à corrida. O objetivo A era ficar entre as oito primeiras. Uma medalha? Nem no radar.”

Mas o improvável aconteceu. Paternain avançou posições quilômetro após quilômetro, manteve consistência e resistiu ao desgaste do calor.

No estádio, ainda acreditava estar fora do pódio, até que um árbitro confirmou a façanha.

Para um país de pouco mais de três milhões de habitantes, apaixonado por esportes mas pouco presente no atletismo mundial, sua medalha soou como um feito de proporções muito maiores que o bronze.

Julia ainda não fala em planos meticulosos, exceto um sonho distante: Los Angeles 2028. Até lá, prefere viver “mês a mês”, como quem sabe que o destino gosta de surpreender.

(Direitos autorais reservados: https://esporte.ig.com.br/maisesportes/2025-09-14 – ESPORTES/ Uruguaia sai do 288º lugar e conquista bronze inédito no Mundial/ Por Pedro Emerenciano – 14/09/2025)

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