Alberto da Veiga Guignard, considerado um dos mestres da pintura moderna brasileira

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Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo, 25 de fevereiro de 1896 – Belo Horizonte, 25 de junho de 1962), pintor fluminense, grande cultor das paisagens mineiras e de temas religiosos. Ele era talvez o melhor retratista de toda a pintura brasileira. Considerado um dos mestres da pintura moderna brasileira.

 

Alberto da Veiga Guignard foi um dos melhores pintores modernos, acabou incorporando as inovações estéticas europeias de um modo particular, criando obras acanhadas, opacas, sem maiores ousadias no traço e na cor. Em Guignard, a timidez se faz presente no aspecto lavado e difuso de suas paisagens de Ouro Preto.

 

A raiz dessa renitência da modernidade verde-amarela estaria na própria formação histórica brasileira, marcada pela ausência da revolução burguesa, pelo descompasso entre economia e cultura (escravatura como base da ideologia liberal) e pelo emaranhado entre as classes.

 

 

DÁDIVAS –Embora nascido no Estado do Rio de Janeiro (Nova Friburgo, 1896) e de formação artística europeia (1912 a 1929), Guignard foi sobretudo um artista mineiro. Não só morou em Minas durante a maior parte da sua maturidade (de 1944 até a morte) como também descobriu nas paisagens montanhosas (sobretudo em Ouro Preto) o seu tema favorito. Com ele, influenciou praticamente todos os artistas mineiros da sua época e depois dela.

 

Com os retratos, pagou pequenos ou grandes favores. Guignard tinha lábio leporino e sentia-se rejeitado: gostava de presentear os amigos e até estranhos, muitas vezes por encomenda, com seus trabalhos num gênero quase sempre reconhecido como “menor”. Mas existe, uma diferença bem clara entre o que ele pintou por encomenda e os que fez por prazer. Nestes, é fácil reconhecer a mesma emoção de outras grandes obras de Guignard, como as suas dolorosas visões de Cristo, e a mesma poesia das suas paisagens juninas com balões.

 

Quando Guignard morreu, em fevereiro de 1962, falava-se dele como o grande cultor das paisagens. No início de julho de 1972, quando o Museu de Arte de Belo Horizonte abriu a mostra de 132 obras para lembrar os dez anos da morte de Guignard, uma outra característica parecia nascer insistente: Ele era talvez o melhor retratista de toda a pintura brasileira. Certamente por serem tão poucas as obras-primas nas áreas das paisagens e dos santos, a dos retratos – com mais de quarenta exemplos – chama a atenção, mesmo numa mostra orientada por critérios obscuros e que, pretendendo homenagear mais os colecionadores do que a memória do artista, inclui trabalhos menores ou de circunstância.

 

Desde um “Auto-Retrato”, de 1931, até trabalhos do seu último ano de vida, a marca do mestre, nessa retrospectiva mineira, passa em uns poucos quadros de outros temas, mas se imprime com força em pelo menos um terço dos retratos. Postos sem nenhum prejuízo ao lado de “A Família do Fuzileiro”, “Festa em Família”, “Noite de São João” ou “Cristo no Jardim das Oliveiras” (as melhores nos seus gêneros), os retratos do “Menino”, de “Ana Maria”, da “Senhora”, de “Maria de Lourdes” ou do “Pintor Chanina” revelam traços generosos, precisos, inesquecíveis.

 

Alberto da Veiga Guignard veio a falecer em 26 de junho de 1962 em Belo Horizonte, sendo sepultado em Ouro Preto, a cidade que muito amou. Em 1996, foram realizadas exposições comemorativas no Rio de Janeiro, em São Paulo e Belo Horizonte ao centenário de seu nascimento.

(Fonte: Veja, 19 de julho de 1972 – Edição 202 – ARTE – Pág; 94)

(Fonte: Veja, 25 de setembro de 1996 – ANO 29 – Nº 39 – Edição 1463 – Arte / Por Angela Pimenta – Pág: 132/133)

 

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