Elke Maravilha, modelo e atriz, alcançou fama ao participar como jurada de programas de calouros de Chacrinha e Silvio Santos

0
Powered by Rock Convert

Elke Maravilha, a extravagante diva da TV brasileira

Elke Maravilha, com um vestido do estilista Clodovil em 1972 - (Foto: Divulgação)

Elke Maravilha, com um vestido do estilista Clodovil em 1972 – (Foto: Divulgação)

 

Elke Georgievna Grunnupp (São Petersburgo, Rússia, 22 de fevereiro de 1945 – Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2016), modelo e atriz, mais conhecida como Elke Maravilha, alcançou fama ao participar como jurada de programas de calouros de Chacrinha e Silvio Santos.

Elke Maravilha nasceu em São Petersburgo, na Rússia em 22 de fevereiro de 1945, Elke Georgievna Grunnupp mudou-se para o Brasil ainda criança e naturalizou-se brasileira. Foi modelo, atriz, apresentadora e alcançou fama nacional ao participar como jurada de programas de calouros de Chacrinha e Silvio Santos. Aos 8 anos, a família se mudou para o Brasil, mais especificamente em Itabira, terra de Carlos Drummond de Andrade.

Além da cidade do Vale do aço, Elke morou em Jaguaraçu e acabou chegando em Belo Horizonte, onde, em 1962, foi eleita glamour girl em uma festa badalada que reuniu a sociedade mineira e carioca, e que era organizada pelo saudoso colunista Eduardo Couri.

 

Em 1962, Elke Maravilha foi escolhida Glamour Girl em Belo Horizonte (foto: Arquivo Estado de Minas)

Em 1962, Elke Maravilha foi escolhida Glamour Girl em Belo Horizonte (foto: Arquivo Estado de Minas)

 

A escolha era realizada numa grande festa no Iate Tênis Clube, precedida por várias recepções em casas de conhecidas figuras do high society da capital.

Quando passou a ser modelo e a desfilar conheceu a estilista de Curvelo, Zuzu Angel. No filme, Zuzu Angel (2006), Elke foi interpretada por Luana Piovani. A ex-jurada do programa do Chacrinha ainda fez uma ponta na produção cantando num cabaré a música alemã ‘Lili Marlene’, da cantora e atriz Marlene Dietrich.

No longa-metragem, é mostrado a amizade de Elke com Zuzu, e ainda conta o episódio de sua rápida prisão por desacato durante o regime militar brasileiro, fato que fez Elke perder sua nacionalidade brasileira.

 

Xica da Silva

Ainda na entrevista ao Estado de Minas, Elke Maravilha relembrou os bastidores do filme que lançou Zezé Motta ao estrelato e disse que Diamantina, onde aconteceram as gravações, era uma das cidades mais queridas para ela. “Eu já conhecia bastante e acabei sendo um pouco a guia de todo mundo naquela época”, contou.

 

A atriz viveu Hortência, inimiga de Xica da Silva no filme de Cacá Diegues (foto: Acervo Cacá Diegues)

A atriz viveu Hortência, inimiga de Xica da Silva no filme de Cacá Diegues (foto: Acervo Cacá Diegues)

 

Boa parte do filme foi rodada durante o Carnaval de 1975 e já  pensando na folia, Zezé sugeriu a Elke Maravilha – que interpretou Hortência, inimiga de Xica – levar suas perucas e roupas coloridas para a cidade. “Duas senhorinhas de Diamantina bateram no Hotel Tijuco, onde a gente estava hospedada, e me perguntaram se tinha alguma roupa para emprestar para os maridos, pois eles estavam doidos para se fantasiar de Elke no carnaval. Um era reitor da universidade e o outro, professor. Gostei tanto da ideia que fiz questão de arrumá-los”, diverte-se Elke Maravilha.

Além do affair com o ator Altair Lima, seu par no filme, Elke namorou um rapaz da cidade. “Um monte de gente me paquerava, tipo fazendeiros e empresários. Mas me apaixonei mesmo foi pelo cobrador de ônibus. A gente ia aos botecos, ao famoso Beco do Mota, nadava na cachoeira de Sentinela. Diamantina é uma das cidades mais especiais de Minas. O clima nos bastidores era fantástico, isso foi transferido para a telona. Ainda hoje, o filme é superatual”, afirma.

Elke chegou a ganhar um prêmio de melhor atriz coadjuvante, o que para ela, acabou sendo uma surpresa. “Levei o Coruja de Ouro, concedido pelo Instituto Nacional de Cinema (INC). Para te falar a verdade, nunca me achei atriz. Até hoje não me acho (risos). Mas de vez em quando a gente faz umas participações em filmes e tal”, comentou na ocasião.

 

A artista

Elke Maravilha e Pedro de Lara no programa "Buzina do Chacrinha", em 1972 (Foto: Divulgação)

Elke Maravilha e Pedro de Lara no programa “Buzina do Chacrinha”, em 1972 (Foto: Divulgação)

Tornou-se amiga de Zuzu Angel, antes de ser lançada na TV, após conhecê-la em 1970 no salão do cabeleireiro Jambert. A história da estilista foi contada nos cinemas em 2006. No longa, Elke foi interpretada pela atriz Luana Piovani e fez uma participação especial.

Ela, que se considera anarquista, enfrentou a tortura da ditadura e chegou a ficar presa por seis dias após se indignar, em 1972, contra um cartaz de procurados políticos que viu no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Nele, estava a foto de Stuart Angel, filho de Zuzu.  Elke, que tirou o cartaz da parede e o rasgou, foi acusada de prejudicar as investigações e teve sua cidadania brasileira cassada pelo governo militar.
Durante os Anos de Chumbo, ela, que começou a carreira de modelo aos 24 anos (tendo trabalhado com estilistas como Zuzu Angel), trabalhou como professora, tradutora, intérprete e bancária.
Irreverência
Desde que surgiu, Elke Maravilha chamou atenção pelo estilo irreverente. Inicialmente, aos 18 anos, recebeu críticas pela ousadia e foi agredida nas ruas pela maneira de se vestir. A irreverência não marcou apenas o estilo da atriz, que não se esquivava de polêmicas nas entrevistas. Ela revelou, para a jornalista Marília Gabriela no programa “De Frente com Gabi” (SBT), em 2013, que já havia usado drogas, mas o que realmente gostava era de cachaça.
“Experimentei crack três vezes, mas na minha geração usávamos drogas para autoconhecimento e hoje é para fuga. Minha única droga é a cachaça”, afirmou.
No programa de Gabi, relembrou seus antigos relacionamentos. “Tive oito casamentos e o mais curto durou dois meses, porque ele era psicopata. Eu acordava de madrugada e ele estava no sofá, vestido de Elke, com uma faca na mão”, contou ela, que falou ainda que morou dentro de um carro por um ano na Alemanha com o primeiro marido. Após completar 40 anos de carreira, Elke falou sobre a morte: “Já estou fazendo hora extra. Daqui a pouco vou morrer”.
Ela, que não se tornou mãe, disse em maio, no “Programa Raul Gil”, que não saberia educar uma criança e contou ter feito aborto. “Fiz um aborto pois não saberia educar uma criança. Nunca pensei, só agi. Eu ia fazer um monstro”, declarou”, disse.
A ex-modelo, que estava fora da TV, fez uma participação na temporada do programa do Gugu, na Record, neste ano. No palco, reencontrou o irmão Valdemar que não tinha contato havia quase 20 anos.
TV e cinema 

Elke participou de diversas produções na TV e no cinema e chegou a ter seu próprio programa, o Programa Elke Maravilha, entre 1993 e 1996. Atuou em tramas como a minissérie Memórias de um Gigolô, da Globo, em 1986 – na pele da inesquecível dona de bordel Madame Iara -, Pecado Capital, de 1998; Da Cor do Pecado, de 2004; e Caminho das Índias, em 2009; entre outras.
Elke Maravilha na novela Memórias de um Gigolô (Foto: Pesquisa/ACERVO)

Elke Maravilha na novela Memórias de um Gigolô (Foto: Pesquisa/ACERVO)

No cinema, se destacou em produções como Xica da Silva, de 1976; Pixote: A Lei do Mais Fraco, 1981; Meu Passado me condena 2, de 2013; e mais recentemente Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina, lançado em 2016.
Elke Maravilha foi professora, tradutora e intérprete de línguas estrangeiras, incluindo Latim. Foi a mais jovem professora de francês da Aliança Francesa e de inglês na União Cultural Brasil – Estados Unidos. A atriz, que fala oito idiomas – alemão, italiano, espanhol, russo, francês, inglês, grego e latim – também trabalhou como bancária, secretária trilíngue e bibliotecária.
Um dos seus últimos trabalhos na televisão foi uma participação no quadro “O Grande Plano”, do Fantástico, ao lado de Vilma Nascimento, Berta Loranem dezembro de 2015.
Elke Maravilha morreu em 16 de agosto de 2016, aos 71 anos. A atriz estava internada havia quase um mês na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro, após uma cirurgia para tratar uma úlcera.
(Fonte: http://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/16 – TV E FAMOSOS – Do UOL, em São Paulo – 

(Fonte: http://www.uai.com.br/app/noticia – por Ana Clara Brant – 16/08/2016)

(Fonte: http://ego.globo.com/famosos/noticia/2016/08 – FAMOSOS/ Por Laís Gomes e Gabriel Castelo Branco Do EGO, no Rio – 16/08/2016)

Powered by Rock Convert
Share.