Michel Rocard, foi primeiro-ministro de François Mitterrand durante três anos (1988-1991), após a reeleição do presidente socialista para um segundo mandato

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Ex-primeiro ministro e líder socialista

Michel Rocard discursa durante uma cerimônia de encerramento em Paris, em 1994 (Foto: Gerard Fouet / AFP)

Michel Rocard discursa durante uma cerimônia de encerramento em Paris, em 1994 (Foto: Gerard Fouet / AFP)

Ele foi chefe do Executivo entre 1988 a 1991.

Rocard, que exerceu o cargo de chefe do Executivo durante o mandato do presidente François Mitterrand, de 1988 a 1991, liderou durante décadas o ala moderada do Partido Socialista e era considerado um europeísta convicto.

Era considerado da ala à direita do Partido Socialista e se autodenominava um social-democrata do diálogo, que tentava aceitar a realidade econômica, sem desistir dos ideais sociais. Ele fez tentativas malsucedidas de chegar à Presidência, e foi barrado por Mitterrand até ser, segundo seu ponto de vista, “demitido”.

Antes de sua entrada no governo, houve um período chamado de “coabitação” durante o qual Mitterrand, após perder a maioria no Parlamento, precisou nomear um primeiro-ministro da oposição, no caso Jacques Chirac (direita), entre 1986 e 1988.

Antes de ser nomeado premiê, Rocard chefiou dois ministérios – desenvolvimento territorial e planejamento, e agricultura -, entre 1981 e 1985, renunciando depois que Mitterrand introduziu o sistema proporcional para as eleições legislativas.

Ele também foi membro do Parlamento Europeu entre 1994 e 2009.

“Grande personalidade da República”

Entre os feitos notáveis de Rocard estiveram o fim de um levante separatista na Nova Caledônia, território ultramarino francês no Pacífico, e o pagamento da assistência social mínima – RMI – para aliviar a pobreza.

Ao tomar conhecimento de sua morte, o atual presidente, François Hollande, prestou tributo a um homem que foi “uma grande personalidade da República”, encarnando um socialismo que conciliou “utopia e modernidade”.

Embora fosse reconhecido pela inteligência privilegiada e pela honestidade, Rocard nunca desenvolveu a sensibilidade de Mitterrand para a política e os dois eram adversários, embora os dois fossem socialistas. “O profundo desprezo que sinto por sua falta de ética é compatível com a completa admiração que sinto por sua perícia tática”, disse Rocard certa vez referindo-se a Mitterrand.

O ex-premiê socialista francês Michel Rocard | (Foto: Martin Bureau / AFP / CP)

O ex-premiê socialista francês Michel Rocard | (Foto: Martin Bureau / AFP / CP)

Biografia

Nascido em 1930, em Courbevoie (ao oeste de Paris), aliou à militância socialista aos 19 anos, primeiro no Partido Socialista Unificado (PSU) e depois, em 1974, no Partido Socialista. Em maio de 1988, se tornou primeiro-ministro de Mitterrand, com quem manteve épicas divergências por sua visão de esquerda, interpretadas à época como uma concessão à alma mais social-democrata do partido ou, como se chamou na França, “a segunda esquerda”.

Rocard liderou o próprio partido durante alguns meses entre os anos de 93 e 94, quando foi a Bruxelas como eurodeputado no Parlamento Europeu, no qual ficou até 2009.

Ferrenho europeísta, em sua última entrevista, há apenas duas semanas, defendeu o “Brexit” na revista “Le Point”, já que, em sua opinião, a União Europeia (UE) se livraria do freio que o Reino Unido representa para a sua integração.

Além de seus cargos institucionais e orgânicos, Rocard deixou marca com suas teses sobre a necessária modernização da esquerda, aproximando-a ao liberalismo, que criaram uma escola no socialismo francês da qual bebem, por exemplo, o atual presidente, François Hollande, e o atual primeiro-ministro, Manuel Valls.

Seu pai era um físico que ajudou a desenvolver a bomba atômica francesa e atribui-se à sua mãe uma forte influência protestante.

Ainda menino, Rocard, então escoteiro, dava as boas vindas às pessoas que retornavam dos campos de concentração nazistas, antes de trabalhar em uma fábrica por dois anos. “Misture tudo isso e você terá um socialista”, brincou certa vez, e sua formação também alimentou uma forte oposição à guerra colonialista francesa na Argélia.

Acompanhavam suas habilidades acadêmicas a conduta rígida, a aparência distinta a relativamente baixa estatura (1,70 m), o olhar aguçado e a calvície.

Rocard tinha dificuldades em encantar o público ou distribuir tapas nas costas em eventos políticos, sentindo-se mais confortável em ambientes solitários, como os que encontrava quando saía para velejar, esquiar ou explorar regiões do Ártico. No entanto, os franceses se referem ao seu desejo de “falar a verdade” e ele costumava obter bons resultados em pesquisas de opinião.

Rocard casou-se três vezes e foi pai de quatro filhos. Apesar da aparência frágil, especialmente após sofrer uma hemorragia cerebral na Índia em 2007, parece ter ficado mais curioso sobre a vida do que nunca, tornando-se a primeira pessoa com

mais de 80 anos a visitar os dois polos geográficos da Terra.

Michel Rocard morreu em 2 de julho de 2016, aos 85 anos, no Hospital Pitié-Salpétrière, em Paris, de forma repentina, apesar de já estar como uma saúde frágil há algum tempo.

O escritório do presidente François Hollande divulgou um comunicado no Facebook dizendo que “uma grande figura da república e da esquerda acabou de desaparecer”.

Na homenagem, Hollande elogiou o ex-primeiro-ministro por ter se comprometido com “um socialismo que conciliava a utopia e a modernidade”.

(Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/07 – MUNDO – NOTICIA – Das agências internacionais – 02/07/2016)

(Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/Internacional/2016/7/591473 – NOTICIAS – INTERNACIONAL – 02/07/2016)

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